Adriana Araújo, jornalista da Record, lançou recentemente o livro “Sou a Mãe Dela” — que narra a jornada contra o preconceito ao lado da filha, Giovanna, que nasceu com uma “diferença”. Nele, ela relatou como o pai biológico da jovem quis trocá-la na maternidade, após descobrir que a menina tinha nascido com uma doença congênita.
Giovanna veio ao mundo sem um osso na perna e com apenas dois dedos na mão direita, pois nasceu com hemimelia fibular, uma síndrome congênita de causa desconhecida. Adriana nunca aceitou chamar a filha de “deficiente” ou “especial”. “Mas compreendo as mães que recorrem a ela (a palavra ‘especial’) para aliviar o peso do rótulo”, diz ela no livro. A jornalista preferiu a palavra “diferente”.
Em outro trecho da obra, Adriana contou que a sua primeira dificuldade na luta contra o preconceito foi lidar com o descaso de um até então namorado. “De tudo ficou a lembrança de uma frase, dita no meu momento de maior fragilidade: ‘Podemos pagar uma enfermeira e trocar de bebê. Pegar outra criança que vai nascer nas próximas horas’. O tom de voz era baixo, calmo, como se nada estapafúrdio houvesse naquela junção de palavras”, escreveu a jornalista no capítulo Ausência.
A autora completou: “‘Você quer trocar de filha?’, perguntou o pai biológico, que chegara de madrugada de uma viagem de trabalho. Emudeci. Não era uma sugestão real. Nunca foi e nunca achei que fosse. Não era a frase que eu esperava. Mas te digo: funcionou. Sequei as lágrimas e todas as minhas expectativas de colo, consolo e futuros diálogos”.
Adriana não revelou a identidade do pai biológico de sua única filha. Ela explicou que o genitor nunca foi uma pessoa pública. “Minha menina nasceu de um namoro precoce, sem nenhuma definição de futuro. Jovem, em início de carreira, solteira e grávida. Pois decidi que deveria ser assim que deveria continuar”, afirmou.
“Só dois anos depois daquela frase na maternidade que a separação se concretizou por uma decisão minha. O afastamento da filha foi uma escolha dele, consolidada pelo tempo”, concluiu, ao final do capítulo. Ela criou Giovanna sozinha: “Por isso, o que você lê nestas páginas é apenas o relato de uma mãe. Uma mãe e sua menina. Porque assim foi”.
Ao longa do livro, descobrimos que a jovem tem um pai de verdade, a quem ela chama carinhosamente de “Abu” (pai em árabe): Chico Zaidan Mendez. Ele é um jornalista com quem Adriana se casou e que acolheu a “sua menina” sem pensar duas vezes.