Dona de si e do mundo inteiro! Capa da edição de dezembro/janeiro da revista Glamour, a cantora Iza conversou com a publicação sobre o lado solitário da fama, a relação com a própria aparência, afetada pelo isolamento de ser a única criança negra nas escolas onde estudou, e o grande sonho de ser mãe: “Nasci para isso”.
De acordo com a estrela, o que ninguém fala sobre a vida de cantora bem-sucedida é a solidão constante. “Passo o dia rodeada de pessoas me tocando ou dizendo o quanto sou incrível, mas no fim do dia estou sozinha no quarto de hotel”, observou.
No entanto, o apoio das pessoas mais próximas é essencial para ela manter a saúde mental. “É uma relação muito especial, mas as pessoas que dizem que me amam só me querem no meu momento de felicidade, jamais no meu dia triste. O que me mantém sã é ter um marido incrível (o produtor musical Sérgio Santos), a minha família próxima e uma equipe atenciosa”, garantiu a musa.
Por mais absurdo que pareça, apesar de esbanjar beleza e autoestima hoje em dia, Iza passou por um longo processo para aceitar a própria aparência: “Hoje gosto muito do que vejo, mas cresci querendo fazer várias cirurgias. Com o tempo entendi que era maluquice tentar se encaixar em um padrão. Não é que comecei a me amar, mas cansei de não gostar de mim”. Há uma explicação bastante compreensível para a falta de confiança durante sua adolescência. “Tem tudo a ver com o fato de eu ter sido a única criança negra nas escolas particulares onde estudei. O sentimento de inferioridade me impedia até de acreditar nos elogios. Inclusive, fui dar o meu primeiro beijo só aos 17 anos, idade em que tudo começou a mudar”, contou.
Agora que é cheia de amor-próprio para dar e vender, a cantora enfrenta críticas na internet por postar fotos de seu corpo. “Acho que é o mesmo movimento de quando as mulheres negras começaram a assumir os seus cabelos crespos. Os mais radicais diziam que era proibido alisar, mas nós somos livres. A nossa única obrigação é nos sentirmos bem com o que vemos no espelho”, analisou. Mas Iza avalia que estamos crescendo na questão da representatividade: “Quando era mais nova, nem questionava, porque entendia que não fazia parte daquele mundo e pronto. Talvez seja por isso que tenha começado a cantar tão tarde. Demorei para ter noção de que as portas estavam abertas para mim. A maioria das pessoas não sabe, mas nós, mulheres negras, somos criadas com a exigência de sermos perfeitas, mas não nos enxergamos nos lugares”.
Para completar, a cantora falou do maior sonho que ainda não realizou ao lado do marido: ser mãe. “Queremos ter três filhos. Passamos o dia trocando fotos de crianças e sinto que nasci para isso. Como quero ser mãe nova, estou louca para que chegue logo. Sei que a maioria das mulheres enfrenta outra realidade, mas sou privilegiada por ser a minha própria chefe e ter estrutura para me adequar”, disse.