Na segunda-feira (5), uma amiga e uma prima da mulher, que denuncia Daniel Alves por estupro, prestaram depoimento no primeiro dia de julgamento do ex-atleta, em Barcelona. Elas acusaram o brasileiro de apalpá-las na mesma noite em que ele é denunciado de estuprar a mulher, de 23 anos, em uma boate espanhola. Uma delas também afirmou que o ex-jogador ejaculou dentro da denunciante e que, antes, apresentou um comportamento agressivo.
As duas, que não tiveram os nomes divulgados por motivos de segurança, disseram ao tribunal que Daniel as convidou para a área VIP, onde ele estava na companhia de um amigo. Elas afirmaram que foi neste local onde o brasileiro as apalpou e flertou com a denunciante, antes do mesmo insistir para que a jovem entrasse com ele por uma porta.
A amiga, que foi a primeira das 28 testemunhas convocadas para depor durante os três dias de julgamento, afirmou que Daniel penetrou a vítima à força, ejaculou dentro da mesma e que, antes disso acontecer, apresentou um comportamento agressivo. De acordo com a imprensa espanhola, que acompanhou este depoimento em uma sala reservada, a amiga chorou bastante durante a fala e disse que a denunciante ficou em choque logo após o episódio.
Em abril do ano passado, análises de DNA encontraram restos de sêmen do brasileiro na mulher, e o exame fez com que Alves mudasse sua versão, mais uma vez, e admitisse que houve penetração. A amiga disse ainda que a jovem não quis denunciá-lo por medo de que ninguém acreditasse, mas mudou de ideia depois de se acalmar, pedindo aos funcionários da boate que acionassem o protocolo de casos de agressão sexual em Barcelona. Desde então, ainda de acordo com o relato desta testemunha, a denunciante sofre de ansiedade e passou a fazer uso de antidepressivos.
Depoimentos da denunciante e de Daniel Alves
A mulher que acusou o ex-jogador também prestou depoimento, neste primeiro dia, por cerca de uma hora. Até o início da sessão, não havia confirmação de que ela participaria do julgamento. Ela deu seu relato acompanhada de psicólogos e na mesma sala onde o brasileiro estava. No entanto, eles não tiveram contato visual. A imprensa espanhola não acompanhou o depoimento da denunciante, que teve a voz distorcida para proteção.
O cronograma do julgamento previa o depoimento do brasileiro, mas sua defesa pediu para que ele fosse ouvido apenas no último dia, que acontece na quarta-feira (7). A juíza acatou o pedido. Durante a primeira sessão, a defesa também alegou que o ex-atleta está endividado.
A advogada de Daniel, Inés Guardiola, afirmou que ele se diz vítima de um “tribunal paralelo”, feito, segundo o mesmo, pela opinião pública. A defesa solicitou ainda a anulação do julgamento, alegando que a juíza responsável pelo caso não aceitou que um segundo perito examinasse a mulher que acusa seu cliente de estupro.
Lucia Alves, mãe de Daniel, foi a primeira a chegar ao Tribunal e também participou do julgamento. Ela é uma das 28 testemunhas convocadas para prestar depoimento. Seis delas falaram sobre o caso na primeira sessão. Outras 22 falarão no segundo dia, nesta terça-feira (6). A última sessão será dedicada a trâmites periciais, que entregarão um relatório e conclusões.
A magistrada Isabel Delgado Pérez, que julga o caso, será a responsável por elaborar a sentença. Até a sentença final, o brasileiro permanecerá em prisão preventiva, seguindo a decisão atual da Justiça espanhola. O Ministério Público espanhol pede nove anos de prisão ao ex-jogador.
Ele mudou a versão contada pelo menos cinco vezes. Na primeira vez em que falou sobre o caso, Alves afirmou que não conhecia a denunciante. Semanas depois, disse ter visto a espanhola na boate, mas negou qualquer envolvimento. Em abril do ano passado, ele disse à juíza que teve relações sexuais consensuais com a jovem, mas sem penetração. Daniel disse que negou inicialmente, pois queria esconder a infidelidade da esposa, a modelo Joanna Sanz.
Em outro momento, ele admitiu que houve penetração, mas continuou reforçando que a relação com a moça foi consensual. Na versão mais recente, ele alegou que estava embriagado na madrugada em questão. Até a conclusão do julgamento, o brasileiro segue preso sem direito a fiança. A juíza do caso já determinou que o brasileiro precisará pagar 150 mil euros (cerca de 798 mil reais) à jovem, para cobrir eventuais danos e prejuízos.