Em vídeo vazado, Emicida autoriza Fióti a repassar dinheiro de empresa para conta pessoal; defesa do cantor se manifesta

Divulgada pela coluna Mônica Bergamo, a gravação mostra conversa sobre contratos e repasses financeiros entre Emicida e Fióti

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Nesta sexta-feira (4), veio à tona um vídeo em que Emicida supostamente estaria autorizando o irmão, Evandro Fióti, a transferir valores da Laboratório Fantasma para sua conta pessoal. De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Emicida afirmou durante uma reunião que seria redigido um contrato de gaveta, concedendo a Fióti 50% dos lucros da empresa — o que permitiria os repasses.

A gravação foi divulgada em meio à disputa judicial entre os irmãos, iniciada em março deste ano, quando Emicida processou Fióti e revogou a procuração que lhe dava acesso às contas da Laboratório Fantasma nos bancos Itaú, Bradesco e C6 Bank.

Os dois haviam firmado um acordo no fim de 2024 para a cisão da sociedade, mas, segundo Emicida, o entendimento começou a ruir em janeiro, ao identificar a primeira transferência feita pelo irmão. A medida foi tomada após detectar um suposto desvio de mais de R$ 6 milhões, entre junho de 2024 e fevereiro de 2025. Fióti nega as acusações.

A reunião foi realizada por videoconferência e contou com a presença de Emicida, Fióti, o gerente financeiro da Laboratório Fantasma e todos os sócios da empresa. Na ocasião, Emicida afirmou: “A minha sugestão aqui, então, só pra bater esse martelo é… Evandro [Fióti] vai ser transferido como sócio para o Laboratório Fantasma Produções com a cota de 10% para a gente poder estar com o que a Receita Federal considera tranquilo e sem onerar do ponto de vista fiscal a nossa outra empresa no Simples Nacional”.

Fióti e Emicida (Foto: Tom Zé/ AgNews

Em seguida, o rapper mencionou o contrato extraoficial: “Porém, a gente vai elaborar um outro contrato de gaveta, onde ele [Fióti] tem direito a 50% do lucro. E aí ele pode fazer esses repasses que estão retidos em nome dele para a própria conta dele de pessoa física. Para mim não tem problema nenhum isso, podemos seguir tranquilamente”.

Assista abaixo:

Procurada pela Folha, a assessoria de Emicida afirmou que não comentaria o vídeo. Segundo Bergamo, a equipe do artista alegou que a gravação foi editada. “O contexto da conversa foi omitido, num claro direcionamento de má-fé. Existe um processo em curso, onde esses fatos foram não apresentados”, declarou.

Já a assessoria de Fióti informou que “a empresa eventualmente registra em áudio, vídeo ou atas as reuniões”. E acrescentou: “Mas não vamos comentar vazamento de informações e vamos apurar internamente o que for necessário”.

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Entenda o caso

Em janeiro, Emicida identificou a primeira movimentação considerada suspeita, envolvendo cerca de R$ 2 milhões. A partir disso, sua equipe realizou uma análise detalhada dos extratos bancários de 2024, detectando aproximadamente R$ 4 milhões transferidos sem justificativa. De acordo com documentos, Fióti teria feito dez transferências das contas da LAB Fantasma para uma conta pessoal entre junho de 2024 e fevereiro de 2025.

No dia 12 de março, Emicida comunicou aos colaboradores o afastamento do irmão da gestão da empresa, onde ele atuava há 16 anos. No dia seguinte, Fióti convocou uma reunião para apresentar sua versão dos fatos e criticar a decisão do rapper. Já na última quinta-feira (27), Emicida também se reuniu com os funcionários para explicar os motivos do afastamento.

Segundo o portal Leo Dias, a defesa de Fióti afirma que os valores movimentados em 2025 (R$ 2 milhões) foram distribuídos de forma igualitária entre os irmãos, conforme acordo prévio. Os advogados também alegam que Emicida teria recebido valores semelhantes em sua conta pessoal no mesmo período.

Os representantes de Fióti anexaram ao processo um e-mail enviado ao endereço profissional de Emicida, em 20 de janeiro de 2025, informando sobre a distribuição de lucros no valor de R$ 2 milhões. Segundo Fióti, o montante era inferior ao valor a que teria direito.

Emicida e Fióti disputam empresa desde março. (Foto: Globo/Divulgação; Reprodução/Instagram)

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A equipe de Emicida, por outro lado, argumenta que o e-mail utilizado para comunicar a transação não estava mais em uso. No entanto, os advogados de Fióti afirmam que mensagens foram trocadas com esse endereço em 13 de março. Na quarta-feira (2), a Justiça negou o pedido de liminar de Evandro para voltar a acessar as contas. Clique aqui para saber mais detalhes.

Após a repercussão do caso, nesta quinta-feira (3), Emicida quebrou o silêncio. Em nota, ele afirma que o conflito judicial entre os dois é resultado de “uma precipitação de uma das partes” e critica o uso de termos como “roubo” e “desvio” por parte da imprensa. Clique aqui para ler a íntegra.

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