Em livro bombástico, Britney Spears revela por que raspou a cabeça em 2007

O relato da cantora faz parte do livro ‘The Woman in Me’

Britney Spears finalmente revelou por que resolveu raspar a cabeça em 2007. A cantora conversou com a People nesta terça-feira (17) e comentou sobre a liberdade após o fim da tutela e a pressão que sofria do pai. A revista também compartilhou trechos do livro “The Woman in Me”, escrito por Britney que será lançado em 24 de outubro. Em vários momentos, a cantora fez desabafos sobre como se sentia ao ser controlada.

Em trechos do livro, Spears contou por que raspou a cabeça em 2007. “Eu fui muito observada enquanto crescia. Desde adolescente fui vista de cima a baixo, por pessoas que me diziam o que achavam do meu corpo. Raspar a cabeça e ter aquele comportamento em virtude do quão ruim me sentia foram minhas formas de reagir. Mas, sob a tutela, fui levada a entender que esses dias tinham acabado. Tive que deixar meu cabelo crescer e voltar à forma. Tive que ir para a cama cedo e tomar qualquer remédio que me mandassem tomar“, escreveu.

Britney ainda revelou que realizou um sonho ao recuperar o controle da sua vida. Em dezembro de 2021, uma juíza de Los Angeles, nos Estados Unidos, encerrou a tutela após a estrela permanecer por 13 anos, sob o domínio de Jamie Spears, seu então responsável legal. “Nos últimos 15 anos, ou mesmo no início da minha carreira, fiquei sentada enquanto as pessoas falavam de mim e contavam a minha história”, declarou. “Depois de sair da minha tutela, finalmente fiquei livre para contar a minha história sem consequências por parte das pessoas responsáveis ​​pela minha vida”, disse.

E mesmo podendo expor tudo que quiser, ela admitiu que “é difícil falar sobre” os momentos mais sombrios que enfrentou. A estrela fez questão de listar algumas dessas situações ruins. “Não ter tido um momento de paz, os julgamentos de estranhos que nem me conhecem, ter minha liberdade arrancada de mim por minha família e pelo governo, e perder minha paixão pelas coisas que amo”, enumerou. “Finalmente chegou a hora de levantar minha voz e falar abertamente, e meus fãs merecem ouvir isso diretamente de mim. Chega de conspiração e mentiras. Apenas eu sou dona do meu passado, presente e futuro“, disse para a People.

Britney raspou a cabeça em 2007 e foi flagrada por paparazzi usando uma peruca (Morea Press/Shutterstock)

Em outro momento, Britney explicou como as críticas vindas do pai eram motivo de mágoa. “Se eu achava ruim ser criticada pela imprensa sobre meu corpo, doeu ainda mais por parte do meu próprio pai. Ele me disse repetidamente que eu estava gorda e que teria que fazer algo a respeito”, contou. “Eu fazia pequenas coisas criativas aqui e ali, mas meu coração não estava mais nisso. Quanto à minha paixão por cantar e dançar, naquela época era quase uma piada”, relembrou.

“Sentir que nunca é bom o suficiente é devastador para uma criança. Ele incutiu essa mensagem em mim quando eu era menina, e mesmo depois de eu ter conquistado tantas coisas, ele continuava fazendo isso comigo”, observou. “A tutela usurpou minha feminilidade, me transformou numa criança. Me tornei mais uma entidade do que uma pessoa no palco. Sempre senti a música nos meus ossos e no meu sangue; eles roubaram isso de mim”, lamentou.

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Os reflexos da tutela, amadurecimento e relação com o pai

No livro, Britney levantou ainda a questão do machismo, apontando que muitos artistas homens também tiveram atitudes parecidas com as dela, mas não chegaram a enfrentar uma tutela. “Treze anos se passaram e eu me sentia como uma sombra de mim mesma. Penso agora em meu pai e seus sócios tendo controle sobre meu corpo e meu dinheiro por tanto tempo e isso me faz sentir mal”, refletiu. “Pensem em quantos artistas homens jogaram todo o seu dinheiro fora; quantos tiveram problemas de abuso de substâncias ou de saúde mental. Ninguém tentou tirar o controle sobre seus corpos e dinheiro. Eu não merecia o que minha família fez comigo“, apontou.

Outra reflexão da artista é que, com a tutela ela era considerada incapaz de cuidar de si, mas era capaz de continuar gerando lucros. “A questão é: conquistei muita coisa naquela época em que era supostamente incapaz de cuidar de mim mesma. Às vezes eu achava quase engraçado como ganhei aqueles prêmios pelo álbum (“Blackout”) que fiz enquanto estava supostamente tão incapacitada que precisava ser controlada pela minha família. A verdade é que, quando parei para pensar sobre isso por muito tempo, não foi nada engraçado”, disse.

Britney Spears
Britney Spears disse que outros artistas homens não tiveram tutelas assim como ela. (Foto: Getty)

Isto é o que é difícil de explicar, a rapidez com que pude oscilar entre ser uma menina, ser uma adolescente e ser uma mulher, devido à forma como me roubaram a liberdade. Não tinha como me comportar como adulta, pois não me tratavam como adulta, então eu regredia e agia como uma menininha; mas então meu eu adulto voltaria – só que meu mundo não me permitia ser adulto“, descreveu.

“A mulher em mim foi empurrada para fora por muito tempo. Eles queriam que eu fosse selvagem no palco, do jeito que me disseram para ser, e que fosse um robô o resto do tempo. Eu senti como se estivesse sendo privada daqueles bons segredos da vida – aqueles supostos pecados fundamentais de indulgência e aventura que nos tornam humanos. Eles queriam tirar essa especialidade e manter tudo o mais mecânico possível. Foi a morte da minha criatividade como artista”, detalhou.

No entanto, agora ela espera inspirar seus fãs com seus relatos e a volta por cima. “Demorou muito tempo e muito trabalho para eu me sentir pronta para contar minha história. Espero que inspire as pessoas em algum nível e possa tocar corações. Desde que fui livre, tive que construir uma identidade totalmente diferente. Eu tive que dizer: espere um segundo, eu era assim: alguém passivo e agradável. Uma garota. E isto é quem eu sou agora – alguém forte e confiante. Uma mulher”, finalizou.

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