Luísa Sonza publicou um texto de retratação nesta quarta-feira (5), sobre o processo por danos morais – decorrente de injúria racial – movido contra ela. Nas redes sociais, a artista pediu desculpas à advogada Isabel Macedo. O caso se tornou público em 2020, quando Macedo, uma mulher preta, entrou na Justiça alegando que foi confundida pela artista com uma funcionária, e tratada de “maneira ríspida”.
“Acerca dos fatos narrados no processo, que ocorreram no dia 22/09/2018, no Restaurante da Pousada Zé Maria, eu reconheço que a maneira com que me dirigi a Sra. Isabel traduziu um ato de reprodução do racismo estrutural, o que de maneira nenhuma foi a minha intenção”, iniciou Sonza.
“Nesse contexto, venho a público pedir desculpas, não somente à senhora Isabel, mas a todos aqueles que já experimentaram as consequências do racismo estrutural. Venho também registrar que, na publicação do dia 07/09/2020, não quis me referir à Sra. Isabel como mentirosa, como também a minha assessoria não teve tal intenção na publicação do dia 18/09/2020. As referidas publicações foram em defesa às informações que eram divulgadas pela mídia de forma distorcida dos fatos narrados no processo”, declarou ela.
“Para que não haja qualquer dúvida, pontuo que as publicações não se referiam à pessoa da Sra. Isabel, que em nenhum momento quis notoriedade. Ainda, considerando que o racismo estrutural impacta o psicológico de um indivíduo, entendo como importante esse passo para que haja a conscientização e reflexão não só minha, como da sociedade. Por fim, ratificando o que foi exposto acima, reitero meu pedido de desculpas à Sra. Isabel”, concluiu.
Sonza também falou sobre a situação nos stories do Instagram. Em vídeo, ela explicou o motivo de ter demorado para fazer uma declaração pública do caso. “Primeiro eu queria dizer que eu não via sentido vir aqui pedir uma desculpa a todos só para me livrar de uma culpa. Acho que seria de uma extrema hipocrisia da minha parte, a partir do momento que eu comecei a entender tecnicamente toda essa situação e me aprofundar nesse assunto, eu entendi que a indenização ou o processo em si, era sobre o dever e o desespero de ser ouvida”, disse.
A cantora afirmou que o texto de retratação foi escrito junto com Isabel, de forma que a advogada se sentisse confortável e satisfeita. “Eu estou feliz que eu tenha conseguido resolver isso com a Isabel, conversado com a Isabel. Conversei muito com ela e agora sim eu acho que eu me sinto pronta para vir aqui falar sobre isso, e pedir desculpa publicamente também”, afirmou.
A respeito das publicações feitas em 2020 sobre o caso, Luísa disse que ela e a equipe ficaram sabendo da situação através de uma “matéria distorcida”. “Isso foi muito deturpado e também muito por falta de entendimento de toda a situação, lidando o tempo todo de uma maneira errada, sempre de uma maneira muito jurídica e sem entender a parte humana da situação”, reforçou a artista.
Por fim, Sonza declarou que espera que ocorrido sirva para educar outras pessoas acerca do racismo estrutural. “Para a gente combater isso a gente precisa ter atitudes individuais, que não compactuam com o racismo que a gente vive, que a gente é, que a gente é educado a ser. Isso é muito triste. Eu também fico decepcionada comigo mesma de não ter entendido e buscado isso antes, mas que eu sirva de alerta para as pessoas de entenderem isso a fundo. E quem ainda não entendeu o que aconteceu comigo, busque entender para não repetir o mesmo erro que eu cometi”, finalizou. Assista aos vídeos:
— LUÍSA SONZA (@luisasonza) October 5, 2022
— LUÍSA SONZA (@luisasonza) October 5, 2022
Relembre o caso
Em 2020, o jornalista Erlan Bastos divulgou o processo no qual Luísa é acusada de discriminação racial. De acordo com o relato da parte autora, Sonza havia confundido Isabel com uma funcionária no Festival Gastronômico da Pousada Zé Maria, dois anos antes. A mulher estava comemorando o seu aniversário e a cantora foi uma das atrações da noite.
Depois de assistir ao show, a advogada teria passado pela loira quando foi ao banheiro. Neste momento, ela teria sido abordada com um tapa no braço, enquanto a artista pediu para ela providenciar um copo com água. Segundo a descrição do documento, a vítima não teria entendido o que estava acontecendo a princípio e pediu para que a estrela repetisse a pergunta. “Foi quando a artista, novamente no mesmo tom ríspido, ordenou que a advogada buscasse um copo de água, pois ela estava com sede”, relatou o processo enviado à Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro.
Isabel falou que ainda chegou a questionar o motivo pelo qual a cantora acreditou que ela era funcionária do estabelecimento, uma vez que todos os trabalhadores dali estavam uniformizados. De acordo com o processo, Luísa teria se esquivado, “não deixando dúvidas que sabia que havia feito um julgamento preconceituoso em razão dos traços raciais” da advogada.
Na ação, a moça pediu uma indenização de R$ 10 mil por danos morais, decorrente de injúria racial, retratação pública de Luísa Sonza e da pousada na redes sociais, fixação de cartazes contra o racismo no estabelecimento onde teria ocorrido o crime e condenação dos réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Na época, Luísa negou o ocorrido. “Gente, tudo isso é MENTIRA! Não acreditem nisso! Eu jamais teria esse tipo de atitude. Vocês me conhecem bem, sabem qual é meu caráter, minha índole. Eu jamais ofenderia outra pessoa por conta da cor de sua pele. Jamais! Essa acusação é absurda. Minha equipe já está tomando todas as providências jurídicas quanto ao caso”, escreveu ela.