Gabrielle Union, ex-jurada do ‘America’s Got Talent’, presta queixa na Justiça e denuncia emissora por racismo; Saiba detalhes

Nessa quinta-feira (4), Gabrielle Union entrou com uma queixa na Justiça por discriminação racial no estado da Califórnia contra a NBC, emissora que exibe o “America’s Got Talent”, talent show que participou como jurada. Segundo a Variety, a atriz ainda acusou o presidente do canal, Paul Telegdy, de tê-la ameaçado, por telefone, ao tentar silenciar as denúncias.

Na queixa feita ao Departamento Estadual de Emprego Justo e Habitação, são mencionadas as produtoras Syco, de Simon Cowell, e a FremantleMedia, assim como a NBCUniversal, dona da NBC. Em defesa, um porta-voz da emissora disse que as acusações de ameaça são “categoricamente falsas”, mas que as de racismo foram levadas em consideração e investigadas.

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“Levamos a sério as preocupações da Sra. Union e contratamos um investigador externo que encontrou uma cultura abrangente de diversidade no programa. A NBCUniversal continua comprometida em criar um ambiente de trabalho inclusivo e solidário, em que pessoas de todas as origens sejam tratadas com respeito”, informou.

Gabrielle deixou a bancada de jurados do programa em dezembro de 2019. (Foto: Trae Patton/NBC)

Em resposta, o advogado da atriz, Bryan Freedman, declarou que a emissora usou um “jogo de palavras” para negar a alegação e transferir a culpa para um agente de Paul. “Esconder-se atrás do fato de que Telegdy não a ligou pessoalmente, mas seu agente quem o fez, não o absolve de sua conduta injusta. Se o Sr. Telegdy desejar ver registros telefônicos da data de sua ameaça, podemos disponibilizá-los para o mundo inteiro. É francamente triste, mas não surpreendente, que, ao invés de abordar sua própria discriminação racial, a NBC queira tentar evitar os problemas sistêmicos que permeiam a empresa”, rebateu.

Freedman ainda criticou uma publicação feita pela NBC no último domingo (31), demonstrando apoio aos protestos antirracistas que estão tomando conta dos Estados Unidos, após o assassinato de George Floyd. “Estamos juntos com nossos funcionários, colegas, parceiros e criadores negros, indignados com atos de racismo. Vidas Negras Importam”, dizia o texto. “Quando Gabrielle informou a NBC de conduta racial ofensiva durante a gravação de ‘America’s Got Talent’, a emissora não a apoiou em sua ‘indignação por atos de racismo'”, afirmou Bryan.

“A NBC não se importou o suficiente para investigar prontamente as reclamações da Sra. Union ou mesmo em pedir ao RH que se envolvesse. Em vez disso, se opôs a ela e dirigiu seu ‘ultraje’ por denunciar a conduta racialmente ofensiva que ela vivenciou enquanto trabalhava no ‘America’s Got Talent'”, acrescentou.

Por fim, o profissional ainda ressaltou que havia um “nítido contraste com a recente manifestação da NBC sobre racismo”. “O que foi realmente um ‘ultraje’, foi o fato de Paul Telegdy, presidente da NBC Entertainment, ameaçar a Sra. Union na tentativa de silenciá-la de dizer a verdade sobre as ações racistas que ocorreram no programa. Não há lugar para esse tipo de bullying racial no local de trabalho, e será necessário mais do que um tuíte para demonstrar que a NBC pretende criar um ambiente livre de racismo”, finalizou.

Gabrielle compôs a bancada do talent show por apenas um ano. (Foto: Getty)

Union e Julianne Hough, outra jurada do “America’s Got Talent” foram demitidas no final do ano passado e, logo após, uma série de denúncias sobre o “ambiente tóxico” das gravações foi divulgada. Além de algumas apresentações com “blackface” serem aprovadas pelos produtores do talent show, reclamações sobre o cabelo da atriz e um caso de racismo envolvendo Jay Leno, um dos convidados do programa, vieram à tona.

“Meu objetivo é uma mudança real, não apenas neste programa, mas na empresa-mãe. Começa de cima para baixo. Quero criar um ambiente mais feliz, inclusivo, protegido e saudável em um local de trabalho”, afirmou Gabrielle, à Variety.