Ontem (29), o público foi pego de surpresa com uma entrevista bastante sincera de Reynaldo Gianecchini para a Revista Ela, do jornal O Globo. Na publicação, o Régis de “A Dona do Pedaço” falou sobre sua sexualidade, afirmando que “não cabe em uma gaveta”, garantiu que foi “casado pra caramba” com Marília Gabriela e discutiu a mudança do estereótipo de galã com a idade. No entanto, um trecho que chamou muito a atenção das redes sociais foi aquele em que ele defende o ator José Mayer, acusado de assédio sexual por uma assistente de figurino da Globo.
A denúncia, que tomou conta da mídia na época, veio de uma situação ocorrida durante a novela “A Lei do Amor”, de 2016. Giane era protagonista na atração. Ao veículo, ele declarou: “Acho que foi injusta essa história. Eu estava na novela junto com o Zé e duvido que ele tenha sido agressivo, passando do ponto no assédio. Há diferenças entre assédio e cantadas. Hoje enxergo uma comoção que não contribui para a verdade. A luta pelos direitos das mulheres às vezes atropela. Eu fiquei bastante comovido. O Zé Mayer é um puta artista e foi massacrado, sumiu, fechou-se em casa, não quer fazer nada. Houve um exagero com ele”.
Além disso, o ator foi indagado pela reportagem sobre o “machismo tóxico” e como se livrar disso em um país com tantos feminicídios. De acordo com Giane, tanto homens quanto mulheres precisam rever seus papéis. “Tem mulher que se diz feminista e quer muito o poder, quer ocupar, com razão, o lugar que lhe negaram. Só que acaba adotando o masculino distorcido, o lado ruim do homem, da agressividade. Eu sou um homem feminista porque reconheço que é preciso ter igualdade de oportunidade para ontem. Mas, além de homem perdido, tem muita mulher perdida também. Tem feminista que ainda quer que o homem seja o provedor, o romântico que a trata como mulherzinha”, afirmou.
Na internet, tais declarações não pegaram bem. Apesar de muitas pessoas compartilharem a entrevista e exaltarem a parte em que Reynaldo fala sobre sua sexualidade, a parte em que ele defende Zé Mayer logo começou a chamar atenção também.
https://twitter.com/letrapreta/status/1178321695951740928
https://twitter.com/letrapreta/status/1178323611230310400
Tanta coisa pra falar sobre feminicidio e masculinadade tóxica ele vai falar que nós estamos perdidas e agimos como homens? Cala a boca, Edu!
— kara (@karaqueisso) September 30, 2019
Gianechinni, na mesma entrevista que saiu hoje, defendendo o Ze Mayer e dizendo que “a luta pelo direito das mulheres as vezes atropela” 🙄🙄🙄 pic.twitter.com/FaKayaTOPs
— Gustavo Zago 🤡 (@gustavozago) September 29, 2019
Defendeu Zé Mayer. Duvida da vítima porque né, são parças.
Disse que a luta pelo direito das mulheres "às vezes atropela".
Gianecchini surpreende o total de zero pessoas..https://t.co/ZLotm0yRzW— Rita Lisauskas (@RitaLisauskas) September 29, 2019
Trechos poucos comentados na entrevista de Giannechini, que me enojaram: “tem feminista que ainda quer que o homem seja o provedor, o romântico que a trata como mulherzinha”.
“a luta pelos direitos das mulheres às vezes atropela(…)O Zé Mayer é um puta artista e foi massacrado”
— Amanda Celio (@amanda_celio) September 29, 2019
https://twitter.com/amanda_celio/status/1178342008160694273
https://twitter.com/JuliaNuzzi/status/1178348588629409793
Gianecchini passou pano pro Zé Mayer e pro Sri Prem Baba na mesma entrevista, só pra avisar
— BIA🇵🇸 (@biabionica) September 29, 2019
Como contamos anteriormente, Reynaldo Gianecchini resolveu se abrir sobre vários detalhes de sua vida, e falou da pressão que sofre do público para isto: “Me cobram muito: ‘quando é que você vai sair do armário?’. Primeiro, quero falar para essas pessoas: antes de você achar tão interessante a sexualidade dos outros, dá uma olhadinha na sua. Talvez ela tenha mais nuances do que você pensa”, alertou ele.
“Eu reconheço todas as partes dentro de mim: o homem, a mulher, o gay, o hétero, o bissexual, a criança e o velho. Como dentro de todo mundo. As pessoas são levianas”, acusou Gianecchini. E acrescentou: “Querem te encaixar numa gaveta, mas eu não consigo, porque a sexualidade é o canal da vida e a minha sexualidade não cabe numa gaveta. Nossas questões e tabus passam por esse canal. Não é à toa que cada um tem seus fetiches, suas particularidades.”
O ator prosseguiu, explicando a importância da privacidade para ele. “Não tenho vontade de falar com quem estou transando, não preciso falar. Prezo minha liberdade de não citar nomes e proteger minha privacidade”, afirmou. Apesar disso, ele confirmou, ao Globo, que “teve, sim, romances com homens”.
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Ele ainda revelou por que não havia falado sobre o assunto antes. “A sexualidade é muito mais ampla. Acho que é esse o momento de dizer isso. Mas nunca me senti obrigado a empunhar bandeira de homossexualidade. O desejo para mim não passa pelo gênero e nem pela idade. Demorei para falar porque isso esbarra sempre no tamanho do preconceito no Brasil. Mas agora é importante reafirmar a liberdade, por mim e por quem enfrenta repressão”, refletiu.
Os comentários sobre sua sexualidade são antigos e, inclusive, influenciaram o relacionamento que ele teve com Marília Gabriela entre 1999 e 2006. Na época, as pessoas especulavam se o casamento não seria “fachada”. “Eu era casado pra caramba, nunca vi um casamento tão inteiro, a gente vivia realmente uma história a dois de verdade. E já falavam coisas”, esclareceu Gianecchini.
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Aos 46 anos, o ator ainda comentou a evolução de seu status de galã com o passar do tempo. “Qualquer estereótipo é limitador. Há galãs menosprezados. Encaixei nesse lugar do bonitão bambambã. Mas não sou só isso”, afirmou ele, acrescentando que envelhecer é interessante. “Olho no espelho e falo ‘caramba, tá mudando, né?’ Tá cheio de vinquinhos mais fortes. O trabalho de ator aparece mais quando passa o frescor da beleza.”