Uma mensagem da Silvana Taques, mãe de Larissa Manoela, sobre a religião de André Luiz Frambach, veio à tona em reportagem do colunista Lucas Pasin, do UOL. Nesta terça-feira (22), a fala acabou se tornando alvo de inquérito da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Segundo informações do g1, a corporação investiga a notícia-crime de discriminação e preconceito religioso feito pela Comissão de Combate a Intolerância Religiosa do Rio contra a mãe da atriz.
Na mensagem, enviada por Silvana a Larissa no dia 24 de dezembro de 2022, véspera do Natal, pelo WhatsApp, a pedagoga dispara xingamentos contra a filha. Em um longo texto, Larissa pede que a mãe repense as últimas atitudes, mas admite que sente falta da “melhor amiga”. A resposta de Silvana, entretanto, não foi positiva. “Vai à m*rda, vai? Esqueça que eu sou sua mãe! Nem li sua mensagem e já apaguei! Você fez suas escolhas e eu também”, disparou.
Na reportagem do “Fantástico“, exibida no domingo (20), a TV Globo optou por ocultar o resto da conversa, que menciona o tema religião. Entretanto, no print divulgado por Pasin, a mãe da atriz foi mais longe e chamou a família do genro de “macumbeira”: “Esqueci de te desejar… que você tenha um ótimo Natal aí com todos os guias dessa família macumbeira kkkkkk”. A família de Frambach é espírita kardecista.
O termo “macumbeira” — que nomeia cultos religiosos de matriz africana — foi interpretado como usado de forma pejorativa, alegou a Comissão de Combate a Intolerância Religiosa do Rio, na notícia-crime assinada pelos advogados Carlos Nicodemos Oliveira Silva e Maria Fernanda Fernandes Cunha.
“A configuração desse ato discriminatório apresenta-se como formas contemporâneas do racismo, que objetiva preservar a incolumidade dos direitos da personalidade, como a essencial dignidade da pessoa humana. Deve-se inibir, desse modo, comportamentos abusivos que possam, impulsionados por motivações subalternas, disseminar criminosamente o ódio público contra outras pessoas em razão de sua religião”, disse a organização em documento obtido pelo veículo.
A ação continua, afirmando que a mãe de Larissa teria “ultrapassado limites de intolerância” contra a religião: “Dessa forma, mostra-se que a manifestação de Silvana extravasa os limites da livre manifestação de ideias, constituindo-se em insultos, ofensas e estímulo à intolerância e ao ódio contra as religiões de matriz africana, não merecendo proteção constitucional e não podendo ser considerados liberdade de expressão, enquadrando-se no crime de racismo”.
O babalawô — sacerdote exclusivo de Orumilá-Ifá do Culto de Ifá na religião iorubá, das culturas jeje e nagô — Ivanir dos Santos, que é coordenador do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), comentou o caso e explicou o motivo da ação contra Taques. “Era um caso da esfera privada, que só cabia à atriz ou o namorado dela representar. Mas, à medida que se tornou público e pode ofender aos adeptos da religião, entramos com uma notícia-crime pedindo que o fato seja investigado”, explicou.
Nas redes sociais, Silvana também foi acusada por internautas de cometer “intolerância religiosa”. Até o momento, a defesa de Taques não se manifestou sobre o inquérito, a mensagem e nem sobre os comentários da web.