Paolla Oliveira desabafou sobre a pressão estética que as mulheres enfrentam. Neste domingo (26), a atriz participou da 10ª edição do Power Trip Summit, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e revelou ter pedido para as revistas e campanhas exibirem o seu corpo real, sem uso de Photoshop. Ela também refletiu sobre os críticos, a autoconfiança e a importância da saúde mental.
A artista relatou que não usava edição em suas imagens nas redes, mas se incomodava ao ver que revistas ou campanhas seguiam fazendo esse tipo de tratamento em suas fotos. A situação escalou até Oliveira pedir diretamente a publicações para não usarem mais Photoshop nos cliques dela.
“Nunca tive vontade de voltar a usar Photoshop e filtros, porque me via mais natural nas minhas redes e percebia que meu entorno me modificava, porque as coisas escapam das nossas mãos em uma capa de revista, em uma campanha. Cheguei ao ponto de pedir para devolver meus volumes, minha perna, minhas dobrinhas. Estou muito satisfeita em não precisar me modificar“, declarou a atriz, segundo a revista Marie Claire, que promoveu o evento.
Paolla explicou que também quis ter essa “liberdade” na internet. “Talvez por ser atriz e me modificar muito, estou sempre atrás de algum artifício, e nas minhas redes sociais quis me mostrar como eu mesma, era um valor meu, queria só a liberdade de não ter que ser perfeita nas minhas redes, ter minhas transformações, mudanças e não ter ninguém falando nada, porque ali é um espaço meu“, explicou.
A atriz disse que “detesta” a palavra “padrão” e refletiu sobre quem crítica os seus cuidados com o corpo. “Sinto muito que as pessoas confundem filtro e modificação com maquiagem, luz, ângulo, que são artifícios que podemos usar, mostrando o melhor que podemos ser. Questionam o porquê de eu ir para a academia, já que estou “sem filtro”, e isso não faz sentido!“, desabafou.
Ela continuou: “Caí nessa cilada de responder essas pessoas que falaram do meu corpo muitas vezes, menti até, para suprir coisas que nem precisava suprir. Como esses homens se preparam para a vida? Ninguém questiona isso para eles. A gente se arruma para uma reunião online, o cara no máximo passa desodorante. Perdemos tanto tempo pensando em estética, em look, maquiagem, até para a vida pessoal, em encontros. Ninguém pode tirar nossa potência por causa da nossa aparência“.
Paolla também explicou que considera o “tempo” a maior estratégia para autoconfiança. “A autocrítica era enorme, eu achava que tinha que me sentir mal, porque devia alguma coisa, era menos que alguém, não deveria estar naquele lugar. Mas veio um ponto de autoconfiança através de várias mulheres e, por isso também, consegui conquistar mais a autoconfiança e não ficar à mercê das críticas“, refletiu.
“Ela não é perene, por mais que a gente batalhe, tem algo que pode acontecer que nos faz pensar, ‘cadê a coragem que estava aqui?’. Mas não podemos nos abater com as primeiras críticas porque precisamos seguir caminhando. Cada uma tem a própria estratégia para aumentar a sua autoconfiança. Do alto do meu privilégio, vejo que mulheres se identificam, porque enxergam que estamos todas no mesmo caminho, sob pressão, fico feliz que elas tenham me encontrado e que falem comigo sobre como o meu discurso as toca“, agradeceu a artista.
Paolla, ainda, se abriu sobre ter passado por uma “autossabotagem” em relação ao corpo. “Quem aqui não vive ou fica doente e o médico diz que é ‘estresse’? Como evitar isso? Sai do trabalho, pede ‘dispensa’ da família? Todas as vezes que estive afastada do que era o aceitável para a opinião alheia, estava sempre doente, com hipertireoidismo, precisando tomar corticoide até. Nunca ninguém perguntou se eu estava bem, não queriam saber se era algo importante para a minha saúde“, desabafou.
Por fim, ela refletiu sobre a importância de cuidar da saúde mental. “O mundo nos valoriza não pelo que somos, mas pela nossa aparência, mulheres perdem oportunidades em várias áreas por isso, ela está errada de qualquer maneira. Espero o dia em que realmente vamos nos importar com o outro, se a pessoa está doente, se mutilando. Não tem jeito de estar certa, a saúde mental é o que você se propõe a ser, é o que temos que cuidar mais hoje, estarmos íntegras com nós mesmas. O maior cuidado que podemos ter é cuidar da nossa cabeça e não deixar que essa insegurança que nos ronda entre na nossa vida“, disse.
“Não quis mais ficar em cima de privilégios, soube o que era importante para mim e quis manter isso. Como vale mais sermos uma pessoa importante, com linha de raciocínio que faz sentido, que se comunica com mulheres. Eu me sentia um rato, diminuída e quando emergi de tudo isso e encontrei um caminho que me libertava, ganhei uma vida forte para além da celebridade, do trabalho, que sou muito grata, mas a gente ser íntegra e com propósitos me fez chegar até aqui e fechar o ciclo de que sou todas as vertentes da minha vida. É um privilégio viver quem a gente é todos os dias“, finalizou.