Anitta abordou sobre sua orientação sexual, carreira e o lado mais íntimo de Larissa de Macedo Machado, seu nome de batismo, em entrevista à InStyle nesta quinta-feira (14). A cantora analisou a dualidade em sua personalidade e explicou que frequenta a terapia para lidar com isso. Ela ressaltou que dar continuidade ao alter ego criado para ser a artista que é hoje a impede de realizar alguns planos, como construir uma família. No papo, a voz de “Funk Rave” ainda teve espaço para desabafar sobre as críticas sobre seus relacionamentos e a bissexualidade.
Vivendo em uma dicotomia entre Larissa e Anitta, a carioca disse que “talvez” se livre da personalidade que a tornou uma estrela, imaginando que possa caminhar para algo “um pouco menos explosivo e um pouco menos chato” quando se trata da música. “Porque eu acho que Anitta é uma grande v*dia”, disse, rindo. Mas ao deixar a descontração de lado, ela revelou o que gostaria de ter e ainda não conseguiu, se tornando um ponto de frustração. “No momento eu quero ter família e outras coisas, mas esse personagem não deixa”, admitiu.
A coragem de Anitta
Sentir que seus objetivos profissionais e pessoais não estão em sincronia poderia ser uma experiência difícil, mas a carioca explicou que talvez se seu lado artista desacelerar, “Larissa possa ter um pouco de vida pessoal”. Larissa X Anitta foi um tema recorrente na entrevista, incluindo as diferenças entre elas até na hora de aprender. Enquanto a artista explanou como se tornou poliglota e foi aprimorando os sotaques ficando com alguns caras, Larissa fez tudo do “jeito chato” com professores. “Não que eu não tenha transado com caras dessas línguas e talvez tenha praticado”, afirmou.
Conforme sua popularidade foi crescendo, ela precisou se desafiar para navegar entre as duas personalidades. “Faço muita terapia”, contou. Se hoje Anitta fala abertamente sobre diversos assuntos, Larissa já chegou a “julgar” a personagem criada para o público. “É como dois humanos diferentes em um só corpo”, pontuou.
Bissexualidade em xeque
Por anos, ela usou Anitta como escudo para seus traumas. Na série “Anitta: Made in Honório”, a brasileira revelou que foi abusada sexualmente aos 15 anos por um namorado. “Eu transformei o que aconteceu em algo que me ajudou a chegar ao topo, em um lugar melhor”, comentou, chorando. Foi nesse momento que nasceu seu alter ego. “Anitta faz tudo e fala tudo, não tem medo de ninguém, transa com todo mundo e sexo é tudo para ela”, narrou. “Eu só pensei que se minha personalidade fosse assim, talvez [um abuso sexual] não acontecesse comigo, porque eu teria tanta atitude que ninguém teria coragem de me ferrar”, completou.
Anitta também deu autoridade para ela abordar outros temas, como suas intervenções cirúrgicas e a orientação sexual. Em 2018, na série “Vai, Anitta”, da Netflix, a cantora abriu sua intimidade e comentou sobre ser bissexual. “A razão pela qual abri sobre isso é porque aqui no Brasil havia muitas críticas e muitos tabus sobre isso”, esclareceu. Há alguns anos, ela estava bêbada e beijou uma mulher na frente de todo mundo. “Foi um trabalho inteiro para a minha segurança ir até lá, pedir para [as pessoas] apagarem a foto, porque elas diriam que eu tinha beijado a garota e eu perderia os negócios da marca e tudo mais”, contou.
No entanto, independente do alter ego, ela queria contar para todos sobre sua sexualidade. “Mesmo Larissa ou Anitta, ambas não são hipócritas. Isso é algo que eu não sou, em ambos os personagens”, afirmou. Anitta ainda abordou as críticas de que seria ‘bissexual de balada’, termo pejorativo para uma bissexual que nunca teve um namoro com alguém do mesmo sexo. “Algumas pessoas dizem que eu sou uma ‘falsa-bi’ porque eu nunca namorei uma mulher por um longo prazo. Mas vamos lá, mesmo meus relacionamentos com homens não duram mais de três meses”, observou.
Amizade com Gisele Bündchen
Presença constante no MET Gala, ela contou que acabou ficando mais próxima de Gisele Bündchen no evento deste ano. “Este ano éramos só eu e Gisele do Brasil”, disse sobre a lista de convidados. “Conseguimos passar mais tempo juntas, nos conhecer melhor e passamos a noite inteira juntas. Saímos para o after, viramos melhores amigas”, revelou. “Eu já a conhecia, mas não muito bem. E acho que quando você vê outros brasileiros, você meio que se conecta”, destacou.
Volta por cima
Na intenção de levar o funk para o mundo, a vencedora do “Melhor Videoclipe Latino” do VMA reviveu um momento delicado sobre sua saúde. Passeando entre “Funk Rave”, “Casi Casi” e “Used To Be”, ela explicou que a última canção surgiu de algo muito sério. No final de 2022, a artista enfrentou problemas de saúde. “Tive problemas nos pulmões, tive um câncer. Passei meses no hospital. Ninguém conseguia descobrir o que eu tinha”, relembrou. Anitta iniciou uma jornada de tratamento espiritual após um xamã ser recomendado. “Voltei completamente mudada”, contou. Quando os médicos fizeram exames, ela estava inexplicavelmente curada.
A situação mudou seu estado mental, e ela não queria mais se permitir sofrer. “Used To Be” se tornou uma jeito de refletir sobre altos e baixos em suas emoções de um jeito atrevido. As três canções abordadas no papo com a revista fazem parte do projeto “Funk Generation: A Favela Love Story”. O objetivo principal é continuar espalhando o funk carioca pelo mundo. Anitta quer fazer parte da história sobre o futuro do gênero.
Para o seu próximo projeto, ela tem duas colaborações interessantes em andamento. Em “Where I Want To Be”, a poderosa vai trabalhar com Sam Smith. O clipe da música, que é sobre um “relacionamento divertido e descontraído“, foi filmado nas ruas do Brasil durante o Carnaval. O outro feat é com Chlöe Bailey na canção “A Girl Like Me”. “Ela é uma das minhas maiores amigas nos EUA, e nós fizemos [a música] porque eu [penso] nela como uma irmã”, concluiu.