Deborah Secco abriu o jogo sobre suas descobertas sexuais em um papo bem sincero no podcast “Acompanhadas”, apresentado por Nina Sag, nesta segunda (12). A atriz ainda dividiu o espaço com Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha da vida real, e puderam relembrar momentos marcantes da preparação para o filme que narra a vida da ex-garota de programa.
Na conversa, a atriz de 43 anos falou sobre as dificuldades em dizer “não” que muitas mulheres, inclusive ela, têm na hora do sexo. “Se estou ali sem vontade, estou com sono, querendo dormir, não tenho coragem de falar ‘não, não quero mais’, ou começou, doeu, ficou ruim, não consegui falar ‘chega, sai, não quero continuar.’ Eu me vi adolescente fazendo isso assim, achando ruim, doendo, continuando, fingindo, mentindo. Nossa, demorei anos para descobrir que eu não ia gozar com penetração e que tava tudo bem, sabe?“, confessou ela. “A gente não fala sobre isso. É tudo tabu, é tudo proibido. Então a minha ideia quando falo sobre isso publicamente é que a gente tenha mais voz, que isso não seja uma dor silenciosa, porque é para muitas [mulheres]“.
Recentemente, a global viralizou com a frase “A gente não é o que a gente quer ser, a gente é o que a gente consegue ser“. Durante a entrevista, Secco contou que a ouviu durante a preparação para “Bruna Surfistinha”. “Eu ouvi [a frase] de uma garota de programa da [rua] Augusta na preparação para o ‘Bruna’ e ela mudou minha vida inteira. Esse filme mudou o meu olhar para o mundo. Hoje eu sou uma pessoa do não julgamento por conta dessa experiência”, disse.
No papo, Deborah também revelou as dificuldades de fazer determinadas cenas de nudez no longa de 2011. “Depois da gravação na fila, a gente foi fazer as cenas no quarto, vários clientes, era um clipezão de vários clientes, até que eu desmaio em cima de um cliente, e muito calor, e os homens suando em cima de mim. A maioria deles eram amigos, atores escolhidos por mim, a gente fez esse cast juntos até para que eu me sentisse o mais confortável possível, mas é muito desconfortante, aquele lugar, o cheiro, o calor, aquelas pessoas suadas em cima de mim, e eu também sem roupa, o tempo inteiro exposta ali. Eu lembro que terminei esse dia, tomei um banho, esfregava meu corpo, pensei: ‘Meu Deus, imagina a dor dessas meninas. Eu não fiz nada e só de buscar essa energia já me dói tanto'”, disse.
Para Pacheco, ter a sua história narrada nos cinemas mudou sua vida, embora ainda seja muito atacada pelo passado. “Eu fui totalmente metralhada, eu estava grávida com 20 semanas, e [recebia] mensagens do tipo ‘espero que você aborte’, ‘você não merece ser mãe’, ‘suas filhas não merecem uma mãe p*ta'”, disse ao relembrar período difícil da gravidez das gêmeas Maria e Elis, de 1 ano e 9 meses. “As minhas filhas vão ter que entender que mãe delas sempre será lembrada como p*ta. Eu posso ser o que for na minha vida, mas o fato de ter sido p*ta um dia sempre será lembrado”, refletiu. Recentemente, Pacheco se separou de Xico Santos, pai de suas filhas, após acusá-lo de agressão.
Bruna Surfistinha 2?
O reencontro de Deborah e Raquel no podcast aconteceu 12 anos após o lançamento do filme. As duas já haviam se encontrado um dia antes das gravações do longa começar e poucas vezes depois. Ao ser questionada sobre uma possível sequência do filme, a atriz, que decidiu homenagear sua personagem no Baile da Vogue deste ano, ponderou: “Nunca foi uma possibilidade para mim porque acho que filmes muito bem sucedidos não podem ter uma continuação”. “Mas agora vendo a história da Raquel, muita coisa incrível aconteceu com ela, muita coisa precisa ser debatida, então talvez, não sei, podemos pensar nisso“, acrescentou, deixando as portas abertas.
Assista à entrevista completa: