Hugo Gloss

Al Pacino revela que quase foi demitido de “O Poderoso Chefão” durante as filmagens, e surpreende ao expor motivo

Al Pacino quase perdeu o papel de Michael Corleone, um dos mais icônicos de sua carreira, durante as filmagens de “O Poderoso Chefão”. Em seu novo livro de memórias, “Sonny Boy”, o ator relembrou os momentos de incerteza que enfrentou logo no início das gravações, quando o estúdio Paramount estava insatisfeito com sua atuação e considerava substituí-lo.

No relato, Pacino explicou que o estúdio nunca quis que ele interpretasse o filho do chefe da máfia, Michael Corleone, e preferia atores como Ryan O’Neal, Robert Redford ou Warren Beatty. No entanto, o diretor Francis Ford Coppola estava determinado a mantê-lo no elenco, acreditando em seu potencial para o papel.

Logo nas primeiras semanas de filmagem, os rumores de que o estúdio planejava demitir Pacino começaram a circular. “O boato se espalhou pelo set de que eu seria dispensado do filme. Você podia sentir essa perda de ritmo quando filmávamos. Havia um desconforto entre as pessoas, até mesmo na equipe, quando eu estava trabalhando. Eu estava muito consciente disso. O que se dizia era que eu seria demitido e, provavelmente, o diretor também. Não que Francis não estivesse dando conta, eu não estava. Mas ele era o responsável por eu estar no filme”, contou o ator no livro.

“O Poderoso Chefão”, de Coppola, foi indicado a dez Oscars e venceu nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado (Coppola e Puzo) e Melhor Ator (Brando). Também é considerado um marco cultural e o segundo melhor filme da história na Lista dos melhores filmes estadunidenses. (Foto: Reprodução/Paramount Pictures)

Coppola, sentindo a tensão do estúdio, convocou Pacino para uma conversa e, de maneira direta, disse ao artista: “Você não está dando conta”. Pacino, após assistir às cenas que já haviam sido filmadas, concordou que seu desempenho não era marcante. “Minha ideia era que esse cara surgiu do nada. Esse era o poder dessa caracterização. Essa era a única maneira de isso funcionar: o surgimento dessa pessoa, a descoberta de sua capacidade e seu potencial”, explicou o ator, que estava intencionalmente subestimando Michael Corleone no início da trama, para mostrar sua transformação gradual.

Para evitar que Pacino fosse demitido, Coppola adiantou uma das cenas mais emblemáticas do filme: o tiroteio no restaurante, onde Michael Corleone mata seus rivais, Sollozzo e o Capitão McCluskey. Essa decisão foi crucial para garantir a permanência do artista no papel. “Por causa daquela cena que acabei de interpretar, eles me mantiveram no filme”, relatou. A gravação da cena, que durou cerca de 15 horas, foi a oportunidade que ele precisava para mostrar sua capacidade e convencer os executivos de Hollywood.

Mesmo com essa reviravolta, a pressão sobre Pacino no set era intensa. Ele contou que, durante uma outra sequência, sofreu uma lesão grave no tornozelo ao tentar pular em um carro em movimento, o que o fez pensar que sua jornada em “O Poderoso Chefão” chegaria ao fim. “Eu tinha torcido meu tornozelo tão feio que não conseguia me mover. Todos na equipe se aglomeraram ao meu redor. Eles estavam tentando me levantar”, escreveu, revelando que, naquele momento, se sentiu aliviado pela possibilidade de ser dispensado do filme. No entanto, essa lesão não resultou em sua demissão.

Foi consagrado por seu papel no filme (Foto: Getty)

“O Poderoso Chefão”, lançado em 1972, foi um sucesso estrondoso e se tornou um dos filmes mais aclamados da história do cinema, consolidando a carreira de Al Pacino como um dos maiores atores de sua geração. Pacino também retornou para as duas sequências da trilogia, em 1974 e 1990.

Apesar do sucesso, ele não assistiu ao filme na estreia, preferindo deixar o cinema assim que as luzes se apagaram. Ele admitiu que só viu o longa pela primeira vez durante a exibição do filme em seu 50º aniversário, em 2022.

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