Fantástico faz exposed de Adélia Soares e revela suposto esquema com CPF de pessoas mortas e bilhões movimentados

O dominical da Globo explicou como funcionava o esquema; advogada se manifestou

O “Fantástico” deste domingo (15) esmiuçou o indiciamento de Adélia de Jesus Soares, por falsidade ideológica e associação criminosa, pela Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo as autoridades, a advogada de Deolane Bezerra, influencer presa por suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais, se associou a chineses para abrir empresas de fachadas, permitindo a exploração ilegal de jogos de azar no Brasil.

Adélia é citada em um inquérito diferente ao de Deolane. O jornalístico teve acesso a um documento da Junta Comercial de São Paulo, que mostra que ela é a administradora e representante legal da Playflow, com sede em Suzano, Região Metropolitana de São Paulo. A empresa possui sociedade com a Peach Blossom, que, segundo o documento, fica nas Ilhas Virgens Britânicas. No endereço da Playflow registrado no Brasil, ninguém relacionado à companhia foi encontrado.

A investigação foi iniciada no Distrito Federal, após um funcionário da limpeza de uma delegacia ser vítima de um golpe. Foram transferidos R$ 1.800 da vítima para a conta bancária da Playflow. Após a denúncia do funcionário, a polícia descobriu como os sites de apostas funcionavam e qual era o caminho do dinheiro.

Segundo o delegado do caso, Adélia usou documentação falsa para abrir a empresa. “Para uma empresa estrangeira funcionar no Brasil, há uma série de regulamentações. O contrato precisa ser traduzido por tradutor juramentado, apostilamento da Haia e nada disso foi feito. É uma empresa ideologicamente falsa“, informou Érick Sallum.

Adélia foi indiciada por falsidade ideológica e associação criminosa. (Foto: Reprodução/Instagram)

O esquema

O dominical também explicou como funcionava o esquema. Primeiro, o apostador entrava na internet e procurava um site de apostas. Para jogar, ele fazia o pagamento via Pix. A responsável por receber a quantia era a Playflow, que enviava o valor para uma instituição de pagamento.

Em seguida, o grupo criminoso pegava este dinheiro e mandava para uma casa de câmbio, que enviava os valores para fora do país. No entanto, para isso acontecer, eles precisavam de CPFs de brasileiros, e usavam dados de pessoas que já faleceram, de crianças e até nomes de pessoas que não existem.

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Segundo Sallum, foram detectados cerca de 546 CPFs falsos e uma movimentação de R$ 2 bilhões em menos de dois anos. Após a investigação, o grupo de chineses envolvido no esquema foi intimado. O jornalístico ainda teve acesso a conversas entre a Polícia Civil e um dos investigados.

Na mensagem, ele responde: “Nós contratamos um escritório de advocacia no Brasil. O nome da advogada é Adélia, ela irá entrar em contato com você“. Trinta minutos depois, Adélia manda uma mensagem para o delegado com a intimação e diz: “Olá, boa noite, Adélia Soares, advogada, prazer. Motivo do meu contato: vocês estavam em contato com meu cliente“. Na conversa, a polícia questiona se Soares é dona da empresa Playflow, mas ela nega.

Uma vez que ela foi confrontada com essa informação, ela passou a falar que nem conhecia os chineses, entrando em contradição com sua própria mensagem anterior. E passou, então, a não responder mais sequer nossas intimações. Para a Polícia Civil, foi uma assunção de culpa, abertura do direito dela de apresentar o contraditório e o exercício tácito do silêncio“, afirmou Sallum.

Foram detectados cerca de 546 CPFs falsos no esquema. (Foto: Reprodução/Instagram)

Agora o caso está na Justiça Federal, que vai investigar se ela recebeu dinheiro dos jogos ilegais. Com 2,2 milhões de seguidores no Instagram, Adélia é dona de um escritório de advocacia na capital paulista e participou do “Big Brother Brasil” em 2016. Nas redes sociais, a ex-BBB afirma ser especialista em contratos e advogada estratégica para soluções jurídicas de influenciadores e artistas. Entre as suas postagens, estão vídeos sobre “como fazer sorteios e divulgar rifas sem ser preso em 2024”.

Por enquanto, Adélia não se pronunciou sobre a reportagem do “Fantástico”. Entretanto, na última sexta-feira (13), enviou uma nota para a produção de TV Globo em Brasília. “As acusações feitas contra ela são infundadas e que sofreu um golpe praticado por terceiros, que utilizaram o nome dela de forma indevida e criminosa. E que ela está plenamente ciente dos fatos mencionados e já tomou todas as providências legais cabíveis“, declarou.

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