Em dezembro passado, o Ministério Público da Bahia iniciou uma investigação para determinar se Claudia Leitte cometeu racismo religioso ao alterar a letra de “Caranguejo”. Originalmente, a música incluía a frase “saudando a rainha Iemanjá”, que foi mudada para “eu canto meu rei Yeshua”. A alteração gerou debate sobre intolerância religiosa.
Nesta sexta-feira (17), Luciano Pinto e Alan Moraes, coautores da música, defenderam a artista, alegando que ela consultou todos os compositores antes de fazer a mudança. “Houve, sim, uma conversa. A artista Claudia Leitte fez uma consulta verbal com todos os compositores e possíveis reclamantes. Ela perguntou, sim, o que achávamos, se podia alterar uma palavra na letra, mudando Iemanjá por Yeshua, e explicou o significado da palavra Yeshua”, afirmaram na declaração divulgada pela colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Os músicos, que continuam seus trabalhos com Claudia, acrescentaram: “Houve ali uma concordância de todos. Ela sempre foi e continua sendo amável, cuidadosa e respeitosa com todos do grupo, músicos, equipe e compositores também”. Luciano também comentou sobre o momento da alteração: “Foi por volta de 2012, às vésperas de regravarmos a música, já com a alteração, para o DVD Axemusic”.
Entretanto, Durval Luz e Nino Balla, também compositores da faixa, discordam dessa versão dos fatos. Em entrevista ao jornalista Leo Dias, Luz anunciou planos para processar a cantora, acusando-a de não ter pedido autorização para a mudança da letra. A decisão da dupla surpreendeu Luciano e Alan.
Os compositores também ressaltaram que a alteração não afetou a integridade musical ou os direitos autorais da obra. “Claudia não chegou alterando sem explicar, sem perguntar e sem ter a certeza do ok de todos. Não houve nenhuma ação hostil, ameaçadora ou condicional imposta por ela e, como a relação era de amizade, parceria, não achamos que precisava de um documento assinado ou vídeo gravado sobre esse assunto. Todos os compositores da música faziam parte da banda e, com isso, não só aceitaram a mudança como tocávamos a música em shows, em gravações e programas de TV”, concluíram.

Inquérito
A atitude de Claudia Leitte gerou polêmica nas redes sociais e chamou a atenção do MP-BA, que instaurou um inquérito para apurar um possível ato de racismo religioso cometido pela artista.
Após a repercussão, Claudia se pronunciou em uma coletiva de imprensa nos bastidores do Festival Virada Salvador, no Réveillon. A cantora afirmou que o tema precisa ser tratado com “seriedade” e não de forma “superficial”. “Eu acho que esse assunto é muito sério. Daqui do meu lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial. Eu prezo muito pelo respeito, pela solidariedade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado ao tribunal da internet. É isso”, declarou.
Assista:
Claudia Leitte evita polêmica sobre mudança de letras de músicas em meio a denúncia de intolerância religiosa
🎥 Alana Dias / Bahia Notícias pic.twitter.com/v9DdG8vizn
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) December 30, 2024
A cantora não cantou “Caranguejo” no festival. Clique aqui para saber mais sobre o caso.