Nesta quinta-feira (21), a Polícia Civil de Alagoas indiciou os empresários Guilherme Accioly e Bernardo Malta por agressão ao ator Henri Castelli em Barra de São Miguel, Maceió. Segundo o delegado Fabricio Nascimento, do 18º Distrito Policial, a conclusão foi de que o ator sofreu uma lesão corporal grave e o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público (MPE).
Henri relata ter sido brutalmente atacado no dia 29 de dezembro do ano passado, quando estava em uma festa no município alagoano. As agressões, que incluíram “chutes e socos”, renderam ao ator uma fratura exposta na mandíbula, que teve que ser corrigida em cirurgia. Ao “Fantástico”, o artista afirmou que não estava bêbado, negou ter começado qualquer confusão e reforçou que nada justificaria a violência que sofreu.
Já Bernardo Malta conta uma versão diferente. Em depoimento, ele disse que Henri chegou no evento dando respostas irônicas e grosseiras e que, a certa altura, o ator teria tentado dar um soco no empresário, mas acabou errando e acertando o lutador Accioly.
Advogado de Henri se manifesta
Marcelo Amaral Colpaert Marcochi, advogado de Castelli, declarou ao “Notícias da TV”, do UOL, que estava indo para Maceió para dar continuidade no caso. Segundo ele, novos laudos e depoimentos serão apresentados ainda hoje (22).
“O indiciamento revela, de início, o entendimento da Autoridade de Polícia sobre os fatos havidos. Esse ato pré-processual antecede a acusação formal, e já revela aquilo que temos sustentado, o que seja, que o senhor Henri Castelli é vítima desse crime desarrazoado, e que ele não praticou qualquer fato que lhe desse causa“, afirmou o profissional.
“Há outras diligências para serem empreendidas, assim como produzimos novas provas da natureza do crime e da autoria, em especial porque entendemos ter havido mais do que lesões graves. Há novos laudos, novos depoimentos e tudo será entregue ao promotor amanhã, pessoalmente“, finalizou Marcochi.
Advogado de defesa rebate
O advogado dos empresários indiciados, Lucas Dória, disse ter recebido com surpresa a decisão do delegado. Dória afirma que o caso se trata de legítima defesa. “Entendemos que ficou muito claro que houve um início de uma briga e confusão por parte de Henri. É o que a gente vem falando desde o primeiro instante e manifestação, justamente por conta de que a gente tem a verdade. Henri não foi agredido por nenhuma razão que não fosse uma defesa“, pontuou.
“O próprio delegado, na entrevista que deu ao Fantástico, fala que Henri teria dado início [à confusão]. Mas o delegado entendeu que a reação foi desproporcional. A gente espera que o Ministério Público não entenda conforme o delegado indiciou e peça o arquivamento desse procedimento, uma vez que não tem crime. Se tem algum crime diante do que aconteceu foi cometido pelo Henri Castelli, que gerou uma lesão corporal em Guilherme“, argumentou o advogado.
A defesa trabalhará com a tese de que seus clientes apenas reagiram à agressão de Castelli. “Guilherme após receber um soco –ele tem 1,70 m [de altura] e Henri tem quase 1,90 m. Apesar de Guilherme praticar jiu-jítsu, ser atleta, um rapaz ativo e surfista… Mas a partir do momento que ele levou um golpe forte, um soco no olho de um homem alto e totalmente alterado, ele precisou se defender“, disse.
“Na defesa [de Accioly], o soco bateu na região delicada do rosto [de Henri], que foi a mandíbula e gerou a lesão. O que não faz de Henri a vítima. Ele que começou. Então, o posicionamento da defesa é de surpresa [em relação ao indiciamento]. A defesa não acreditava, não imaginava que o delegado indiciaria um homem que se defendeu“, contou.
O advogado está confiante no arquivamento do caso. “Pelo fato de Guilherme ter agido amparado na lei, no artigo do código penal que fala da legítima defesa. Uma garantia dada ao cidadão brasileiro que se defenda de uma agressão injusta. Nosso posicionamento é esse desde o início“, afirmou.
Ele ainda questionou os depoimentos do ator. “Henri já falou num primeiro momento que foi na academia. Depois falou que não lembrava de nada quando foi ouvido pelo delegado. Depois falou que estava sentado e mexendo no celular quando foi surpreendido por homens. Depois falou no Fantástico que chegou para Bernardo e disse que saiu mais cedo da festa e, por conta disso, Bernardo teria agredido, ou seja, são quatro teses mirabolantes que não fazem sentido“, pontuou.
“Então, chocou a defesa, o delegado acreditar em uma dessas teses que não fazem o menor sentido. Indiciando homens de bem, pais de família e trabalhadores num crime que eles não cometeram em virtude de terem agido em legítima defesa“, finalizou Dória.
Entenda o caso
No dia 30 de dezembro, veículos da imprensa, a princípio do Nordeste, reportaram que Henri Castelli havia dado entrada no hospital Santa Casa de Alagoas, após se envolver numa briga e ter a mandíbula fraturada. Na ocasião, o ator confirmou a internação através de sua assessoria, mas alegou como motivo, um acidente na academia. No dia 11 de janeiro, Henri quebrou o silêncio sobre o caso e fez um desabafo emocionado, recordando o que viveu realmente.
Em entrevista exclusiva ao hugogloss.com, o ator explicou que não houve uma briga. Segundo o artista, ele sofreu a violência de forma gratuita e de surpresa. “Não houve briga, eu fui agredido covardemente, puxado pelo pescoço, por trás, sem que tivesse antes sequer conversado com qualquer uma das pessoas que me agrediram. Não me parece que isso seja uma briga, eu não consegui nem reagir, fui jogado no chão e recebi chutes e socos”, contou antes de acrescentar que não conhecia os agressores e que sofreu uma fratura grave em sua mandíbula.
O advogado do ator, Marcelo Amaral Colpaert Marcochi, confirmou o registro da ocorrência e os exames de corpo de delito feitos por Henri ainda em Alagoas. “Queremos Justiça, que sejam responsabilizados pelas agressões, e que o processo, e a pena, cumpram o seu papel. Confio na Polícia e no Ministério Público de Alagoas, assim como estou certo de que haverá um julgamento justo e imparcial. Meu desejo é que haja uma punição adequada e proporcional a essa injustificável agressão”, declarou o profissional.
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Também no dia 11, Henri Castelli gravou diversos stories se abrindo para o público a respeito da história e qual era seu estado de saúde. Ele aproveitou para esclarecer por qual motivo não trouxe a verdade à tona desde o início. “Para não assustar a minha família, porque ligar pra sua mãe e dizer: ‘Mãe, eu fui agredido, fraturei a minha mandíbula, mas eu tô bem’, não era a melhor ideia a se fazer. Ela só soube de tudo depois que eu voltei pra casa, depois da cirurgia”, contou.
O artista compartilhou uma série de fotos e vídeos chocantes demonstrando o quão grave foram as agressões que sofreu. Ao falar do tratamento pós-cirúrgico, Henri contou que precisará repousar, ter acompanhamento médico constante e fazer uso de medicamentos. “Torcer para que se Deus quiser não tenha sequela nenhuma. Há muito o que se fazer ainda. Então, é isso, meus queridos amigos. Eu precisava vir aqui pra falar com vocês, porque eu respeito muito o carinho que vocês têm por mim”, agradeceu. Sem conseguir segurar as lágrimas, o ator finalizou: “A todos aqueles que, infelizmente, não sabem o que fazem, eu perdoo. Não tenho raiva nenhuma. Só quero me recuperar e rezar e ficar sem sequelas nenhuma”.
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Em conversa com o UOL, Lucas Dória, advogado dos empresários, apresentou uma versão diferente da história. De acordo com o profissional, Henri teria iniciado a briga após se frustrar com uma festa no clube Café de la Musique (estabelecimento do qual Malta é proprietário), na madrugada do dia 30 de dezembro de 2020. Até então, não haveria problemas entre os três.
“Um dia antes desse episódio (briga), ele (Henri) tinha ido para uma festa no Gunga, praia na Barra de São Miguel. É um local mais chique, onde o pessoal vai de lancha. Bernardo cedeu uma lancha para que Henri Castelli fosse com a turma para esse evento. Tudo correu bem e, no outro dia, a assessoria do ator agradeceu, afirmando que ele iria para um evento no Café de La Musique. Então, o Bernardo cedeu 15 cortesias para o grupo”, afirmou a defesa dos empresários.
Castelli, entretanto, não teria gostado da festa e se dirigiu à Barra de São Miguel, local onde estavam os empresários, para reclamar. “O Henri chegou nessa outra festa onde estava o Bernardo, numa marina recém-inaugurada. O Bernardo estava com Guilherme e alguns casais amigos, todos com suas respectivas esposas, não havia situação de violência. Henri chegou e foi falar com o Bernardo, tirando satisfações porque ‘a festa (no Café de la Musique) estava uma merd*'”, declarou o advogado.
Dória alegou também que Malta teria sido insultado por Henri e, assim, a discussão ganhou maior proporção. “O Henri Castelli, segundo todas as pessoas que estavam presentes, estava visivelmente alterado. Não sei se era questão de humor ou de álcool, mas ele estava alterado e no depoimento que ele deu na polícia no dia seguinte, que está no inquérito, ele afirmou que não lembrava de nada”, argumentou.
Na ocasião, Bernardo Malta estaria comemorando o próprio aniversário. Aciolly teria intervido, sugerindo que o amigo se afastasse, mas acabou sendo atingido pelo ator. “O Henri Castelli foi para cima do Guilherme e foi gerada uma situação desnecessária. Quando o Henri tentou dar um soco no Bernardo, pegou no Guilherme, e ele teve um derrame no olho. Temos testemunhas, esposas e marinheiros que viram a cena”, pontuou a defesa dos rapazes.
O advogado afirmou que Guilherme instintivamente retrucou a agressão e acabou atingindo a região da boca do artista: “As pessoas separaram os dois. O Guilherme foi para casa com a esposa, e está arrasado com a situação”. Ainda, segundo o relato do profissional, o ataque não teria acontecido “de surpresa” e “pelas costas do ator”, como apontado por Castelli. “Ninguém quis agredir por inveja ou nada disso. O que teve foi uma reação de alguém que estava muito agressivo. Essa agressividade foi um ponto que gerou a confusão”, acrescentou.