Ty Stiklorius, empresária de longa data de John Legend, falou abertamente sobre as recentes controvérsias envolvendo Sean “Diddy” Combs em um artigo de opinião publicado no New York Times na última quinta-feira (31). No texto, ela detalhou sua própria experiência alarmante em uma festa de Diddy e expressou esperança de que as alegações recentes contra o magnata da música possam levar a mudanças significativas na indústria.
Há 27 anos, Stiklorius compareceu a uma festa de Ano Novo em um iate em St. Barts, no Caribe, organizada por Combs. Lá, ela descreveu um encontro perturbador onde foi levada a um quarto por um homem associado ao anfitrião da festa. Ela disse que foi trancada e só conseguiu sair após convencer o homem de que seu irmão poderia estar procurando por ela. “Até hoje, não consigo lembrar como consegui me livrar daquela situação assustadora”, disse ela no artigo.
Após duas décadas na indústria musical, ela refletiu sobre como essa experiência foi indicativa de uma cultura predatória generalizada que fomentou a má conduta sexual e explorou as vidas e os corpos daqueles que aspiravam ao sucesso na música. “O poder foi concentrado nas mãos dos fazedores de reis: ricos, privilegiados, quase sempre guardiões do sexo masculino que controlam quase todas as portas que levam ao sucesso e que podem, sem consequências, usar seu poder para abusar de jovens mulheres e homens jovens”, refletiu.
Stiklorius ainda expressou uma visão otimista sobre o futuro, notando que os “dias estão contados”. “Eles ainda podem balançar as chaves do sucesso na frente de jovens artistas, mas as fechaduras estão mudando”, reforçou. Ela argumentou que as novas gerações de artistas agora têm mais controle sobre suas carreiras, como demonstrado pelo exemplo de Chappell Roan, que superou a rejeição de sua gravadora para encontrar sucesso independente.
Ela continuou: “Minhas primeiras experiências com predadores quase me levaram a desistir do negócio da música. Poucos anos depois do incidente do barco, enquanto cursava meu MBA, fui a um jantar em que um executivo sênior da música me passou sua chave por baixo da mesa, um convite nada sutil para seu quarto de hotel. Recusei. Só persisti na indústria porque, em 2005, um velho amigo da faculdade que estava começando a ter sucesso como artista entrou em contato comigo. Esse artista era John Legend e, 20 anos depois, ainda sou seu empresária e parceira em vários empreendimentos comerciais. Acontece que muitos artistas, incluindo John, querem fazer parte de um modelo diferente de negócios e cultura”.
“Há um caminho a seguir para virar a página dessa cultura de exploração e abuso”, concluiu no artigo. “Quantas outras mulheres tiveram experiências iniciais semelhantes às minhas e abandonaram sua ambição de ser artistas — muito menos engenheiras de gravação, produtoras ou executivas? Quantas mulheres foram coagidas, abusadas, agredidas e silenciadas em seu caminho para seus sonhos — presas por homens que controlavam o acesso e que nos faziam acreditar que a chave para o reino era um cartão-chave para seu quarto de hotel?”, questionou.
Diddy foi preso no dia 16 de setembro, acusado de tráfico sexual, extorsão e prostituição. Ele segue detido no Centro de Detenção Metropolitano no Brooklyn, em Nova York, sem direito a fiança. O rapper se declara inocente. Mais de 100 denunciantes acusam Combs de agressão sexual, entretanto, a equipe jurídica dele continua a negar qualquer irregularidade.