Após ameaças de morte e ataques, Felipe Neto dá queixa na polícia e anuncia processo contra Silas Malafaia; entenda!

Novos desdobramentos do caso da Bienal. Após ter sofrido várias ameaças de morte e ataques, Felipe Neto entrará com uma ação contra o pastor Silas Malafaia. A informação foi divulgada neste sábado (21), pelo colunista do “O Globo” Ancelmo Gois, e endossada pelo youtuber.

Pelas redes sociais, Felipe comentou o caso e confirmou que entrará com uma ação judicial contra o pastor. Segundo ele, o religioso terá de “responder na justiça”, devido às alegações e até publicações que fez sobre a recente atitude do influenciador. “Estamos dando entrada com processo criminal contra Silas Malafaia, após este ter dito que sou ‘bandido’ e dito: ‘bota este canalha na cadeia’, além de vários outros absurdos”, escreveu ele.

https://twitter.com/felipeneto/status/1175445670683127808?s=20

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Em resposta, Malafaia se irritou e teceu críticas à notícia dada pelo O Globo. Ele também chamou o colunista de “medíocre a serviço do lixo moral”. “Quem você está defendendo é que está sendo processado por mim por calúnia e difamação por me ofender citando o meu nome”, esbravejou o pastor. Confira:

Não é de hoje que os dois se desentendem. Em agosto, Felipe havia dado mais detalhes sobre o processo iniciado por Malafaia, e dessas tais acusações de calúnia e difamação. “Malafaia está me processando criminalmente, buscando minha condenação à prisão, simplesmente por eu ter acabado com seu esquema de boicotes à empresas que apoiam causas LGBT”, disse ele. Olha só:

https://twitter.com/felipeneto/status/1158218783573585925?s=20

Nesta quinta (19), a Câmara dos Deputados anunciou também que Felipe receberá a Medalha de Mérito Legislativo da Casa – mais alta e importante condecoração oferecida pelo órgão. Ele será o primeiro influencer a receber tal homenagem, por conta de sua atitude em prol da diversidade. “Ação de coragem e posição de liderança num cenário conturbado e marcado por tentativa de calar a diversidade com base em censura deve ser reconhecida e aplaudida”, disse o ofício sobre a honraria.

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Em contraste a isso, ainda na última semana, Felipe revelou que estava sofrendo ameaças de morte, desde o ocorrido da Bienal. “Minha mãe teve que sair do Brasil, ficar longe de mim, devido a ameaças de morte direcionadas a mim e a ela”, compartilhou ele. Com ataques intensificados, ele registrou queixa na polícia na quinta-feira.

“Protocolamos hoje a notícia-crime na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática referente a ameaças de morte que foram recebidas”, contou o youtuber. Confira:

https://twitter.com/felipeneto/status/1174763347268571145?s=20

https://twitter.com/felipeneto/status/1173740099365953536?s=20

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Em nota, ao cancelar presença em uma palestra para evitar exposições públicas, Neto pediu desculpas pelo ausência e lamentou o atual cenário do país. “É estarrecedor que no Brasil, em 2019, um indivíduo seja impossibilitado de se manifestar e lutar contra qualquer tipo de censura e opressão sem ser ameaçado”, desabafou.

Relembre o caso

A Bienal do Rio de Janeiro esteve no centro das atenções no início do mês, quando o prefeito carioca Marcelo Crivella publicou um vídeo em suas redes sociais, divulgando uma determinação de que a feira deveria recolher todos os exemplares da HQ “Vingadores: A Cruzada das Crianças” por ter “conteúdo sexual para menores”.

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O conteúdo a que ele se referiu trata-se de um beijo entre dois personagens homens representado no miolo do quadrinho, de 264 páginas, que não é indicado a todos os públicos, como o prefeito fez acreditar. De acordo com a classificação indicativa da Marvel nos Estados Unidos, a HQ só pode ser lida a partir dos 13 anos. A edição é escrita pelo norte-americano Allan Heinberg e ilustrada pelo britânico Jim Cheung.

A prefeitura alegou que não se trataria de homofobia, mas sim do respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que recomenda que “publicações com cenas impróprias a crianças e adolescentes sejam comercializadas com lacre”. Entretanto, especialistas no estatuto apontaram ao UOL que o conteúdo não é considerado impróprio ou pornográfico. “Uma cena de beijo entre adolescente ou adultos, entre héteros ou homossexuais, não configura ato sexual ou pornográfico e não se enquadraria nesses crimes dispostos no ECA”, afirmou Ariel de Castro Alves, advogado e ex-conselheiro do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e conselheiro do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos Humanos de São Paulo).

Beijo entre os personagens no miolo da HQ dos Vingadores (Foto: Reprodução/TV Globo)

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Neste contexto, Felipe Neto decidiu distribuir gratuitamente 14 mil livros com temática LGBT durante o evento. As obras foram entregues dentro de um saco preto com o aviso “Esse livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas”. A ação esgotou o estoque de produções desse tema na Bienal. Entre os títulos estavam “Arrase!”, de RuPaul; “Boy Erased”, de Garrard Conley; “Dois Garotos se Beijando”, de David Levithan; e “Ninguém Nasce Herói” de Eric Novello.

Após idas e vindas no processo judicial, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, suspendeu a liminar emitida pelo TJ-RJ que permitia a apreensão dos livros. A decisão atendeu a um pedido da então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que argumentou que a determinação do desembargador Cláudio de Mello Tavares “feria frontalmente a igualdade, a liberdade de expressão artística e o direito à informação”, contidos na Constituição. Dodge ainda disse que houve uma “censura genérica”.