Claudia Leitte se pronuncia após MP instaurar inquérito para apurar acusação de racismo religioso contra ela; assista

A cantora se manifestou, na madrugada desta segunda-feira (30), antes de show em Salvador

Claudia Leitte se manifestou depois do Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurar um inquérito para apurar um possível ato de racismo religioso cometido por ela. Em coletiva de imprensa, realizada na madrugada desta segunda-feira (30), antes de seu show no Festival Virada Salvador, a cantora afirmou que a pauta precisa ser discutida com “seriedade” e não de forma “superficial”.

A artista foi acusada de discriminação por alterar a letra da música “Caranguejo” durante uma apresentação. Claudia substituiu a referência a Iemanjá, orixá dos mares, por “meu Rei Yeshua”, termo hebraico para Jesus, detalhou o Splash News, que teve acesso à denúncia formalizada por Iyalorixá Jaciara Ribeiro, do Ilê Axè Abassa de Ogum, e pelo Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras).

Claudia não cantou a música no festival. Antes da apresentação, ela foi questionada sobre a polêmica. “Eu acho que esse assunto é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial. Eu prezo muito pelo respeito, pela solidariedade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado ao tribunal da internet. É isso“, expressou.

Assista:

A cantora também falou sobre o assunto em entrevista ao apresentador e youtuber Dinho Junior. “Do alto dos meus privilégios, o racismo é uma pauta muito profunda. E ainda que eu leve muito a sério fazer Carnaval, a gente está falando de uma festa, de entretenimento, de diversão. Isso tem muitas camadas a serem discutidas e atribuídas a qualquer ser humano, principalmente no tribunal da internet. A gente precisa se centrar“, ressaltou.

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Mas eu posso lhe dizer que meu coração está cheio de coisa boa pra dar. Eu sou uma cantora de axé music e tenho orgulho de ser, acho que isso fica muito claro quando subo no palco e no trio elétrico. Isso tem a ver com o que eu faço, com a música. A música une as pessoas e a da Bahia ‘grudam’ as pessoas. […] Infelizmente veio em um momento de muita alegria pra mim, mas felizmente estou com saúde mental, tenho saúde física e espiritual. Minha integridade, meus valores não podem ser colocados na mesa“, disse Claudia, afirmando que sua função no palco é o de “servir ao outro e levar alegrias para as pessoas”.

Confira:

O caso está sendo analisado pela promotora Lívia Sant’Anna Vaz, e pode levar a uma investigação por intolerância religiosa e racismo religioso. O advogado Hédio Silva Jr., representante dos que registraram a denúncia, enfatizou que “está evidente que não é uma criação artística ou uma improvisação“. Ele ainda mencionou a preocupação com a alteração da letra sem mudanças oficiais no ECAD, o que poderia acarretar acusações de falsidade ideológica.

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O secretário da Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, também fez uma publicação falando sobre a origem e os 40 anos do axé music, citando ainda o racismo e a intolerância religiosa de artistas que ganham dinheiro com o ritmo, para depois “reescrever” a história à sua maneira. Apesar de não citar nomes, usuários do Instagram apontaram uma suposta “indireta” para a estrela no texto.

Carlinhos Brown, por sua vez, saiu em defesa da amiga. “Eu posso te garantir que Claudia Leitte não é uma pessoa racista. A gente precisa buscar esse tom. Não vi que o Secretário falou isso, mas sim sobre mudar letras, e o povo de samba, que tem tamanha clareza, sabe que Yeshua é Oxalá“, afirmou o cantor em entrevista ao portal iBahia. Vídeos nas redes sociais também mostraram o momento em que Claudia troca a letra da canção.

Relembre:

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