Natacha Horana, bailarina do ‘Faustão’, chora ao relembrar prisão, nega acusações da polícia de SC e denuncia abuso: ‘Meu pescoço está roxo’; Assista

Após ser presa por desacato a guardas municipais e agressão na madrugada de segunda-feira (20), a bailarina do “Domingão do Faustão” Natacha Horana concedeu uma entrevista a Leo Dias, do jornal “Metrópoles”, para contar a sua versão da história. De acordo com a dançarina, ela não teria feito nenhuma das coisas das quais foi acusada. Natacha ainda lamentou a brutalidade policial e afirmou que vai processar o Governo do Estado de Santa Catarina

Abalada, a bailarina já começou a conversa com a voz trêmula de choro. “Eu nem sei se vou conseguir conversar porque eu não paro de me tremer, não paro de chorar. Toda vez que recebo uma mensagem ou um vídeo, eu me acabo de chorar. Estou muito nervosa com tudo isso que aconteceu. Nunca imaginei em passar por uma coisa dessas”, explicou. Ela, então, descreveu os acontecimentos daquela noite.

Natacha disse que não sabia como a polícia tinha parado no apartamento e contou que havia no máximo oito pessoas na casa. “Entrou a guarda, fiquei assustada. Estava no meu quarto, não estava tendo festa”, garantiu. “Eu fui almoçar com meus amigos, fui pra casa, chamei uma amiga pra ir lá. A gente estava conversando, eu estava cansada. Eu estava no meu quarto, tinha voo cedo”, explicou.

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Foi aí que ela ouviu uma movimentação diferente na sala. “Comecei a escutar uma confusão, uma barulheira e começou a bater muito forte no quarto. Falei: ‘Gente, o que está acontecendo?’. Começaram a bater muito, de chute. Eles arrombaram a porta. Eu, assustada, morrendo de medo. Vi um cara filmando que nem é policial. Nem tinha mandado para entrar lá. Cadê o mandado? O que eles alegaram para entrar em uma casa com outra pessoa que nem é policial filmando tudo. E se eu estivesse pelada dentro do quarto?”, questionou, indignada.

Leo Dias questionou se Natacha não havia participado da reunião que foi classificada como festa pela polícia. “Eu estava no quarto, às vezes ia na cozinha, conversava com minha amiga. Mas eu estava no quarto, estava cansada”, declarou. Assim que foi abordada pelo guardas, ela contou que decidiu gravar a cena. “Fiquei assustada. ‘Gente, o que está acontecendo?’ ‘Tem um mandado de prisão para você’. ‘ O que que eu fiz?’. Eu não estava entendendo nada”, refletiu.

A dançarina afirmou que a polícia não teria um mandado de prisão. “Graças a Deus que filmei tudo. A brutalidade policial, mais uma vez, no Brasil. Qual o motivo deles ali? Por que eu? Se tinha 10, se tinha 20, como eles falaram, por que só eu fui para a delegacia? Em nenhum momento eu agredi”, garantiu, falando que todas as acusações declaradas no boletim de ocorrência da polícia seriam falsas.

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“Nem verbalmente eu agredi. Toda a calma possível. Eu falei: ‘Gente, o que está acontecendo? Vocês não podem encostar em mim’. Aí o guarda: ‘Você acha que a gente não pode? Você quer ver se a gente não pode?’. Toda hora abusando da autoridade. Nenhum momento ele falou para mim o que estava acontecendo. Já chegaram com um mandado de prisão”, descreveu.

“Gente, o que eu fiz? Nem um cachorro se trata assim como eles me trataram. Nem um cachorro se joga no camburão sem eu ter feito crime algum. Isso está injusto, é uma injustiça. Por quê? Só porque eu estava em um apartamento? Só porque eu sou branca e loira ninguém vai ficar do meu lado? Inclusive, o delegado, quando cheguei lá, ele falou: ‘Ah, essa patricinha’”, relembrou ela, caindo no choro.

Assim como no apartamento, Natacha disse que também foi maltratada quando chegou à delegacia. “O delegado me tratou igual a um animal. Me deixou em um lugar escuro, algemada. Falei: ‘Por favor, posso tirar a algema?’. Ele: ‘É, você tá se achando, sua patricinha. Você tá me tirando. Quem você pensa que é?’. Falei que não pensava ser ninguém. Eles entraram no apartamento sem mandado sem nada. Pode isso? Claro que não pode. É um abuso de autoridade”, acusou ela.

“Não podia nem falar com ele. Ele não deixava nem eu falar. Se eu abrisse a boca, ele já dizia: ‘Essa patricinha tá me tirando. Ela tá pensando que é quem?’. Se eu fosse falar alguma coisa, nem sei o que ele iria fazer comigo”, refletiu a dançarina, que afirmou não ter precisado pagar fiança. Ela apenas precisou esperar o preenchimento do BO.

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Horana disse que achava estranho só ela ter sido levada para a delegacia. “Eu nem sei o que vou fazer depois disso. Não tenho condições psicológicas. Vejo um monte de gente me xingando nas redes sociais… por quê? Eu não estava em festa nenhuma. Estava apenas no meu apartamento, dentro do meu quarto. Por que estou saindo tão discriminada? Mulheres falando. Cadê uma mulher defendendo a outra? Não tem. Estou sendo julgada, bombardeada de coisas. E os policiais, sem motivo, com brutalidade, com força. Em nenhum momento eu agredi, briguei. Por quê algemada?”, desabafou.

A dançarina disse que já tem um advogado para ajudar no caso e revelou que pretende processar o Governo do Estado de Santa Catarina. “Com certeza. Isso está errado. O guarda me enforcou. Em nenhum momento eu poderia estar ali naquela situação. Eu só estava segurando meu celular. Eu estava muito assustada”, ponderou.

Por fim, ela reforçou que não teria feito nada errado e que, inclusive, saiu machucada devido à força policial. “Não houve desacato, não houve agressão [da minha parte]. Estou toda roxa. Tenho marcas dele. Meu pescoço está roxo. Ele agiu de má-fé. E se ele tivesse me sufocado e eu estivesse morta? Aí ninguém iria falar nada. Será que alguém iria falar alguma coisa? Por que o policial fez isso? Qual o motivo?”, questionou, por fim. Assista:

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Procurada pela coluna do Leo Dias, a Prefeitura de Balneário Camboriú, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que a guarda municipal foi chamada pela Polícia Militar para dar auxílio após uma denúncia de uma festa proibida na noite de domingo (19/7).

Segundo a assessoria, Natacha teria se excedido bastante, agredindo um dos funcionários que fazia a filmagem da abordagem e dificultado o trabalho da guarda municipal. A prefeitura ainda destacou que festas e eventos estão proibidos em Santa Catarina desde março para evitar aglomerações de pessoas e conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. Até esse domingo, Balneário Camboriú tinha 3,1 mil casos e 30 mortes por Covid-19.