O ator Marcos Oliveira, famoso por seu papel como Beiçola na série “A Grande Família”, revelou ter sido vítima de um golpe no valor de R$ 300 mil. Em entrevista ao jornal O Globo, divulgada hoje (27), Oliveira contou que foi enganado por um homem identificado como Felipe Peres. Segundo o ator, Peres se apresentou como alguém que poderia gerenciar suas redes sociais, mas, ao longo de quatro meses, se apoderou de seu celular e contraiu empréstimos elevados em dois bancos privados.
O homem teria realizado empréstimos que somam R$ 228.192,59 por meio de aplicativos bancários e, além disso, sacado R$ 84.347,28 da conta do ator. Esse valor era proveniente de doações recebidas por Marcos, que enfrenta dificuldades financeiras e está à beira do despejo desde que terminou seu último trabalho na TV Globo, a novela “Deus Salve o Rei”, em 2018.
Oliveira explicou ao jornal que Peres passou a se apresentar como “assessor” do artista e fazia visitas frequentes à sua casa, alegando que o ajudaria com a produção de conteúdo para a internet. “Ele vinha uma vez por semana aqui em casa para me ajudar com as redes sociais. Durante esse tempo, ele tirou fotos do meu rosto e fez empréstimo pelos aplicativos de banco do meu celular. Eu espero que ele seja preso e que me pague”, declarou.
Segundo o intérprete de Beiçola, Felipe o teria “iludido” ao afirmar que o dinheiro emprestado seria usado para comprar duas casas em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
Em 21 de dezembro de 2022, a advogada e amiga do ator, Rose Scalco, acompanhada por Marcos Oliveira, registrou um boletim de ocorrência contra Felipe Peres na 9ª DP (Catete), na Zona Sul do Rio de Janeiro. O delegado Felipe Santoro liderou a investigação que resultou no pedido de prisão preventiva do suspeito, que responde ao processo na 33ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Rio. “Cumprimos todas as exigências e requeremos a prisão preventiva do homem”, explicou Santoro.
Divulgado em 3 de janeiro de 2023, o relatório assinado pelo delegado disse que a investigação concluiu que “Felipe, de forma deliberada e fraudulenta, obteve para si ou para terceiros vantagem indevida, explorando a vulnerabilidade do ator, que se encontrava acamado e em recuperação”.
No documento, Santoro destacou: “Restou comprovado que Felipe Macêdo Peres, livre e conscientemente, obteve para si ou para outrem, vantagem indevida, no valor de aproximadamente R$ 199 mil, mediante fraude, com a utilização indevida do aparelho celular da vítima, para auferir a vantagem. Os comprovantes acostados nos autos comprovam o efetivo prejuízo da vítima, trazendo para os autos a materialidade do delito de estelionato. Observa-se que o indiciado praticou o crime contra a vítima, que é pessoa idosa e estava acamada, aproveitando-se de sua total vulnerabilidade”.
Na época, Marcos Oliveira declarou em depoimento que Felipe havia feito outros dois empréstimos — um de R$ 48 mil e outro de R$ 23 mil — em um único banco, o que levou ao congelamento de 30% de seu benefício do INSS. Apesar das tentativas do ator de recuperar seus cartões bancários e celular, Felipe teria se recusado a devolvê-los, ameaçando expor o ator na mídia.
Diante das ameaças, o artista denunciou o caso à polícia, fornecendo indícios das conversas e transações fraudulentas realizadas pelo suspeito.
Provas obtidas pelo jornal mostram que Felipe Peres, que se chama de “Madrinha do Pix” em sua conta no Instagram, usou as contas bancárias da vítima para realizar diversas transferências de pequenos valores, como R$ 50, R$ 100, R$ 20 e R$ 10, para diferentes pessoas.
Além disso, menos de sete dias após contrair um dos empréstimos em nome do ator, o investigado contratou uma apólice de seguro de vida no valor de R$ 60 mil, também em nome da vítima.
De acordo com a polícia, essa não é a primeira denúncia contra Felipe Peres. O homem também possui duas anotações por estelionato e uma por furto. Com base nas provas apresentadas, incluindo extratos bancários, conversas de WhatsApp e outros documentos, Peres foi indiciado mais uma vez, em janeiro de 2023, por estelionato e apropriação indébita.
O caso foi encaminhado ao MPRJ para as devidas providências. Todavia, a promotora Janaína Marques Corrêa Melo, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), solicitou uma investigação mais aprofundada antes de apresentar a denúncia formal contra Felipe Peres. Em decorrência disso, o caso retornou à delegacia em janeiro deste ano e permanece sob investigação.
Em nota ao jornal O Globo, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) informou que, “após manifestação do MPRJ sobre a necessidade de prosseguimento das diligências, o juízo determinou a intimação do órgão e da autoridade policial para conhecimento da baixa dos autos à origem, para continuidade da investigação”.
A Polícia Civil também se manifestou, esclarecendo que “a investigação está em andamento e é acompanhada pelo Ministério Público. Além disso, agentes estão realizando diligências para esclarecer os fatos”.
Felipe Peres não foi localizado pelo jornal para comentar as denúncias. Seus advogados mencionados nos autos do processo também não foram encontrados. Segundo o veículo, Diego Vinicius Rosário do Nascimento, suposto responsável pela defesa de Peres, tem a situação suspensa no Cadastro Nacional dos Advogados (CNA), enquanto Vinicius de Souza Rodrigues Gonçalves não possui contato registrado no portal.
Histórico suspeito
O histórico de Peres é marcado por denúncias. Em abril de 2019, Felipe Peres passou a responder por processos de estelionato em Magé, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ele teve um mandado de prisão expedido, mas obteve um Habeas Corpus que substituiu a prisão por medidas cautelares.
Em 3 de agosto de 2018, Felipe Macêdo Peres, de 34 anos, foi acusado de estelionato contra uma mulher. Sua prisão preventiva foi substituída por medidas cautelares após ele, juntamente com uma cúmplice, se apresentar como alguém capaz de agilizar a concessão da aposentadoria da vítima junto ao INSS, obtendo vantagens ilícitas.
“Tem um outro processo também em fase de Inquérito em Niterói, sempre com o mesmo modus operandi: angaria confiança das vítimas idosas, doentes e vulneráveis e faz empréstimos em seus nomes. No caso do Marcos, o valor foi vultoso”, explicou Rose Scalco.
Despejo de Marcos Oliveira
Enfrentando dificuldades financeiras há anos, Marcos Oliveira recebeu uma nova ordem de despejo em 21 de agosto. O ator foi informado de que deve deixar o apartamento que divide com suas três cadelas — Mel, Preta e Lolita — em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Dois oficiais de Justiça comunicaram que ele deve desocupar o imóvel em 15 dias devido a três meses de aluguel em atraso, totalizando R$ 12.123,14, incluindo custos judiciais.
Em entrevista, o ator expressou sua desesperança: “Eu estou em pânico, sem condições de nada e apático. Tenho que sair e não sei para onde vou. Para prender bandido leva dois anos, mas para despejar leva cinco minutos”.
Esta é a segunda ordem de despejo que Marcos recebe. No início do ano passado, “Beiçola” também enfrentou a situação por conta de três meses de aluguel em atraso. Naquela ocasião, com a ajuda de um seguro fiança e uma doação de R$ 50 mil da advogada e influenciadora Deolane Bezerra, ele conseguiu quitar as dívidas.
Em julho de 2023, a advogada de Marcos, Rose Scalco, negociou com a Justiça um acordo para parcelar um débito de R$ 14.705,56 em 18 vezes. Com a doação de Deolane em outubro, Marcos optou por pagar o valor total de uma vez, encerrando as parcelas que estariam previstas para 20 de dezembro deste ano.
“A gente quer que ele saia desse apartamento, pois é muito caro para a situação dele. Mesmo que ele vá para um menor, ele não tem renda fixa para pagar e está com o nome sujo, não podendo alugar nada. Então, ele não tem nome limpo para pagar um seguro fiança e nem para colocar outro apartamento em seu nome”, disse Rose.