A Record foi condenada a pagar uma indenização de R$ 20 mil à atriz e escritora Tânia Regina, de 65 anos. A informação foi divulgada nesta terça-feira (7). A decisão foi tomada porque Tânia foi alvo de agressões após a exibição de uma reportagem do programa “Balanço Geral”, em 2021.
O desembargador Alexandre Coelho alegou que a matéria continha “distorções e inverdades”, além de ter causado “desastrosas consequências”. A casa da atriz, que fica localizada no interior de São Paulo, chegou a ser apedrejada, e ela sofreu ofensas nas ruas, como a situação em que uma pessoa cuspiu nela.
A reportagem intitulada “Quem é a atriz de novelas que foi acusada de sequestrar menina após adotá-la?” contava a história de quando Tânia adotou uma criança nos anos 1980. Na época, ela tomou a atitude para impedir que a mãe biológica a matasse. A artista viu a mãe agredindo a menina de cinco anos ao voltar de uma gravação da novela “Rosa Baiana”, da Rede Bandeirantes, em Salvador (BA).
A adoção foi legalmente validada após uma investigação minuciosa. Um ano depois, com o fim das gravações, Tânia levou a criança para São Paulo, onde morava. Em 2021, aos 46 anos, a filha da atriz procurou a Record para tentar localizar algum parente biológico. A emissora e a artista conseguiram, então, achar um irmão dela, que estava morando na África do Sul.
“O que era para ser uma história linda de superação, tornou-se um verdadeiro caos na vida da atriz”, declarou o advogado de defesa de Tânia, Luiz Antunes, à Justiça. “A emissora abusou do sensacionalismo para obter audiência”, disse ele no processo. Além de usar a palavra “sequestro”, a reportagem deu a entender que Tânia agredia a criança.
“A edição da reportagem não esteve de acordo com os ditames do código de ética do jornalismo”, afirmou Coelho na decisão. “Dar a entender a todos os telespectadores, em nível nacional, que a atriz seria a responsável pelos sofrimentos da pessoa que adotou é informação inverídica que agrediu a sua honra e dignidade”, adicionou.
A Record ainda pode entrar com o recurso. “O relato refere-se ao período anterior à adoção e, para se chegar a esta conclusão, basta a mera visualização da reportagem”, declarou a emissora à Justiça. “A matéria deu ênfase à nobre e heróica atitude da atriz em adotar a menina, provavelmente lhe poupando um destino trágico”, pontuou.
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