Nesse domingo (27), uma entrevista de Fernanda Gentil para a colunista Monica Bergamo, da Folha, causou um alvoroço e deixou muitos internautas decepcionados. Durante a conversa, a jornalista global afirmou respeitar “quem acha um crime o beijo gay” e “quem infelizmente é racista”.
“Respeito quem acha um crime ter o beijo gay. Agora, não vai bater em quem beija, entendeu? [Respeito] quem infelizmente é racista. Agora, vai discriminar, bater, matar porque é de outra cor? Aí não”, declarou Gentil, enquanto falava sobre tolerância.
Ao abordar o tema do racismo, Fernanda disse achar uma perda de tempo julgar alguém pela cor da pele. “Isso te consome. Você poderia voltar esse ódio, essa energia, para uma coisa tão boa. Vai ajudar alguém. Vai criar uma criança, ensinar alguma coisa a alguém, sei lá”, completou.
Entretanto, ela pontuou que “não quer forçar ninguém a nada”. “Quero falar com as pessoas. Quero incluir. Seja porque é mãe, seja porque é casada com mulher, seja porque tem filho pequeno. Ou porque trabalha, tem filho pequeno e é casada com mulher. Sabe? Eu sou essa. Você se identifica em algum momento? Então ‘va’mbora’. Vem junto”, afirmou.
Ao falar sobre seu filho, Gabriel, de quatro anos, a apresentadora do “Se Joga” revelou que quer conduzir a sexualidade dele com naturalidade. “Eu também não vou botar meu filho [vestido] de rosa só pra mostrar que eu sou ‘modernosa’ e que eu estou nessa bandeira. Não vou botar um filme gay pra ele ver e dizer: ‘Olha aqui, ó’. Ele vai vestir porque gosta. Vai amar alguém porque ama, porque tem uma essência parecida. Depois, por fora, ele vai ver qual é a dele, se é a mulher ou se é o homem”, contou, completando que não torce para ter um filho gay “porque o Brasil não é um ambiente 100% seguro”.
Pelas redes sociais, o posicionamento da jornalista foi extremamente criticado. “Fernanda Gentil mais uma vez fazendo um grande desserviço para a comunidade LGBT. Ela deveria ter no mínimo de consciência e empatia com a comunidade. Prefere se manter isenta mesmo tento pessoas morrendo literalmente por ser quem é”, acusou uma internauta.
Fernanda Gentil mais uma vez fazendo um grande desserviço para a comunidade LGBT ela deveria ter no mínimo de consciência e empatia com a comunidade. Prefere se manter isenta mesmo tento pessoas morrendo literalmente por ser quem é. pic.twitter.com/9i8NU65lfW
— Dany 🌈 (@_danymoreira) October 27, 2019
“O problema da entrevista não é nem esse título tendencioso da matéria, mas sim ela dizer que respeita todas as opiniões ‘inclusive de quem infelizmente é racista’ logo depois vem dizer que seu partido é o Brasil. PUTZ FERNANDA ESPERAVA MAIS DE VOCÊ”, completou outra.
o problema da entrevista não é nem esse título tendencioso da matéria mas sim ela dizer que respeita todas as opiniões “inclusive de quem infelizmente é racista” logo depois vem dizer que seu partido é o brasil PUTZ FERNANDA ESPERAVA MAIS DE VOCÊ https://t.co/VJAcMRIHRF
— Gui (@Aguinaldinho) 27 de outubro de 2019
Durante boa parte do domingo (27), o nome de Fernanda esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter. Diante da repercussão, a apresentadora publicou no final da noite, em sua conta no Instagram, um longo desabafo alegando que suas falas teriam sido tiradas de contexto. “O que aconteceu foi que eu falei por duas horas na entrevista, um papo bem sincero e legal, mas ele só cabe em uma página. Então frases, vírgulas e pontos são cortados, é normal. Uma ponta cola na outra e cria-se um novo contexto. E nesse novo contexto eu virei a dona de uma ideologia absurda”, afirmou.
Em seu desabafo, Fernanda relembrou o dia em que revelou seu namoro com a atual esposa, Priscila Montandon, e o impacto que isso teria provocado nas pessoas. “Mas o que importa é que lá, depois do rio, descendo a ladeira, na esquina da fazenda, no meio da ruela, dentro da comunidade, alguém viu a minha decisão. E leu a minha declaração inteira, sem corte, de que eu estava ‘apenas exercendo o meu direito de ser feliz’. Naquele momento, imediatamente, um coração foi aquecido, eu tenho certeza”, recordou ela.
https://www.instagram.com/p/B1_OzmVgN85/
“Uma pessoa desistiu de se matar. Um pai ligou para um filho pedindo desculpas. Uma filha assumiu pra mãe o amor pela amiga. Eu tenho certeza disso porque recebo histórias assim TODOS OS DIAS desde aquele 30 de setembro de 2016. Só pra esclarecer: essa não é a principal questão da minha vida não, tá? Longe disso. Inclusive algumas pessoas devem achar que deveria ser. Outras, não. Uns acham que eu tinha que ir na parada gay, outros não. Tem gente que acha que pai e mãe têm que aceitar de primeira e a qualquer custo, outros não. Alguns acham que a solução é sufocar o sentimento, muitos não. Alguns acham que se se assumir vai perder emprego, outros não. Enfim… uma infinidade de opiniões diferentes dentro de um mesmo assunto que gera debate, como qualquer outro assunto nessa vida. E são essas opiniões que eu respeito! Não existe respeitar a homofobia. O racismo. A gordofobia. E nenhuma outra fobia. Esses “ismos” e “fobias” pra mim são, antes de mais nada, aversão à gente. E o lema do que eu fiz de mais importante nessa vida é justamente ‘muita gente precisa da gente'”, argumentou.
A apresentadora ainda acrescentou: “O que eu respeito são as diferentes nuances de um assunto, até porque eu também tenho as minhas, e são diferentes de um monte de gente, e exijo respeito. Respeito o debate, por exemplo, sobre a bandeira – talvez eu levante menos bandeira do que uns gostariam, e muito mais do que imaginariam”.
Por fim, Fernanda mandou um recado para todos que repercutiram sua entrevista: “Pra quem me atacou, concordo com você. Eu também não me vi naquele lugar. Mas tá explicado. Pra quem concordou com o que deu a entender por aquela frase, desculpa, mas nós não temos nada a ver. Esse é o lado ruim da força. Eu sou do lado bem oposto a ele”.
Confira o relato dela na íntegra:
https://www.instagram.com/p/B4JPr81ghYv/