Em interessante ascensão na carreira de ator, o paulista Juliano Laham encara a reta final de um grande desafio. Em ‘Orgulho e Paixão’, novela das 18h, da TV Globo, ele dá vida a Luccino, um jovem de família tradicional italiana que aos poucos descobre o seu amor por outro homem. Sem medo de críticas, Laham acredita na importância da representatividade de seu papel e afirma seu desejo para as próximas cenas entre Luccino e Otávio (Pedro Henrique Müller): “Torço para que o beijo aconteça”.
Na trama, o filho mais reservado da família Pricelli passa os dias trabalhando como mecânico no Vale do Café. Quando Otávio o salva de ser morto por Xavier (Ricardo Tozzi), o jovem começa a ver o capitão com outros olhos. Juliano elogia a maneira como a história está sendo retratada nas telinhas e torce pela felicidade do casal: “A forma que o autor está abordando é muito bonita e interessante. A melhor coisa que pode acontecer com o Luccino é poder viver esse amor da melhor forma possível”.
No dia 24 de agosto, as cenas do “quase beijo” entre Luccino e Otávio e o flagrante dado pelo pai do italiano no casal comoveram o público. O ator conta que, ao mesmo tempo em que muitas pessoas o deixaram de seguir nas redes sociais, recebe uma porção de mensagens de carinho de jovens que se identificam com seu personagem. “Muitas pessoas deixaram de me seguir e de acompanhar o meu trabalho através da internet. Mas, honestamente falando, eu não me importo. Faço meu trabalho com amor para quem quer ver uma história bonita e sincera”, revelou ao hugogloss.com.
HG – O Luccino é um personagem que traz à tona uma discussão pouco retratada nas produções de época. Como tem sido dar vida a esse personagem?
Juliano Laham – Eu sou muito grato aos autores e diretores da novela por terem me dado essa oportunidade. Todo personagem traz algo que me ensina e com o Luccino não é diferente. Contar essa história de amor está sendo uma experiência muito bonita. Estou dando o máximo de mim para representar esse personagem com a mais pura verdade. Aliás, não só eu. Não posso deixar de lembrar do meu amigo Pedro Henrique Müller que está arrebentando em cena. Recebo diariamente mensagens de pessoas que se identificam com os personagens e isso é extremamente gratificante.
HG – Recentemente tivemos um relacionamento entre dois homens em ‘Liberdade, Liberdade’, trama que era levada ao ar ás 23h. Qual a importância de trazer essa representatividade para o horário das 18h?
Juliano Laham – Eu acho sempre muito importante mostrar essa representatividade, mostrar o amor verdadeiro e puro, independente do horário em que a trama seja exibida. A novela se passa em 1910, mas a trama é extremamente atual, com temas bastante contemporâneos. Não é só uma história baseada na obra de Jane Austen sobre uma família de mulheres fortes. Se fosse só isso, já seria incrível. Mas cada coadjuvante ali é muito importante. É uma novela plural que dialoga com todas as idades e todas as famílias.
HG – Quando abraçamos temas polêmicos fatalmente agradamos uma parcela do público e desagradamos outra. Você tem sofrido algum tipo de preconceito em decorrência da repercussão do personagem?
Juliano Laham – Infelizmente a gente não consegue agradar sempre a cem por cento das pessoas. Mas eu busco fazer sempre da melhor forma possível o meu personagem. A mensagem que quero passar é a da representatividade. A ideia de que não se pode julgar o amor do próximo, a orientação sexual do próximo. Percebi que os números nas minha redes sociais mudaram. Muitas pessoas deixaram de me seguir e de acompanhar o meu trabalho através da internet. Mas, honestamente falando, eu não me importo. Faço meu trabalho com amor para quem quer ver uma história bonita e sincera. Não me preocupa tanto quem deixou de me seguir, prefiro focar nas mensagens de carinho das pessoas que acreditam no respeito ao próximo e nos mesmos princípios que eu.
HG – O beijo entre Luccino e o capitão é uma cena que pode entrar pra história da teledramaturgia. Você torce para que isto aconteça?
Juliano Laham – Tenho sentido bastante a torcida do público pelo beijo entre o casal. Nas minhas mensagens privadas nas redes, muitas pessoas falam sobre o beijo e a expulsão de casa, é algo bem forte que está sendo tratado com responsabilidade pela novela. A forma que o autor está abordando é muito bonita e interessante. A melhor coisa que pode acontecer com o Luccino é poder viver esse amor da melhor forma possível. Eu torço para que o beijo aconteça. Como telespectador acredito que vai rolar sim. Nem posso chamar isso de spoiler, pois na verdade não sei de fato se vai rolar. Se depender da minha torcida, sim.
HG – Como ator, qual é a expectativa para protagonizar essa cena?
Para o ator, a questão do beijo nem é o mais importante. É uma consequência da história que está sendo contada. O mais importante é essa construção, mostrar essa descoberta, o caminho percorrido pelo personagem. Se o beijo vier, será feito da melhor forma possível.
HG – Como foi transitar entre ‘Malhação’ e ‘Orgulho e Paixão’? O termômetro das ruas mudou muito?
Juliano Laham – A Malhação foi um desafio muito grande. Não só pela interpretação, mas pelo físico. Meu personagem era um lutador e eu precisei fazer bastante laboratório para me preparar. A experiência foi muito boa. Fiquei feliz por alcançar um público teen e dialogar com as questões dessa galera. Meu personagem trazia muito essa ideia do jovem lutando pelos seus sonhos. Na novela das 18h, sinto que alcanço um outro público, pessoas de mais idade que são espectadores cativos deste horário. Me abordam na rua e perguntam mais da história em si do que da minha vida pessoal. Todos os dias entro na casa das pessoas para conversar com elas através desse personagem. É muito bom ter esse termômetro do público. Afinal, não faço para mim. Faço para quem está assistindo. Me importa e interessa muito a opinião das pessoas sobre meu trabalho.
HG – Como é o retorno das pessoas que se identificaram com a história? Como você sente que esse personagem impacta positivamente?
Juliano Laham – Recebo muitas mensagens nas redes sociais. Vale lembrar que é importante falar sobre todo tipo de preconceito. Muitos jovens se identificam e dizem que se reconhecem naquilo que o meu personagem está vivendo. Outros relatam que a novela está mudando a forma dos pais encararem o assunto dentro de casa. ‘Seu personagem mudou a visão dos meus pais’, eles dizem. Ouvir isso chega a me encher os olhos de lágrimas. É muito legal poder amenizar esse preconceito de certa forma e entender que isso é amor. A orientação sexual das pessoas não pode ser julgada e nós já deveríamos ter aprendido isso. Como também já aconteceu de algumas pessoas virem com piadas preconceituosas. Mas eu simplesmente ignoro. Abstraio e não trago isto pra mim. Trago pra mim somente aquilo que de fato muda as pessoas. Isso para um artista é incrível. O maior prêmio que posso ter é passar uma mensagem e mudar a vida das pessoas. Fico muito feliz em ver isto nos relatos que recebo diariamente.
HG – No Big Brother Brasil, em 2016, você encarou o desafio de atuar em uma casa cheia de câmeras, 24h por dia. Para um ator, deve ter sido uma oportunidade e tanto de autoconhecimento. O que você leva de bom dessa experiência?
Juliano Laham – Recebi o convite para entrar na casa como um ator e passei trinta e seis horas ali dentro. Foi uma experiência incrível. Consegui exercitar muito a minha capacidade de improvisação, que é uma questão de pura concentração para o ator. Pude mostrar um pouco do meu trabalho e foi bastante positivo.
HG – O que o público de casa pode esperar para o Luccino nos próximos capítulos de ‘Orgulho e Paixão’? Pode adiantar alguma novidade?
Juliano Laham – Olha, vou dar um spoiler sim (risos). Haverá uma aproximação muito grande entre eles e a cena vai deixar isto na imaginação das pessoas. Mais do que isso eu não posso contar (risos). Só assistindo mesmo.
HG – Existe algum projeto engatilhado para quando a novela chegar ao fim? Quais são seus planos?
Juliano Laham – Na televisão ainda não há nada de concreto. Meu sonho mesmo é o cinema. Tenho muita vontade de ingressar nessa área. Mas enquanto não acontece, estou trabalhando em alguns projetos pessoais para o teatro.
HG – Por falar em teatro, você já teve experiências anteriores no palco, certo?
Juliano Laham – Sim. Foi ótimo! Estive no elenco da peça ‘O Vento Vai Levando Tudo Embora’, com a Josie Pessoa e o Gabriel Chadan. O espetáculo era inspirado na canção do Renato Russo e foi um aprendizado gigantesco pra mim.