Na madrugada desta sexta-feira (14), MC Trans fez um desabafo nas redes sociais, após ser vítima de transfobia. No relato, a cantora contou que reservou um hotel, na cidade de Blumenau (SC), mas foi impedida de se hospedar quando o responsável notou que ela era uma mulher trans. Nas imagens, publicadas pela apresentadora, o homem afirma que precisa seguir as “normas” impostas pelo dono do local.
“Passei a pior transfobia da minha vida. Estou em Blumenau e precisei de um hotel. O assessor ligou, reservou, chegando lá o Leandro (marido da MC) entrou na frente e estava tudo certo. Quando eu cheguei, ele disse que não poderia me hospedar. Estou acabada, está chovendo muito, sem hotéis livres na cidade, estamos cheios de malas. Vou ter que passar a noite em claro. A transfobia está me deixando muito mal. Foi humilhante, estou apavorada”, relatou ela, aos prantos.
No vídeo, o homem diz que não pode atender a MC porque o dono do estabelecimento é “um senhor de idade” e “conservador“, e que o hotel “não tem um espaço separado para isso“. Assista:
Ao hugogloss.com, a cantora contou que está na cidade para realizar um procedimento estético. Este, no entanto, teria sido um episódio isolado em Blumenau. “Eu nunca passei nenhum tipo de transfobia, aqui as pessoas sabem respeitar. Ando de mão dada com meu noivo no shopping e só tenho recebido carinho. Foi um caso muito isolado e muito desrespeitoso. Agora estou hospedada na casa de uma amiga”, explicou.
Legalmente, a MC pretende levar o hotel na Justiça: “Meu advogado vai entrar com um processo. Estou muito chocada com a situação. Vou fazer um boletim de ocorrência também. Isso é inadmissível! Minha vida ficou em risco. Eu fiquei numa cidade desconhecida, na chuva, de madrugada, sendo que já tinha sido feita uma reserva. A gente não tinha pra onde ir”.
Ela continuou o desabafo, lamentando como sua estadia foi “arruinada” por uma única pessoa. “Como que uma pessoa pode estar estragando uma cidade que é a terceira mais segura do país. A única que eu fiquei mais tempo, a única que eu sempre volto, que eu desfilei, e uma pessoa estava estragando tudo que eu vivi aqui. Eu me senti um lixo. Fiquei com pena de mim e da cidade ao mesmo tempo. Me senti incapaz. Percebi que nada que eu falasse, nada que eu fosse, minha profissão, meu dinheiro, minha veste, nada importava, só o fato de tirarem a travesti dali”, disse.
A jovem, que apresenta um quadro no programa “HERvolution”, da RedeTV!, afirmou que recebeu relatos de seguidores que passaram por situações parecidas no estabelecimento. “É lutar contra a transfobia. Mostrar para a sociedade que nós, travestis e transsexuais, não aceitaremos mais o castigo de ficar em pé numa esquina. Nós aprendemos a falar, a lutar pelos nossos direitos, a lutar contra isso. Eu não gritei, não xinguei e não quebrei o hotel porque era isso que aquele homem queria de mim. Eu simplesmente gravei, fui fina, fui forte e fui guerreira”, afirmou.
“Eu saí dali e fui em direção a um lugar seguro. Graças a Deus eu encontrei uma amiga, mas nós não vamos mais aceitar caladas. Nunca aconteceu isso aqui, fico triste por ter sido comigo. Eu gosto de levar alegria. Trazer isso é maçante, é cansativo, é doloroso pra mim”, concluiu.