Que momento! Durante os protestos que estão acontecendo ao redor dos Estados Unidos contra o racismo e a violência policial, Keke Palmer fez um discurso poderoso para a Guarda Nacional, que fora convocada pelo presidente Donald Trump para garantir a ordem no local. A atriz de “As Golpistas” pediu apoio aos soldados, que por fim se ajoelharam pela causa.
O momento foi inteiro gravado e já junta mais de 18 milhões de visualizações apenas no Twitter. “Vocês têm um presidente falando da segunda emenda como uma forma para as pessoas virem aqui e usarem armas de fogo contra as pessoas protestando. Essa é a mensagem que estamos vendo. Eu não sei se vocês estão nas redes sociais, porque as notícias não contam tudo”, afirmou a artista, direcionada a três soldados que estavam mais perto do grupo.
“Vocês têm que prestar atenção no que está acontecendo. Nós temos um presidente que está tentando incitar uma guerra racial. As fronteiras estão fechadas, nós não podemos sair. Vocês têm pessoas aqui que precisam de sua ajuda. É neste momento que precisamos da sua ajuda. É quando vocês todos podem ficar juntos da comunidade, da sociedade, para parar a opressão governamental. Ponto final. Nós precisamos de vocês”, declarou ela, sendo apoiada pelos manifestantes que estavam em volta.
Um dos soldados admitiu que concordava com os sentimentos de Keke, o que fez com que ela pedisse para eles se unirem ao protesto. “Então marchem com a gente! Deixem a revolução ser televisionada. Marchem junto com a gente e mostrem que vocês estão com a gente. Façam história conosco, por favor”, pediu. No entanto, outro oficial falou que eles estavam a trabalho e não podiam sair do posto.
“Eu posso ir daqui até o fim da rua, mas preciso patrulhar essa área”, justificou o homem. “O que há para controlar? Marchem conosco. Vai mandar uma mensagem gigante de que você e seus homens nos protegem”, tentou convencer Palmer. Mas ele explicou que precisavam proteger as empresas da região. “Ok, eu perdi. Não sei. Isso não é suficiente pra mim. Não é suficiente. Marchem conosco”, tentou ela novamente.
A Guarda Nacional continuou irredutível, até que alguém ao fundo sugeriu que eles se ajoelhassem, o que todos fizeram, começando uma onda com os próprios manifestantes. De arrepiar! Assista à cena:
https://twitter.com/GadiNBC/status/1267945648705298433?s=20
Na manhã desta quarta (03), Keke concedeu uma entrevista ao “Good Morning America”, para dar mais detalhes do episódio. “Foi tão importante. Eu quero trazer a maior conscientização que puder para as injustiças que estão acontecendo nos Estados Unidos. Estar lá com todo mundo… nós estávamos tão inspirados e empoderados”, relembrou.
“Aconteceu muito ao acaso. Eu estava apenas conversando com as pessoas com quem eu estava marchando e coloquei a pergunta: ‘Por que eles não estão com a gente? Por que eles não podem estar com a gente?’. Aqui estamos nós, protestando em paz e com um propósito e eu tenho certeza que muitos deles se sentem do mesmo jeito que nós. O que eu queria era que nós nos uníssemos como seres humanos acima de tudo e foi nesse momento que ele se aproximou de mim”, explicou a atriz, revelando que a iniciativa partiu dos soldados.
No entanto, Palmer demonstrou que, apesar do gesto ter sido significativo, não ficou 100% satisfeita. “Acho que eles se ajoelharem já pode ser visto como um movimento na mesma direção, mas em outros lugares [do país] a gente viu que, mesmo após se ajoelharem, o gás lacrimogêneo e caos vieram”, apontou. “Na realidade, temos um presidente que incita violência a cada tuíte. Alguns até dizem que os militares têm ordens para atirar nos cidadãos, então se eu vejo alguém trabalhando para o governo, eu, como cidadã, quero saber em qual lado da história eles desejam estar”, justificou.
“Eu sei que há uma pessoa naquele uniforme e eu quero saber se as pessoas nessas posições de poder, de poupar ou tirar uma vida, estão com os cidadãos e comprometidas em se posicionar contra o sistema e as injustiças, se necessário. Se nós estamos unidos, não importa quem você seja ou o que esteja vestindo, nós criamos mudança. Prédios podem ser reconstruídos, mas uma vez que vidas são tiradas, elas somem”, completou a artista.
Por fim, ela mandou um recado a toda sua geração que está em busca de mudanças. “Primeiro de tudo, [quero dizer] que sua voz importa. Você não precisa ser a ‘Keke’ ou uma celebridade. Eu sou uma pessoa normal, que sente e respira do mesmo jeito que qualquer um. E eu não sou uma gênia, eu não tenho todas as respostas, eu não sou a única voz que representa esse assunto“, afirmou.
“Acho que a mídia tem o trabalho de mostrar a história completa. Com os millennials, nós passamos um pouco vendo o que está nos noticiários e o que está nas redes sociais, nas quais conseguimos ver as coisas cruas do mesmo jeito que a testemunha viu. Não é apenas um trecho para encaixar numa narrativa, mas em todas as perspectivas. A conversa não é mais sobre se você é ou não é racista. É sobre o que você está disposto a fazer para combater o racismo”, concluiu. Assista:
“Buildings can be rebuilt, but once lives are taken, they’re gone.”@KekePalmer speaks out on asking National Guardsman to march with her and why it’s important to her to be on the front lines of the protests over the death of George Floyd. https://t.co/GVhFAoPK2S pic.twitter.com/q14UYjq9tN
— Good Morning America (@GMA) June 3, 2020
Desde a semana passada, uma onda de protestos e manifestações se espalharam pelos Estados Unidos. Motivados pelo assassinato de George Floyd, um homem preto, pelas mãos de um policial branco, os manifestantes estão se posicionando contra o racismo e a violência policial, em prol do movimento “Black Lives Matter” (“Vidas Negras Importam”, em português).