Mariana Goldfarb desabafou sobre um relacionamento abusivo que viveu ao participar do podcast “Bom Dia, Obvious”, de Marcela Ceribelli, nesta segunda-feira (18). A modelo, que foi casada com Cauã Reymond até abril do ano passado, não chegou a citar nomes. Ela relatou ter passado por situações de violência psicológica e de manipulações em uma antiga relação.
No papo com Marcela, Mariana admitiu que se sentia muito sozinha e afastada de outras pessoas. “A agressão psicológica não deixa marca visível. Fica difícil mostrar que você está passando por certas coisas, ou que passou por certas coisas, porque a olho nu você não consegue ver”, afirmou.
A nutricionista, então, comentou como se sentia no relacionamento. “Era tão infernal, a tortura psicológica, os tratamentos de silêncio eternos, aquela confusão mental, as noites sem dormir, o olho tremendo, o cabelo caindo, o trabalho… Você não pensa em mais nada, o seu dia é 100% tomado em como fazer aquilo parar e fazer aquela pessoa te amar de novo”, relatou.
Ela ainda apontou como foi mudando ao longo da relação: “Eu não me reconheço, o que me salvou foi escrever, sempre foi um mecanismo meu de expurgar aquilo. Tenho muita coisa escrita dessa época, me ajudava a entender um pouco o que estava acontecendo, junto com a análise”.
“Perdi grandes amizades. É uma das milhares de formas de manter a pessoa sob controle é o isolamento, é uma das táticas. É muito boa, por sinal. Eles não mudam o roteiro. Você não consegue enxergar o nível de perversão, é um nível muito alto, não é para amadores”, completou.
Goldfarb também destacou como teria começado o abuso psicológico, na “fase da lua de mel”. “Nesse momento, a gente se abre, a gente se vulnerabiliza, a gente fica exposta. Mas o jogo começou muito antes, porque ele te escolheu, ele já foi em você sabendo onde é que ele estava indo. Eu abri espaço, abri brecha na minha vida por não me conhecer tão bem. Tinha uma essência muito forte na época, mas a opinião alheia e a sociedade já me influenciavam muito. Era a garota ingênua, que ainda acreditava no romance, no filme, no homem que vai vir no cavalo branco. Tinha isso, essa parte morreu”, analisou ela.
Mariana admitiu que não entendeu “de cara” o que estava vivendo. “Eu demorei muito tempo pra entender que aquilo que eu estava passando tinha um nome, que aquilo existia, que eu não estava inventando, que aquilo era da minha relação. É uma coisa geral, comum a muitas mulheres”, observou.
Briga marcante
“E eu lembro que eu falei isso em uma das brigas que eu tive. Eu falei: ‘Cara, isso aqui é uma relação abusiva’. E aí o bicho pegou, porque ele sabia que eu sabia”, recordou ela. “Toda hora eu estava pisando ovos. Eu não sabia como ia ser o acordar, e podia ser totalmente diferente do dormir. No sentido de que, quando era um pedido de desculpas, era assim: ‘Não, mas isso não é nada demais. Todo mundo é. Você está inventando’. O nome disso é gaslighting (manipulação psicológica). E eu começava a questionar a minha realidade”, detalhou.
Foi então que a influencer contou como se sentia no relacionamento. “A gente fica exausta, e com muito medo em casa. Eu comecei a ficar paranóica, trancar tudo, com muito medo de entrarem na minha casa. Aí checa [se fechou tudo], aí tranca a porta do quarto. E a minha rua é segura, tem segurança, é vigiada. Mas o medo”, refletiu.
Mariana então aconselhou outras mulheres a se atentarem aos sinais de que estão em um relacionamento abusivo: “O desconforto constante, a sensação de não saber a realidade, acho que vai dando uma angústia. Lembro de estar muito angustiada, de não ter respostas, de não entender o porquê das explosões. É nisso que a gente tem que prestar atenção, nos gritos, na ‘bateção’ de porta, em jogar alguma coisa na sua direção”.
Hora de ir embora
Na conversa com Ceribelli, a modelo entregou que só saiu da relação após ter buscado ajuda profissional de uma analista e ter estudado sobre esse tipo de violência. “Sempre estive triste, sempre estive cansada. Acho que foi quando entendi que aquilo não iria mudar, não iria importar o que eu fizesse, que já tinha feito de tudo que podia e muito mais. Desde as menores coisas, até as maiores”, listou.
Goldfarb acrescentou que tomou a iniciativa ao se “sentir pronta”. “Fui embora, falei: ‘A gente conversa mais tarde’. Peguei tudo, botei tudo em saco de lixo, liguei para minha irmã, ela foi comigo, não estava conseguindo levantar do chão. Terminar nessa situação já é quase um ato heroico, me sinto uma heroína… Fui bem fria no sentido de que falei que não iria levar nada, vou começar do zero, mas vou me ter e vou existir. É melhor do que virar um fantasma na sua própria casa, não se reconhecer, não olhar no espelho, não ter dignidade. Moro numa casa muito menor, mas moro muito bem, minha casa tem paz”, concluiu Mariana.
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