Dani Calabresa se pronunciou sobre o caso de Léo Lins no podcast “Desculpa Alguma Coisa“, nesta quarta-feira (18). A comediante disse ser contra piadas que ofendem minorias ou ironizem temas importantes, como o racismo. Ela, porém, apontou que não seria justo prender um humorista por esses motivos.
No papo com Tati Bernardi, Dani admitiu que é um assunto complexo de se discutir. “Eu conheço o Leo há muito tempo e ele manda muito bem no stand-up. Ele é um cara muito engraçado. E a estrutura de um stand-up bom é diferente de só escrever umas histórias divertidas. Ele é um super profissional”, afirmou.
Ela, então, opinou sobre as piadas feitas por Léo. “Ele decidiu ir para um caminho incorreto, não sei nem definir o humor que ele faz. Tem público e o Léo escolheu isso. Ele quer ir na contramão, eu acho que ele quer testar o limite do humor. Eu não consigo passar pano pro conteúdo dele. Eu não quero nenhum ataque a minorias, discurso de racismo, não dá. Mas não dá para prender um comediante por piada”, refletiu.
Dani também entregou sua reação ao descobrir que o humorista seria preso. “Primeiro é: ele não pode ser preso por um show. Essa não é a solução. Isso eu acho ruim, perseguir artista, acho preocupante. Mas eu acho que tem uma zona nebulosa entre a nossa liberdade artística e nossa responsabilidade. Eu não acho que ele tem que ser preso, mas… Fico triste, a gente nunca quer que aconteça isso. Ainda mais porque eu o conheço, sei que ele é um cara legal”, pontuou a convidada.

A própria Dani ainda definiu os comediantes como hipócritas. “A gente é hipócrita também. A gente ri de pequenas maldades, tem comentários maldosos que a gente faz com o melhor amigo. Chega alguém, a gente fala: ‘Mas, menina, não tomou banho? O que aconteceu? Tá um cheiro’. A gente faz esses comentários”, explicou.
“Não combina o humor e limite. Mas combina bom senso, responsabilidade, alcance, tudo isso. Mas o humor precisa de absurdo, de ousadia e loucura. Porque é disso que a gente ri, do inesperado, do absurdo. O show do Léo lota. Tem gente que quer ouvir isso e tem gente que se choca”, concluiu ela.
Assista:
Léo Lins foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão por proferir falas preconceituosas em um show de 2022. Segundo o UOL, na apresentação, ele ironizou temas como abuso sexual, zoofilia, racismo, pedofilia e gordofobia. As piadas também teriam citado pessoas famosas e incluído comentários problemáticos de crimes e tragédias, como o incêndio na boate Kiss.
Para a Justiça, os conteúdos “estimulam a propagação de violência verbal na sociedade e fomentam a intolerância”. Conforme a decisão da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, “atividades artísticas de humor não constituem ‘passe livre’ para o cometimento de crimes, assim como a liberdade de expressão não é pretexto para o proferimento de comentários odiosos, preconceituosos e discriminatórios”.
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