Famílias das vítimas de acidente aéreo de Marília Mendonça falam pela 1ª vez na TV e escancaram como foi negociação de seguro; assista

Esposa de piloto e pai de produtor da artista decidiram detalhar reuniões sobre divisão do seguro

Os familiares das vítimas que morreram no mesmo acidente aéreo que Marília Mendonça passaram a questionar a indenização que foi paga pela seguradora. Ao “Domingo Espetacular” deste domingo (13), eles relataram como a divisão do valor teria ocorrido e a suposta quebra de Dona Ruth, mãe da cantora, a um acordo que já existia.

Conforme a reportagem, o valor total do seguro era de US$ 2 milhões (cerca de R$ 11 milhões). Estima-se que a família de Marília tenha ficado com cerca de US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões), enquanto os parentes das vítimas ficaram, em média, com R$ 1,4 milhão cada. Também estavam a bordo do avião, o piloto Geraldo Martins Medeiros, o copiloto Tarcísio Viana, o tio e assessor de Mendonça, Abiceli Silveira, e o produtor, Henrique Bahia.

As negociações para o pagamento começaram em 2022 e o acordo só foi homologado um ano depois, no Tribunal de Justiça de Goiás. Apesar dos anos que passaram, os familiares nunca teriam aprovado que os entes de Marília recebessem metade do valor da indenização. Eles alegam que a divisão seguiu desta forma após Ruth afirmar que “Marília Mendonça era a figura mais relevante entre os ocupantes do avião”.

O advogado Caio Fonseca, por sua vez, explicou ao dominical como, normalmente, a seguradora faz a divisão do dinheiro. “As indenizações não são tabeladas. Existem contas que são feitas, como o valor que a pessoa ganha no momento da morte, o quanto ela poderia ganhar, o tempo de vida útil que ela iria ter. Então, esses valores são sempre discrepantes em um processo de indenização”, disse.

Como ficou a divisão do valor definido pela seguradora (Foto: Reprodução/Record)

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Os familiares também teriam dito que Ruth procurou a seguradora no dia seguinte ao acidente aéreo para determinar o seguro a ser recebido. A informação, porém, foi desmentida pelo advogado dela, Robson Cunha. Segundo ele, as famílias não se envolveram nas tratativas e enviaram representantes legais para resolverem o acordo.

“A gente já recebe a minuta com um valor dividido, em que metade foi selecionado para o herdeiro [de Marília], Léo Huff. Ninguém colocou uma arma na cabeça pra que o acordo fosse aceito. Essas pessoas nunca apareceram durante a questão do seguro”, argumentou Cunha. “Nenhuma vida é mais importante que a outras. Mas, se nós formos comparar, a Marília era a passageira mais nova, com uma expectativa [de vida] maior”, completou.

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Familiares se posicionam

Conforme o pai de Henrique Bahia, as famílias só decidiram levar o acordo adiante para receber o seguro o quanto antes. “É aquele pensamento: se recebe agora e dá prosseguimento à vida, ao que se tem de imediato. Ou se espera uma briga para oito ou dez anos pra ganhar mais, não ganhar ou ganhar a mesma coisa”, analisou George Freitas.

Rafael Vanucci, amigo de Marília e Henrique, também questionou como se deu o processo. “O Henrique estava com a Marília Mendonça desde o primeiro ensaio com a banda. E ele estava com ela até o último momento da vida dela. A gente está falando sobre honra. O Henrique foi honrado?”, questionou.

Para o empresário, o acordo deveria ser revisto na Justiça. “A gente só está pedindo que seja feita uma divisão justa. Por vidas! O seguro daquele avião era do quê? Quantas vidas tinham dentro do avião? Cinco? Então vamos pegar esse dinheiro e dividir por cinco pessoas”, pontuou.

George ao lado do filho, o produtor Henrique Bahia (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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Euda Dias, ex-mulher do piloto, detalhou como ocorreu a primeira reunião para as negociações. “Já chegaram na reunião dizendo que, por causa do status socioeconômico da Marília, ela deveria receber um milhão de dólares. E aí, a gente ficou: ‘Não, está errado, vocês não entenderam. É todo mundo igual’. E a partir daí, começou uma sequência de tratativas para tentar chegar a um acordo”, expôs.

Ela acrescentou que a família de Marília não quis dividir o seguro por igual. “Os advogados da Marília chegaram a juntar um documento de 28 páginas, dizendo que ela tinha um faturamento mensal de R$ 10 milhões. E que, por isso, a família dela, o Léo, mereciam receber US$ 1 milhão”, contou.

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Assim como George, Euda preferiu não contestar. “Nós sabíamos que era injusto, mas aceitamos. Então cabe a consciência deles, se quiserem reverter uma coisa que achem que não foi justa. É individual”, salientou o pai de Henrique. “Gostaria que o caminho mais acertado fosse… Que a família colocasse a mão na consciência e falasse: ‘Poxa vida, isso não é nada pra nós'”, concordou a ex-mulher do piloto.

“Eu queria que eles se sensibilizassem e devolvessem esse dinheiro, porque não é deles. Moralmente falando, tinha que ser divido em partes iguais, vidas iguais, perdas iguais”, concluiu Euda. De acordo com o “Domingo Espetacular”, as famílias das vítimas culpam Dona Ruth pelo descaso no acordo.

Ex-mulher do piloto pede que família da cantora devolva o dinheiro da indenização (Foto: Reprodução/Record)

De acordo com Caio Fonseca, seria necessário que as partes demonstrem que houve um erro na divisão do seguro. “É preciso que você demonstre que houve erro, o dolo, ou algum tipo de coação. A coação tem que ser por violência grave, física ou moral. Aquelas frases que saíram na imprensa, que ‘vítima A é mais importante que vítima B’, isso são questões morais para a Justiça. E essas questões morais importam menos do que o acordo feito e celebrado entre as partes”, concluiu o advogado.

Assista à íntegra:

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