Monica Monteiro, ex-agente de Gisele Bündchen, abriu o coração ao falar sobre seus anos de trabalho ao lado da übermodel. Em entrevista à Folha de São Paulo, publicada nesta sexta-feira (15), a empresária revelou detalhes sobre o início da carreira da brasileira, falou das crises de ansiedade que já presenciou enquanto esteve com a modelo e explicou o motivo de não ter aprovado Leonardo DiCaprio no dia em que o conheceu, em Nova York.
A ex-agente, que dedicou 12 anos de sua vida à modelo, disse que Gisele sempre foi aclamada em todos os lugares e admirada por por homens famosos. “Era uma loucura, todo mundo estendia o tapete vermelho para ela. Não existia mesa ruim em restaurante, nas boates era sempre em camarote, as pessoas enlouqueciam quando a viam, homens mandavam flores. O Leonardo DiCaprio mandou um buquê depois de um desfile em Milão“, compartilhou.
Ela, então, narrou o primeiro encontro entre a brasileira e o astro de Hollywood. “Um dia, a gente estava em Nova York, e ela fala: ‘Vamos comigo numa balada que eu quero te apresentar o Leonardo’. Perguntei: ‘Que Leonardo?’. Ela disse: ‘DiCaprio’. Os dois iam se encontrar, ele foi a Nova York atrás dela. Era a primeira vez que iam sair juntos. ‘Quero que você conheça para ver o que acha’, a Gisele disse. Eu me senti meio tiazona indo para a boate com ela, mas fui. E ele chegou, lembro que estava de boné, e foi um frisson danado. Leo foi logo dando um beijo no rosto dela quando a gente estava na pista“, recordou.
Monica, por sua vez, não gostou de Leonardo! “Não, porque ele me deixou no vácuo quando fui cumprimentar com um beijinho no rosto (risos). A gente é brasileiro; vai lá e põe o rosto, né? Ele deu uma distância, tipo, não vou dar beijo, sabe assim? Aí eu lembro que eu fui pra Gisele, falei: ‘Ai, não gostei, achei ele antipático‘. Ela disse: ‘Ah, deixa de ser boba’. A gente deu uma gargalhada“, relembrou.
O namoro entre Bündchen e DiCaprio começou em 2000. Entre idas e vindas, as duas estrelas decidiram colocar um ponto final no relacionamento em 2005. A ex-agente ainda revelou que o ator não foi o único a ‘dar em cima’ da brasileira.
“Ah, muita gente. Ela era a maior modelo do mundo, né? Não vamos esquecer. O primeiro marido da Jennifer Lopez, o cantor de rap, por exemplo. Como é o nome dele mesmo? Puff Daddy. Nossa, ele vinha convidando a Gisele para ir em balada depois dos desfiles direto. E a gente não era de balada. Aí, ele pegava, chegava, jogava charme e falava: ‘Ah, eu quero que você vá na festa tal, em tal lugar, aparece lá’. Onde ela ia era esse rebuliço“, disse Monteiro.
“Eu conheço o povo da moda, esse pessoal eu até sei quem é, mas não lembro o nome. Teve um outro rapper famoso, que lógico que não lembro o nome, que encontramos uma vez num restaurante em Nova York. Quando passamos pela mesa dele, ele veio falar com ela. Eu perguntei: ‘Nossa, Gisele, aquele colarzão dele enorme, será que é ouro de verdade?’. Ela riu e disse: ‘Ai, Monica, eu te amo’. Ela é legal, né? É uma pessoa muito legal. Sempre foi“, acrescentou.
Início da carreira
Na entrevista, Monica também se recordou do início da carreira de Gisele e deu os créditos para a mãe da modelo, dona Vânia, sobre ter inserido a filha no mundo da moda. “Olha, já falaram vários nomes, mas quem descobriu a Gisele foi a dona Vânia, a mãe, que infelizmente morreu recentemente. Ela soube de uma seletiva da Elite no Rio Grande do Sul e foi buscá-la no vôlei para fazer o teste. Dona Vânia foi correndo lá e falou: ‘Vamos, é agora‘”, disse a ex-agente.
Monteiro afirmou que, em meio a “um monte de menina arrumada, maquiada“, Bündchen foi a escolhida, mesmo estando “com a bermuda de jogar, toda suada e descabelada”. “Ela nem queria ir. Mas a mãe insistiu e ela foi“, recordou. Monica, que comandava as modelos iniciantes da filial da Elite Models, em São Paulo, passou a cuidar de Gisele na capital paulista.
“O Seu Valdir, o pai, veio ver onde ela ia morar, o apartamento das modelos, onde ia estudar, veio dar uma checada geral. E aí eu expliquei que eu cuidaria dela, seria a mãe da Gisele em São Paulo. E que, se ele tivesse alguma dúvida, podia me ligar. Dei o meu telefone de casa, porque não tinha celular. Acho que isso ajudou a estreitar as relações, a dar confiança“, pontuou.
“Ela era muito tímida na frente da câmera. Entre as pessoas, era superengraçada, um espetáculo. Poxa, demorou oito meses para pegar o primeiro trabalho. Levei na Capricho, na Atrevida e em outras revistas de adolescente. Ela não pegava nada. Aí eu falei: ‘Pô, Gisele, por que você não é assim, desse jeito, quando está com o cliente? Você tem que mostrar como você é, que você tem a altura, tem o corpo, tem tudo que é preciso e convencer de que vai dar conta do recado’. Aos poucos foi pegando alguns trabalhos, começou a ter mais autoestima. Gisele odiava o cabelo dela“, revelou a ex-agente.
“Pois é, acredita? Aquele cabelo que é o sonho de qualquer um, ela não gostava. Adolescente nunca gosta do que tem de melhor, né? Eu fiz ela entender que tinha um cabelo maravilhoso, levei para fazer tratamento com o Wanderley [Nunes] e, aos poucos, foi deslanchando, se sentindo bonita e segura“, observou.
Ícone nas Passarelas x Síndrome do Pânico
Monica também falou sobre como Gisele inovou o mundo da moda, inclusive com seu jeito único de desfilar. “Ela sempre amou passarela, e desfilava como ninguém. Mudou a parada, o jeito de pisar, de movimentar os braços, as mãos. Gisele começou a andar firme, cruzando um pouco as pernas, o que a gente chama de ‘passada do cavalo’. Todas as supermodelos começaram a imitar. E virou uma tendência. Fora que ela sabia exatamente como olhar para os fotógrafos, onde parar, qual a melhor luz, o melhor ângulo. Então, foi sendo a referência do mundo da moda. Por isso reinou e reina até hoje, na minha opinião“, elogiou.
Embora estivesse no ápice da carreira, a brasileira viveu momentos ruins por conta da ansiedade e síndrome do pânico, os quais foram revelados há pouco tempo pela top. “A gente viajava muito de avião e uma vez ela falou que estava com palpitação, não conseguia relaxar. A gente conversava sobre essas coisas entre nós, não era um assunto como é hoje em dia. Mas o pior mesmo foi numa viagem para Barcelona, para uma campanha para o [sabonete] Lux. Ali foi ruim“, relembrou Monteiro.
“Ficamos num hotel maravilhoso, bastante alto. Ela numa suíte presidencial, no ultimo andar, e tinha daquelas janelas que não abrem. Gisele ficou meio ‘panicada’, não queria ficar num lugar fechado e alto. Aí foi a primeira vez que eu a senti estranha assim… E ela pediu para a irmã dela ir junto, estava… Sabe, não estava muito tranquila. Então quis ir para um quarto num andar mais baixo, e só tinha apartamento standard. ‘Não tem problema. Eu quero ficar embaixo, quero abrir a janela, quero ar.’ Era um sintoma de que ela tava… Quase assim, né? Tava com medo de altura, medo de avião, uma coisinha de pânico. Aí ela voltou para Nova York, começou a fazer meditação, a ter uma alimentação mais regrada, tentou começar a ter um tempo para ela, sabe? Para fazer as coisas com mais calma“, descreveu.
Demissão e novos rumos
Por fim, Monica também contou como se sentiu no momento em que soube que não cuidaria mais da carreira da übermodel, em 2006. “Fiquei chateada. Com certeza, né? A IMG, agência de matriz nova-iorquina, fechou a filial no Brasil e me demitiu. Eu era funcionária, não tinha como mandar no patrão. A Gisele, então, optou por me trocar pela irmã gêmea, quis que a Patricia [Bündchen] a representasse junto aos clientes no Brasil“, explicou.
“Eu gostaria de continuar na empresa que ela montou com as irmãs. Eu podia colaborar. Poderia ter sido desligada aos poucos, depois de tanto tempo. Sou uma das poucas profissionais no Brasil que têm entrada no mercado internacional. Tenho reconhecimento, todas as agências do mundo sabem quem eu fui, que estive com ela desde a adolescência. A Gisele morou na minha casa, eu era como uma mãe para ela. Mas sou grata e a adoro até hoje“, ressaltou Monteiro.
Embora não tenha continuado ao lado de Gisele, a ex-agente ainda colhe os frutos de uma carreira bem-sucedida em prol de uma das maiores modelos do mundo. Ela admitiu ter ficado milionária. “Sim. No caso, eu parei. Agora trabalho mais para não ficar totalmente sem fazer nada, para não perder os contatos. Mas ela também ganhou bastante trabalhando comigo, viu? Fechei contratos importantíssimos e que davam rios de dinheiro para ela. E para mim também, claro. Porque trabalhei bem. E sempre adorei a Gisele. Adoro até hoje, gosto como se fosse uma filha, queria ter mais contato“, finalizou.