Joelma viveu o drama da violência doméstica em seu casamento com Cledivan Almeida Farias, mais conhecido como Chimbinha, quando ainda integravam a Banda Calypso. Foram anos sofrendo calada até que a artista decidiu se divorciar. Embora a parceria parecesse ótima nos palcos, fora deles a história era bem diferente segundo entrevista da cantora concedida à revista Marie Claire. Nos bastidores, havia um marido fora de controle sob o efeito álcool.
Assim, ele acabava descontando suas frustrações na esposa. “Ele reclamava que profissionalmente me respeitavam mais do que ele. Isso o deixava irado“, relata Joelma. “Sentiria muita vergonha se vissem meu rosto coberto por hematomas“, acrescenta ela, que passou três dias trancada em um quarto de hotel após a primeira agressão, apenas dois anos depois que se conheceram, em 2000.
Joelma conheceu Chimbinha, aos 23 anos, quando ainda cantava na ‘Banda Fazendo Arte’. Por meio de amigos em comum, os dois se aproximaram e logo ele começou a produzir o CD solo da cantora, que posteriormente se tornaria o da Banda Calypso. A paixão entre os dois nasceu enquanto trabalhavam no projeto e a partir daí, foram 18 anos de casamento e parceria musical. O comportamento abusivo do músico começou a aparecer com o passar dos anos até que aconteceu a primeira agressão.
A cantora revela que só conseguiu sair do quarto do hotel três dias depois da violência e relembrou acreditar que o marido mudaria. “Ele prometeu que nunca mais faria aquilo. Que se eu desse uma chance, provaria. Era o que ele sempre dizia: que não repetiria a agressão. Parecia mesmo arrependido. Acreditei“, assume.
No entanto, a promessa não se cumpriu. Dois anos depois, Joelma voltou a ser agredida por Chimbinha. “Naquela tarde ele já estava bebendo havia uns dois dias, virado. Pedi pra alguém avisar que estava passando do limite. E essa pessoa foi chamá-lo. Estávamos numa casa em Recife, que tinha um segundo andar com uma varanda sem proteção, e lá embaixo havia um muro com umas armações de ferro. Ele veio transtornado porque eu tinha mandado chamá-lo e começou a bater a própria cabeça na parede“, conta ela.
“As pessoas escutaram e pensaram que ele estava batendo a minha cabeça na parede. Uma pessoa dizia pra outra: ‘poxa, eu queria ir lá, mas estou com medo’. Até que um cantor da banda foi. Quando ele chegou, (Chimbinha) pegou o meu cabelo, saiu me arrastando e ia me jogar lá embaixo, nos ferros. O cantor o impediu. Não sei o que aconteceria comigo. Se perderia minha vida, se ficaria aleijada“, detalha a cantora.
Apesar dos anos de agressão, o motivo central da separação do casal não teria sido a violência doméstica. “Descobri que ele estava havia quase três anos com outra mulher. E que nesse mesmo tempo, desviava dinheiro da nossa empresa. E, apesar dos episódios de agressão anteriores, eu não sentia desconfianças ou ciúmes, não era do tipo que olhava o celular do marido. Sabia a senha e não olhava. Então um dia mandaram uma mensagem pra mim: ‘Quer saber a verdade? Olha o celular dele’. E realmente, quando peguei o celular descobri que me traía. A partir daí, parei de sorrir. Decidi na hora que me separaria“, disse Joelma.
Segundo a estrela, a reação do músico ao seu pedido de separação foi bastante violenta. Chimbinha teria partido para cima dela, mas o seu filho Yago (na época com 20 anos) o impediu e o jogou no chão. “Graças a Deus que meu filho não fez nada com ele. Mas o menino ficou traumatizado com a cena, porque gostava muito do pai (Chimbinha é pai de criação de Yago). Quando vi meu filho naquele estado, eu disse ‘não, acabou‘”, relata.
“Meu medo era continuar naquele casamento. E, graças a esses históricos de agressão, consegui uma medida protetiva, uma distância mínima de cem metros“, continua ela, garantindo não ter sentido medo de pedir o divórcio.
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Joelma ainda comenta na entrevista que solicitou novamente a medida protetiva, após esta ser retirada por um juiz. “Eu disse: ‘Olha, não confio’. Entrei com outro pedido. Estou aguardando agora. A Natalia, minha filha mais velha, também pediu a medida”, conta Joelma, apesar de não querer comentar a acusação de Natalia de ter sido abusada sexualmente pelo padrasto na adolescência.
A artista também diz que não tem mais nenhum contato com o ex-marido e que apenas seus filhos ainda vão até ele, mas que não se envolve nisso. Segundo a cantora, a decisão da separação foi tomada porque ela sentia medo. “Passei a temer pelos meus filhos. Pelas consequências que eles podiam ter por assistir à violência. Já estava cansada também e a história da traição foi como a última gota“, afirma Joelma.
A paraense também confessa que nunca pediu ajuda porque sentia vergonha e que só orava. De acordo com ela, suas conversas com Chimbinha giravam apenas em torno dele beber menos, mas não sobre um tratamento definitivo. “A verdade é que chegou um ponto em que a violência que vivia me deixou como um zumbi. Era visível que eu não era mais a mesma“, disse ela.
“Esse foi o segundo perdão mais difícil da minha vida. Fiquei três noites em claro, chorando de joelhos, pedindo pra Deus tirar o ódio de dentro de mim, que era muito forte. Não foi fácil. Não consegui logo. Mas quando consegui, foi como se tivesse me voltado o ar”, revela Joelma sobre a decisão de perdoar Chimbinha.
Apesar de ficar 18 anos sofrendo sem se manifestar, Joelma diz na entrevista que as mulheres não podem naturalizar uma agressão e que seus únicos arrependimentos foram não ter finalizado o casamento com o músico antes e não ter diminuído o ritmo de trabalho. De acordo com a cantora, era o ex-marido quem marcava todos os shows e ela tinha que comparecer. “E eram muitos shows, quase todo dia. O objetivo dele parecia mais financeiro do que familiar“, desabafa.