Nesta quarta-feira (6), novas imagens das câmeras de segurança do prédio onde Victor Meyniel foi espancado pelo estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre vieram à tona. No registro, obtido pela Polícia Militar e divulgado pelo g1, é possível ver o momento em que a discussão entre a vítima e o agressor tem início.
O caso aconteceu no dia 2 de setembro, por volta das 8h21, quando Yuri apareceu na portaria do edifício, localizado na Rua Siqueira Campos, em Copacabana, no Rio de Janeiro. O porteiro Gilmar Agostini aparece e parece arrumar o elevador, quando o agressor caminha até ele.
Segundos mais tarde, Meyniel sai do elevador e dá de cara com Yuri, que estava esperando junto ao porteiro. Victor imediatamente se dirige a Yuri e os dois começam a bater boca, enquanto andam para lá e para cá. Gilmar, por sua vez, se afasta e pode ser visto sentado em sua cadeira no lobby, observando a confusão.
Após uma longa discussão, que chega a acontecer bem em frente à Gilmar no hall do prédio, o estudante parte para cima de Meyniel, que cai no chão com o impacto dos golpes. O vídeo revela que Victor foi alvo dos socos de Moura por cerca de dois minutos. O porteiro observa todo o ataque, sem se manifestar ou auxiliar a vítima.
Dois minutos depois das agressões cessarem, Gilmar se levanta, vai até Victor e o levanta do chão. Após tirá-lo do chão, o homem retomou seu lugar na portaria do prédio. De acordo com as câmeras, Yuri começou as agressões às 8h24m18s. Às 8h24m55s o estudante parou de desferir os golpes e deixou o local. Gilmar ergueu o artista às 8h26m34s. Assista:
O agressor
Yuri de Moura foi preso em flagrante e levado para a Delegacia de Copacabana. Ele responderá por lesão corporal, injúria por preconceito e falsidade ideológica por ter se identificado como médico militar.
“Ele falou que bateu mesmo, não se arrependia e se achava no direito, que ele era médico e militar da aeronáutica. Nós já investigamos, ele parece ser residente, ele não é médico ainda, e faz uma residência. Mas a gente não confirmou se seria no hospital da aeronáutica. Agora, militar ele não é”, declarou a delegada.
A defesa do ator Victor argumenta que a violência sofrida por ele teria sido motivada pela exposição pública da sexualidade do agressor. A advogada Maíra Fernandes afirmou que o artista teria questionado, na portaria do prédio, se “ninguém sabia” sobre a orientação sexual de Yuri. Durante o espancamento, o estudante teria declarado: “Eu não sou viado [sic]. Você é que é”.
Lucas Oliveira, responsável pela defesa do agressor, pontuou em comunicado à imprensa que a identidade sexual de Yuri nunca foi ocultada, pois ele teria sido casado com uma pessoa do mesmo sexo. O advogado declarou, ainda, que a sexualidade do cliente estaria sendo “apagada” pela justificativa de que ele teria praticado crime de homofobia e estaria sendo “obrigado” a provar que é gay.
O advogado não contestou a acusação de lesão corporal, mas argumentou que “há nos autos do processo exame de corpo de delito realizado por perito oficial que prova que as lesões [contra Victor] não geraram incapacidade, perigo de vida ou debilidade permanente”.
Os investigadores apontaram que, além do caso com Meyniel, Yuri tem outra passagem pela polícia, também pelo crime de injúria. Caso seja condenado, ele pode pegar até 11 anos de prisão.