Nesta quarta-feira (20), a Justiça de Barcelona aceitou o pedido de liberdade provisória do ex-jogador brasileiro Daniel Alves, preso por agressão sexual e estupro. Hoje (21), em conversa com o UOL, a advogada Ester Garcia López revelou a reação da vítima à decisão.
No mês passado, Alves foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão pelo caso, que aconteceu em dezembro de 2022. A defesa do jogador, no entanto, recorreu e pediu para que ele pudesse aguardar a deliberação final em liberdade. Segundo documento obtido pelo g1, o atleta pode sair sob fiança de 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,4 milhões na cotação atual), enquanto a aguarda a sentença definitiva.
Ao veículo, Ester expressou indignação com a decisão de conceder liberdade à Daniel Alves mediante fiança. Segundo ela, o parecer da Justiça espanhola foi “um baque” para a vítima, que mantém sua identidade em sigilo desde o início do caso.
López destacou que, em seus 22 anos de profissão, nunca viveu algo parecido. Este foi o sexto pedido de liberdade registrado pela defesa de Daniel e o único aceito pela Justiça de Barcelona.
A profissional relatou que a moça teria confessado ter “revivido” o trauma após a confirmação da possível liberdade do jogador. “Sinto que voltaram a me estuprar. Estou cansada de ser forte, não quero mais ser forte”, disse a mulher à advogada.
Ela afirmou que “nunca viu sua cliente tão mal quanto ontem, desde o começo desse caso”. “A sensação que fica é a de que a justiça tem um preço. A sentença já era injusta, uma vez que nunca vi uma pena tão baixa para um estupro. Nós estamos lutando contra o poder”, lamentou.
Com Daniel em liberdade, a advogada espera que ele fale sobre o caso, o que deve “reativar gatilhos” na vítima. “Ela é revitimizada sempre que sai alguma notícia, e se ele for solto, essa revitimização não vai ter fim. Ela é muito forte. Creio que se fosse outra pessoa, não teria resistido a tudo isso”, observou.
López não compreende a decisão da corte, composta pelas mesmas pessoas que condenaram e negaram qualquer pedido de liberdade à Daniel. “A única diferença de lá para cá é que, entre as negativas e o aceite, ele foi condenado. O risco de fuga persiste. É inexplicável em termos legais”, concluiu. A advogada afirmou que está preparando um recurso em torno da decisão, que será até a próxima segunda-feira (25).
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