Atriz que teve danos cerebrais após comer um pretzel nos EUA recebe indenização de R$168 milhões; saiba detalhes

A atriz e modelo Chantel Giacalone, conhecida por seu papel na franquia “Efeito Borboleta”, recebeu na última sexta-feira (9) uma indenização no valor de US$ 29,5 milhões (cerca de R$168 milhões), oito anos depois de sofrer uma grave lesão cerebral, desencadeada por uma reação alérgica ao comer um pretzel de manteiga de amendoim.

Segundo o Las Vegas Review-Journal, a decisão se deu depois que o júri do processo civil movido pela família de Chantel em Nevada, Las Vegas, concordou que a empresa de ambulâncias MedicWest foi negligente ao tratá-la em fevereiro de 2013. “Pelo menos minha filha vai ser cuidada. Estou feliz com isso”, disse Jack Giacalone, pai da jovem, sobre o caso. “Não estou feliz com toda a angústia que passamos nos últimos oito anos”, lamentou.

A tragédia aconteceu no centro de convenções Mandalay Bay South, onde Giacalone estava trabalhando como modelo na época. A atriz, então com 27 anos, mordeu um pequeno pretzel dado a ela por um amigo, que, infelizmente, continha manteiga de amendoim, substância à qual Chantel é alérgica.

Na sequência, a jovem entrou em choque anafilático, também conhecido como anafilaxia, uma reação alérgica grave que surge poucos segundos ou minutos após se estar em contato com uma substância à que se tem alergia. A condição pode levar a uma variedade de sintomas, sendo o mais crítico um estreitamento das vias aéreas, causando dificuldade para respirar.

Como tratamento, os pacientes normalmente recebem adrenalina (também conhecida como epinefrina), usado para ataques graves de asma. Se a condição não for tratada imediatamente, pode ser fatal – no caso de Chantel, a reação fez com que ela perdesse a fala e todos os movimentos de seu corpo. Hoje em dia, ela é tetraplégica e precisa de cuidados ininterruptos dos pais, Jack e Deborah. A ex-modelo só pode se comunicar com os olhos.

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Christian Morris, advogado da família, revelou que o cérebro da atriz ficou sem oxigênio por vários minutos após procurar tratamento com a equipe da MedicWest, que tinha uma ambulância estacionada no centro de convenções. Segundo a Associated Press, Morris argumentou durante o julgamento que nenhum dos médicos tinha epinefrina intravenosa, único medicamento que surte efeito quanto o paciente já está em choque, como era o caso de Chantel.

A substância é exigida em todas as clínicas, hospitais e unidades de saúde pelo Southern Nevada Health District, organização que comanda o departamento de saúde do condado de Nevada, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Os médicos, no entanto, aplicaram adrenalina intramuscular, que não resolveu o problema.

Durante o julgamento, a MedicWest negou negligência e argumentou que o episódio era inevitável devido à gravidade da alergia de Giacalone a amendoim. Os médicos também testemunharam que a jovem continuou respirando enquanto estava sob os cuidados deles, mas o júri decidiu a favor da modelo.

Os pais de Chantel revelaram ao jornal que pretendem doar uma parte do dinheiro para organizações que beneficiam pessoas com lesões cerebrais. Eles também planejam comprar uma nova casa, com mais espaço para ajudá-los a cuidar da filha. “Não quero que ela vá a nenhum outro lugar. Eu a amo e ela me ama”, disse Deborah. “É muito difícil cuidar dela, mas eu não faria de outra maneira”, finalizou.