Mulher que denunciou Felipe Prior por estupro chora e dá relato forte ao ‘Fantástico’: “Fez uma poça de sangue no carro”; assista

Laudo médico ao qual o dominical teve acesso atestou laceração na vagina da moça

Felipe Prior

Felipe Prior foi condenado na Justiça pelo crime de estupro. A decisão expedida no sábado, 8 de julho, se refere a um caso acontecido na cidade de São Paulo, em 2014. No “Fantástico” deste domingo (16), a denunciante falou pela primeira vez e deu um relato forte de como foi violentada dentro do carro durante uma carona. O dominical também apresentou o laudo médico da jovem, que apontou uma “laceração na vagina”.

A condenação da juíza Eliana Cassales Tosi Bastos, da 7ª Vara Criminal de São Paulo é em primeira instância, e Prior pode recorrer em liberdade. A denúncia foi feita em 2020. Na época, a vítima tinha 22 anos e cursava arquitetura em uma universidade particular da capital paulista. “A gente começou a ter contato por conta de uma colega minha, de sala, que também estudava na Zona Norte. Todos nós morávamos na Zona Norte. Ela conversou com ele e sugeriu da gente fazer um esquema de caronas pagas, já que a gente morava todo mundo perto”, contou.

O estupro

O caso teria ocorrido após uma festa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), em 8 de agosto de 2014. “Na hora de ir embora, eu cruzei com Prior. Ele disse: ‘Também estou indo, você quer uma carona?’. Aí eu concordei. Essa minha amiga que estava comigo, ela também morava na Zona Norte”, explicou.

Segundo a jovem, o ex-BBB deixou a outra moça em casa e, por isso, só restaram os dois no carro. “Ele deixou primeiro a minha amiga na casa dela. E quando a gente estava indo sentido à minha casa, ele parou o carro no meio da rua. E desafivelou meu cinto, começou a me beijar. E aí ele foi pro banco de trás e me puxou”, relatou.

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“Começou a tirar minha roupa. E, à medida que as coisas iam acontecendo, ele se tornava cada vez mais agressivo comigo. Eu falei: ‘Felipe, eu não quero’. Eu comecei a tentar resistir fisicamente e ele começou a puxar meu cabelo. Começava a me segurar pelos braços, me segurar pela cintura. Começou a forçar a penetração. Quantas vezes eu preciso falar ‘não’ pra pessoa entender que está me machucando? E ele é muito mais forte que eu, então não tinha como sair dessa situação. Foi bem doloroso. Eu gritei. Começou a sair muito sangue”, continuou a vítima.

A jovem contou que o ex-BBB se assustou quando viu a quantidade de sangue no carro. “Foi o susto que ele teve que levar para parar. Porque fez uma poça de sangue no carro dele, nele”, revelou.

No relato, ela ainda mencionou que Prior ofereceu para levá-la em um hospital: “Eu falei que não, que eu só queria ir para minha casa”. Já em sua residência, a menina tentou estancar o sangue sozinha, mas sem sucesso. Foi então que a mãe decidiu procurar um médico. “Fiquei no chuveiro tentando estancar o sangue sozinha, mas minha pressão já estava muito baixa. Fui acordar minha mãe e pedi para ela me ajudar”, disse.

Felipe Prior foi condenado pelo crime de estupro. (Foto: Reprodução/Instagram)

Laudo médico 

No hospital, segundo o prontuário ao qual o “Fantástico” teve acesso, a médica atestou uma “laceração de grau 1 – compatível com fricção de pênis ou introdução de outro instrumento na vagina”. A médica me perguntou diversas vezes, perguntou para minha mãe o que, de fato, tinha acontecido. Que lá era um lugar seguro, que eu podia confiar nela, que era necessário falar a verdade, mas eu não quis falar”, lembrou.

Ela ainda contou que dia seguinte, Felipe Prior mandou uma mensagem, perguntando como ela estava se sentindo. “Falei que eu estava machucada, que tinha feito uma ferida e pedi para ele não contar para ninguém. Eu estava com medo dele falar para as outras pessoas e eu ficar marcada por essa situação. Eu não queria que as pessoas me vissem, me enxergassem e pensassem nisso”, desabafou.

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Decisão de expor o caso

Segundo a vítima, ela decidiu expor o estupro para ajudar as mulheres que já sofreram abuso sexual e não tiveram coragem de denunciar. “Eu não me via como vítima. Eu fui escondendo isso de mim mesma, evitando lidar com essa situação. Eu achava que ia conseguir apagar isso da minha vida e seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Mas isso não aconteceu, eu tive crise de pânico, de ansiedade e a minha situação psicológica foi agravada”, lembrou.

Em 2017, com o início do movimento “Me Too”, ela percebeu que não estava sozinha e começou a pensar nas consequências do abuso. O movimento incentiva as vítimas a denunciarem seus agressores: “Foi quando caiu a ficha que não era minha culpa e que ele tinha me estuprado”.

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Em 2020, quando Felipe Prior entrou no “BBB“, as crises voltaram. “Eu tive uma crise de pânico nesse dia. Foi quando eu vi o rosto dele pela primeira vez em muitos anos. Eu só decidi denunciar tudo o que aconteceu depois que eu comecei a receber das minhas amigas prints de tuítes de outras mulheres falando que tinham sido abusadas e violentadas por ele”, afirmou.

“Eu posso ajudar as outras mulheres a terem coragem de se posicionar. Porque isso precisa parar. Sempre vai ser uma ferida aberta, infelizmente ela faz parte da minha história. O que eu posso fazer hoje é mostrar para o mundo que nenhuma mulher merece ter uma ferida dessas. Eu espero que minha história seja de incentivo à mudança e à transformação”, concluiu. Assista ao relato:

Felipe Prior se manifesta 

O caso foi revelado pela revista Marie Claire em abril de 2020, após a saída do arquiteto do “Big Brother Brasil“. Já neste mês, a juíza Eliana Cassales Tosi Bastos declarou que houve crime de estupro, já que “os depoimentos são coerentes e formam um conjunto robusto de provas”. Ainda existem outras três denúncias de estupro contra Felipe Prior; em uma deles o ex-BBB já é réu. Os outros dois casos ainda estão sendo investigados. Caso seja condenado em todos, ele pode pegar 24 anos de prisão.

Os advogados de Prior, em nota, reforçaram a inocência do cliente e garantiram que vão recorrer da sentença. “A defesa e o próprio Felipe seguem plenamente confiantes no Poder Judiciário Brasileiro e, assim, na reforma de sua injusta condenação”, diz o comunicado. “Sua defesa informa que, no momento oportuno e através de alguns veículos, Felipe se manifestará esclarecendo os fatos distorcidos e inverídicos apresentados como resposta para os demais veículos de comunicação”, finalizaram os advogados.

Ainda nesta semana, após ser condenado, Felipe Prior se pronunciou através de nota no Instagram. O ex-BBB limitou a quantidade de comentários na publicação, que já acumula mais de 57 mil curtidas. O texto foi assinado pelos advogados do arquiteto.

A sentença será objeto de Apelação, face a irresignação de Felipe Antoniazzi Prior e de sua Defesa, que nele acredita integralmente, depositando-se crédito irrestrito em sua inocência e de que, em sede recursal, lograr-se-á sua reforma, em prestígio à Justiça, reconhecendo-se sua legítima e verdadeira inocência, que restou patentemente demonstrada durante a instrução processual”, afirmou a nota. Leia a íntegra:

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Como denunciar um caso de abuso sexual, estupro e/ou agressão?

No Brasil, o serviço Disque 100 é um número do Governo Federal que dá orientações e registra casos de violação de Direitos Humanos. Funciona diariamente, das 8h às 22h. As mulheres que estejam passando por situação de violência física, psicológica ou sexual, também podem procurar a Central de Atendimento à Mulher, no Disque 180. O telefone funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A denúncia ainda pode ser feita através do formulário disponível em https://ouvidoria.mdh.gov.br.

Vítimas de estupro também podem procurar hospitais para prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Caso o intuito seja denunciar, é importante buscar uma delegacia especializada em atendimento a mulheres ou a mais próxima do local.

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