Dona de um currículo precioso na TV, no teatro e no cinema, Vera Fischer hesita em dizer que seu último longa tenha sido “Xuxa e os Duendes 2 – No Caminho das Fadas”, de 2002. Além de tratar-se de uma participação pequena, a experiência também não foi nada agradável de acordo com a veterana. Em entrevista concedida ao UOL, a atriz conta que até tentou recusar o papel de Rainha Dara, uma espécie de mãe dos duendes.
“Eu estava fazendo a novela ‘Laços de Família’, o diretor era o Rogério Gomes, que também estava dirigindo o filme da Xuxa, e insistiu para que eu fizesse uma participação, disse que seria um ou dois dias apenas e eu estava num sítio perto de onde aconteciam as filmagens. Eu estava super queimada de sol, marrom, e perguntei como poderia fazer uma fada, mas ele disse que tudo bem, insistiu, eu topei e fui“, lembra Fisher.
Ao chegar no set de filmagens, no entanto, a atriz já teria motivos para se arrepender. “A Xuxa nem olhou na minha cara. Tive que usar aquelas orelhas de elfo, peruca e lente branca. Quando me olhei tomei um susto, parecia o monstro das trevas. Fiquei horrorizada com o jeito que a Xuxa tratava os atores, dando ordens o tempo todo, ‘faz isso, faz aquilo’. Eu até perguntei para o Rogério sobre isso, afinal ele era o diretor, mas ele disse que não podia fazer nada porque ela era também a produtora do filme“, expõe.
Uma possível rusga entre as duas estrelas teria raiz em outra produção cinematográfica, o premiado e polêmico drama de 1982, “Amor Estranho Amor”. No longa – estrelado por ambas, junto a nomes fortes como Tarcísio Meira, a apresentadora, ainda com 17 anos, aparecia nua seduzindo um menino de 12 anos. Em 1991, Xuxa inclusive conseguiu na justiça, que a comercialização do filme fosse proibida. Vera define a decisão como “um desrespeito a todos que trabalharam no longa“.
Caso desconsidere-se o filme dos Duendes, Fischer já ultrapassa mais de duas décadas longe do cinema. Sua experiência anterior havia sido em “Navalha na Carne”, de 1997. A atriz é direta sobre o hiato: “O cinema tomou outro rumo e não fui mais convidada, a verdade é essa. Em todas as áreas existem turmas, mas eu sempre fui muito livre e fiquei fora dessas turminhas do cinema. Tive até alguns convites, mas que não acrescentavam em nada“.
A global, no entanto, deve voltar em breve às telonas no papel de Gilda, uma escritora sofrida e controversa, que decide passar suas memórias à limpo em “Quase Alguém”, de Daniel Ghivelder. “Retoma um cinema existencial que pode funcionar aqui, na Suécia, na Alemanha, nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar do mundo“, conclui.