Família real britânica é acusada de usar políticas racistas em contratações de funcionários, e Palácio de Buckingham se manifesta; entenda o caso

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A casa caiu… Ou melhor dizendo, o Palácio de Buckingham! Em matéria publicada nesta quarta-feira (2), o The Guardian afirma ter descoberto documentos comprovando que a família real britânica proibia a contratação de “imigrantes de cor ou estrangeiros”. Com a rápida repercussão negativa no mundo inteiro, a equipe de comunicação da monarquia emitiu uma declaração em resposta às acusações.

Segundo o The Guardian, em meio a apuração para uma matéria que investiga a influência da rainha Elizabeth II no conteúdo de leis britânicas, foram encontrados documentos nos arquivos nacionais afirmando que a prática de discriminação durou pelo menos até meados dos anos 1960. A publicação explicou ainda que algumas cláusulas estão em vigor até hoje, isentando a família real britânica de ser enquadrada nas leis que punem a discriminação sexual e racial.

Um dos documentos reproduz algumas orientações que teriam sido dadas pelo gerente financeiro principal da rainha, em 1968, informando aos funcionários que “não era, na verdade, a prática de nomear imigrantes negros ou estrangeiros” para postos administrativos. A permissão para trabalharem como empregados domésticos, no entanto, estava autorizada.

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Ainda na década de 1960, os ministros do governo criaram leis que tornariam ilegal a recusa de empregar um indivíduo com base em sua raça ou etnia. Tais projetos só foram promulgados nos anos 1970. A rainha Elizabeth II, porém, permaneceu pessoalmente isenta dessas leis de igualdade por mais de quatro décadas. A isenção tornou impossível para mulheres ou pessoas de minorias étnicas que trabalhassem para a família real de reclamarem nos tribunais se acreditassem que foram discriminadas em algum momento.

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Documentos acusam rainha Elizabeth II de ser isenta de leis que combatem discriminação racial. Foto: Getty

Em um primeiro momento, os representantes do Palácio de Buckingham não responderam aos questionamentos do The Guardian sobre os documentos e as proibições feitas nas contratações dos funcionários reais. Sobre a isenção de Elizabeth II nas leis, eles não contestaram que a monarca realmente havia sido contemplada com tal privilégio, mas acrescentaram que existia um processo separado para ouvir queixas relacionadas à discriminação. A equipe não respondeu quando questionada em que consistia este processo específico.

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Posteriormente, um porta-voz emitiu um comunicado para o site E! News. “As alegações [do The Guardian] baseadas em conversas de segunda mão ocorridas há mais de 50 anos não devem ser usadas para tirar ou inferir conclusões sobre eventos ou operações [em relação] aos tempos modernos. Os princípios do ‘Crown Application e Crown Consent’ [programa de inscrição para cargos reais] são estabelecidos há muito tempo e amplamente conhecidos”, alegou.

Este novo escândalo vem na esteira de uma acusação séria feita por Meghan Markle. Em março deste ano, a duquesa de Sussex e o marido, príncipe Harry, concederam uma entrevista para Oprah Winfrey, na qual ela revelou ter sido vítima de racismo dentro da família real. Meghan disse que o título de príncipe foi negado ao seu filho, Archie, hoje com um ano, por haver preocupações de um membro da família sobre “o quão escura a pele da criança poderia ser quando ele nascesse”.