Capa da edição de dezembro da revista Elle norte-americana, Lady Gaga se sentou para um papo com Oprah Winfrey, que rendeu revelações interessantes. A diva da música passeou por alguns momentos icônicos de sua vida sob os holofotes, e ainda se abriu sobre questões íntimas e delicadas, como a automutilação. Questionada sobre o inesquecível vestido de carne que usou no VMA, de 2010, Gaga explicou o significado do look.
“Bem, o vestido de carne, francamente, eu não acho que seria tão chocante para todos como foi. Mas só eu que penso assim. Eu tenho uma espécie de cérebro excêntrico, então, para mim, eu fiquei tipo, é claro que isso faz sentido. Fui ao evento com soldados que foram dispensados do exército porque saíram do armário, ou foram descobertos, e para mim, se você está disposto a dar a sua vida por seu país, qual a importância da sua orientação sexual ou da sua identidade de gênero?“, analisou.
“Para mim, “carne é carne”, então essa era a intenção do vestido de carne. Para mim, isso não foi chocante; foi chocante para o mundo. E devo dizer que recentemente – depois de fazer Nasce uma Estrela, trabalhar com Bradley Cooper, e ganhar um Oscar – eu meio que me perguntei: “Você tem uma missão muito maior nesta terra do que chocar as pessoas. Sua missão é dar às pessoas uma forma de amor através de sua arte“, elaborou a cantora.
Na sequência, Oprah quis saber sobre o próprio Bradley. De acordo com a jornalista, ela chegou a conversar com o ator sobre os rumores de que ele e Gaga poderiam estar vivendo um romance para além das telonas. “Ele disse que se os boatos fossem verdadeiros, ele nunca seria capaz de te olhar nos olhos sentados naquele piano“, contou Winfrey, se referindo à comentada performance dos astros no Oscar deste ano.
“Absolutamente“, concordou Gaga, explicando como se sentiu com as especulações. “Francamente, acho que a imprensa é muito boba. Quero dizer, fizemos uma história de amor. Para mim, como intérprete e atriz, é claro que queríamos que as pessoas acreditassem que estávamos apaixonados. E queríamos que as pessoas sentissem esse amor no Oscar. Queríamos que ele passasse diretamente pelas lentes dessa câmera e para toda televisão em que estivesse sendo assistido. E nós nos esforçamos muito pra isso, trabalhamos por dias. Mapeamos tudo – foi orquestrado como uma performance“, destacou.
A estrela confessou que ela e Bradley chegaram a falar sobre os comentários de um possível namoro affair entre eles. “Na verdade, quando conversamos sobre isso, chegamos à conclusão: ‘Bem, acho que fizemos um bom trabalho!‘”, relembrou. A mesma noite garantiu outro momento especial para a artista, seu primeiro Oscar. Na ocasião, Gaga surpreendeu quando perguntada por um repórter sobre o que sentia ao olhar para a estatueta: “Muita dor“.
Agora ela explicou a origem do sentimento. “Não estava mentindo naquele momento. Eu fui estuprada quando tinha 19 anos, repetidamente. Ao longo dos anos, fiquei traumatizada de várias maneiras por várias coisas, mas sobrevivi e continuei. E quando olhei para o Oscar, vi dor. Não sei se alguém entendeu quando falei isso na época“, desabafou. “Eu tenho estresse pós traumático. Eu tenho dor crônica. A resposta neuropática ao trauma doloroso é uma parte semanal da minha vida. Estou tomando medicação. Eu tenho vários médicos. É assim que eu sobrevivi. Eu segui em frente, e aquele garoto por aí ou mesmo aquele adulto por aí que passou por tantas coisas, quero que eles saibam que eles podem continuar e que podem sobreviver e que podem ganhar o Oscar“, declarou.
Ao final, Gaga falou a Oprah sobre automutilação. “Na verdade, não me abri muito sobre isso, mas acho que é importante que as pessoas saibam e ouçam: me mutilei por um longo tempo e a única maneira de parar de me cortar e de me prejudicar foi quando percebi que o que eu estava fazendo era tentar mostrar às pessoas que estava sofrendo, ao invés de dizer a elas e pedir ajuda. Quando eu percebi que dizer a alguém: “Ei, estou com vontade de me machucar”, interrompia isso, passei a ter alguém ao meu lado dizendo: “Você não precisa me mostrar. Apenas me diga: o que você está sentindo agora?‘. E então eu poderia apenas contar a minha história“, explicou, dando uma dica para quem estiver passando por problemas similares.
“Eu digo isso com muita humildade e força. Sou muito grata por não fazer mais isso e desejo não glamourizá-lo. Uma coisa que eu sugeriria para as pessoas que lutam com estresse pós-traumático ou questões de auto-mutilação ou ideação suicida é na verdade gelo. Se você colocar as mãos em uma tigela de água gelada, isso choca o sistema nervoso e o traz de volta à realidade“, concluiu.