Neste final de semana, o DJ brasileiro Lukas Ruiz Hespanhol, conhecido como “Vintage Culture”, publicou um vídeo nos Stories de sua conta no Instagram, que vem gerando intensa controvérsia. No registro, um amigo do músico aparece simulando sexo com uma manequim. Ele dá socos violentos nas costas e na vagina dela e a joga contra o chão repetidas vezes. O ato é assistido por um grupo de rapazes, que dá risadas, aparentemente se divertindo. Assista:
https://www.instagram.com/p/Bzocjl7hDHY/?igshid=1ri9yhvl8ai1t
O vídeo claro, gerou polêmica e foi excluído minutos depois pelo DJ. Na seção de comentários da conta dele, milhares de internautas o acusaram de apologia à violência contra a mulher. “Não aguentou a pressão e apagou os stories e o último post, né?! Não adianta apagar que a gente não esquece. Apologia à violência contra a mulher não deve ser tratada como brincadeira nunca. Você e seus amigos que cresçam e vejam o quanto são machistas e ofensivos“, destacou uma estudante.
“Mano, você achou engraçado um cara insinuando que tava estuprando uma mulher, mesmo que fosse um manequim, isso foi nojento. Gostava de você e de suas músicas, mas não é possível alguém achar isso normal. Foi babaca demais“, reclamou outra. “Não somos sacos de pancada! Violência contra a mulher não é piada!“, protestou mais uma seguidora. “Vintage, tu vacilou feio. Aquele vídeo é claramente uma apologia à violência contra a mulher. Se retrate, por favor. Assuma seu erro“, pediu outro perfil.
“Cadê os stories sobre apologia à mulher?! Apagou todos e a publicação com a manequim feminina e nem fez retratação? Não passa de um moleque. Que merda“, desabafou uma internauta. “Nojento! Propagando apologia a violência contra a mulher. Acho que não deve ver jornal e não sabe quantas mulheres morrem por dia na mão de homens escrotos. O mínimo que você deveria fazer é uma retratação, um pedido de desculpas a todas as mulheres. Apagar o vídeo não muda em nada sua atitude tóxica“, indicou outra.
Comunicado de Vintage
Em um texto publicado em sua conta no Instagram, na noite deste domingo (7), o DJ abordou a controvérsia. “Ontem postei uma cena (um amigo agarrando descontrolodamente um manequim sem perna, sem braço e sem cabeça) que para minha ignorância poderia ser engraçado, mas que depois aprendi que é uma brincadeira de mal gosto, com interpretações e representações muito negativas“, recapitulou.
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“Queria falar da onde eu vim. ⠀Eu nunca tive acesso a muitas coisas, quando eu comecei a produzir música 2008 nem internet tinha em casa. Cresci entre o Brasil e o Paraguai, numa cidade de fronteira chamada Mundo Novo, muito pequena, violenta e pobre. Levava uma vida simples, dura e cheia de sonhos. Eu nunca imaginei chegar onde cheguei, eu nunca fui preparado pra isso. As coisas foram acontecendo e de repente chegamos até aqui… Nesse caminho a coisa mais importante que eu aprendi é o poder da energia boa, da good vibe. Perceber que meu trabalho fazia bem pras pessoas fez essa ser a minha grande missão, fazer o bem“, prosseguiu o rapaz de 26 anos, antes de pedir desculpas.
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“Mas nesse stories eu não fiz. E a primeira coisa que eu peço é desculpas, desculpas pela ignorância, desculpas pela bad vibe… E obrigado pelo aprendizado. Eu não falo de coisas ruins porque incorporei a missão de fazer o bem, mas sobre preconceito, exclusão e opressão eu sei bem o que é isso. Sofri na pele. E por sofrer na pele eu não quero apenas pedir desculpas, eu quero amplificar essa mensagem, quero que mais pessoas além de mim aprendam o significado de atos como esse. Aprendam a enxergar o outro lado e fazer melhores julgamentos sobre certo e errado, engraçado e mal gosto”, pontuou.
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“Vou levar esse aprendizado pra vida e pra frente, pra todos que me acompanham nessa jornada. Neste aniversário, posto esta imagem preta para nunca esquecer disso, em luto e respeito pelas vítimas dessa cultura. Agradeço, com amor, a todas as mensagens de aniversário, a todo carinho e ao aprendizado trazido pelas críticas. Peço desculpas mais uma vez com a esperança de que esse reconhecimento e mensagem tragam conforto aos que foram prejudicados e a certeza de que essa postura vai trazer ainda mais luz a essa questão de muita importância para o bem“, concluiu o músico.
https://www.instagram.com/p/BzosDXlB2iu/
Nascido no Mato Grosso do Sul, Vintage teve rápida ascensão na cena eletrônica após divulgar remixes de clássicos como “Blue Monday” do New Order e “Another Brick in the Wall”, do Pink Floyd, ainda em 2012, no Soundcloud. Três anos mais tarde, o jovem já faria sua primeira turnê internacional e subiria em palcos de grandes festivais, como “Lollapalooza”, “Rock In Rio” e “Tomorrowland”, aqui no Brasil. Entre seus maiores sucessos estão “Cante Por Nós”, “Pour Over” e “Memories”.