Justiça interrompe venda de tênis “satânico” criado por Lil Nas X com gota de sangue humano; entenda o caso

Eita! Um juiz dos Estados Unidos decidiu, nesta quinta-feira (1), paralisar a comercialização do tênis Air Max 97 com temática satânica, lançada pelo cantor Lil Nas X. A Nike, marca responsável pelo tênis original, entrou com uma ação contra a MSCHF, coletivo de arte de Nova York por trás da customização do sapato, segundo o The Hollywood Reporter.

Tudo começou após o rapper lançar, na última sexta-feira, o clipe de “Montero (Call Me By Your Name)”. Como uma ação de divulgação do vídeo, Lil Nas fez uma colaboração com o estúdio para colocar no mercado uma adaptação do tênis Air Max 97, todo repaginado com decorações satânicas, como um pentagrama, uma cruz invertida e até gotas de sangue humano na sola — que, de acordo com o fabricante, foram doadas pelos funcionários.

No videoclipe, o rapper desce do céu até o inferno em um poste de stripper, e depois faz uma dança sensual no colo do diabo. O tênis modificado faz referência à passagem bíblica Lucas 10:18: “Então ele lhes disse: ‘Vi Satanás cair do céu como um raio’“.

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Percebendo que a imagem da marca estava sendo atrelada ao produto, a Nike resolveu processar o estúdio responsável pelo tênis, exigindo uma ordem de restrição e uma liminar. Os advogados da MSCHF alegaram que os 666 pares de sapatos “não são tênis típicos, mas sim obras de arte numeradas individualmente que foram vendidas para colecionadores por $1.018 cada“, o que representa aproximadamente R$ 5.799.

A MSCHF afirmou ainda que, assim como sua edição anterior com a temática Jesus, essa será exibida em galerias de arte e até em museus. Já os advogados da Nike disseram em uma reunião nesta quinta-feira (1), que eles entregaram “provas de que até os admiradores de tênis mais sofisticados ficaram confusos… entregamos diversas evidências de que alguns consumidores estão dizendo que nunca mais comprarão tênis da Nike“.

Lil Nas X causou polêmica ao lançar versão satânica de tênis da Nike. (Foto: Reprodução/ MSCHF)

Não existe uma linha clara, mas quanto mais famosa for a marca — e acreditamos que o [símbolo] da Nike é uma das marcas mais famosas de todos os tempos — mais proteção a ela é oferecida“, alegou Kyle Schneider, advogado da empresa de tênis. A marca pontuou que, mesmo sendo uma expressão artística, os tênis renderam protestos religiosos e expuseram a Nike a possível boicotes.

Por outro lado, os advogados da MSCHF dizem que a famosa marca não está envolvida. “Não há declarações de que a Nike esteja afiliada. Não existe base para um recall. Eles não estão fazendo isso por dinheiro. É sobre a mensagem“, afirmaram.

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O juiz entendeu que a Nike apresentou um caso convincente e concedeu uma ordem de restrição. Ele ainda marcou uma audiência para considerar uma liminar mais duradoura. Por enquanto, os tênis que ainda não foram despachados, não podem ser vendidos. A decisão não deve ter muito impacto, considerando que o produto esgotou pouco tempo depois de seu lançamento.

Lil Nas X se manifestou sobre a polêmica, compartilhando no Twitter um vídeo de um pastor em uma igreja lotada, criticando o tênis lançado por ele. “Estamos em uma pandemia e estão acontecendo tiroteios em massa toda semana, mas vocês estão se reunindo na igreja pra discutir sobre sapatos“, escreveu ele.