Um dos depoimentos mais inusitados até agora no julgamento de Sean “Diddy” Combs por tráfico sexual e extorsão foi o do dançarino erótico Sharay Hayes, conhecido como “The Punisher” (“O Punidor”, em português). Além de relatar as circunstâncias em que teria sido contratado para participar de festas sexuais organizadas por Diddy e Cassie Ventura, Hayes revelou que suas experiências com o casal serviram de base para um livro sobre disfunção erétil e saúde mental masculina, lançado neste mês nos Estados Unidos.
Intitulado “In Search of Freezer Meat: A Story of the Male Mental Health Crisis Caused by Erectile Dysfunction and the One True Cure No One Talks About… a Penile Implant” (“Em Busca da Carne Congelada: Uma História da Crise de Saúde Mental Masculina Causada pela Disfunção Erétil e a Única Cura Verdadeira Sobre a Qual Ninguém Fala… um Implante Peniano”), o livro não menciona diretamente os nomes de Diddy e Cassie. No entanto, Hayes afirmou ao júri que o “casal rico” descrito nas páginas representa, sim, suas vivências com os dois.
Durante o testemunho, Hayes descreveu a primeira “surpresa” para a qual foi contratado, em 2012. Ele contou que participou de pelo menos oito a doze desses encontros sexuais nos anos seguintes, sendo pago entre US$ 1.200 (R$ 7 mil) e US$ 2.000 (R$11,3 mil) por evento. Um dos momentos relatados aconteceu em um hotel de Nova York, quando Diddy teria lançado camisinhas sobre um sofá onde ele e Cassie estavam.
“Não foi ameaçador, foi apenas assertivo”, disse. Mesmo assim, a situação o deixou desconfortável, especialmente por enfrentar dificuldades de ereção. “No meu processo de pensamento, as camisinhas, eu sabia que seriam um obstáculo para mim em termos de ter uma ereção e mantê-la também”, recordou.
Segundo Hayes, o pedido de Diddy para que ele fizesse sexo com penetração com Cassie foi interpretado como uma “sugestão agressiva”, embora ele negue ter sentido que a situação foi forçada, que Cassie estivesse sob efeito de drogas.
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Questionado pelos advogados de defesa, Hayes admitiu que escreveu sobre o impacto psicológico dessas experiências e sobre como elas afetaram sua performance sexual. “Sim, às vezes, eu sentia ansiedade e alguma pressão sexual dentro de mim. Então, houve momentos em que tive dificuldade para ter e manter uma ereção”, afirmou. O título do livro, ele explicou, remete ao desafio físico e simbólico da disfunção erétil: “O que é mais difícil do que carne congelada?”.
As descrições feitas por Hayes no tribunal coincidem com os contos mais gráficos do livro, cujos trechos circulam nas redes. Embora os nomes não sejam citados, a ambientação, os papéis descritos e a dinâmica entre os personagens lembram os episódios detalhados por ele no julgamento.
As alegações de Hayes fazem parte do conjunto de depoimentos coletados na investigação contra Diddy, acusado por várias mulheres e homens de conduzir uma rede de exploração sexual com uso de coerção, drogas e abuso de poder. O julgamento segue em andamento em Nova York.
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