Victor Meyniel revelou novos detalhes do caso de agressão que sofreu no último dia 02, na portaria de um prédio em Copacabana. Em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (10), o ator chorou e rebateu o depoimento dado por Karina de Assis Carvalho, amiga de Yuri de Moura Alexandre, o agressor.
De acordo com as imagens da câmera de vigilância do edifício e da advogada de Meyniel, Maíra Fernandes, ele levou 42 socos durante quase 40 segundos. “Eu tenho 26 anos, não é? Sou jovem. A gente tem que saber onde a gente tá se metendo. Eu nunca imaginaria que isso poderia acontecer comigo, de coração. Agressão não é justificativa. É isso, é sobre civilidade. A gente tem que evoluir”, desabafou o ator, às lágrimas.
Na entrevista, Victor reforçou que não conhecia Yuri e que o viu pela primeira vez em uma boate no Rio de Janeiro. “Nunca tinha o visto na minha vida. Eu achei um cara muito bonito, com um papo legal, falou que era estudante de medicina, me convidou para ir até a casa dele, pra gente beber um vinho”, lembrou. “Chegamos lá, ele abriu um vinho. Sentamos no sofá, tiramos os sapatos, bebemos o vinho, ficamos vendo clipes”, acrescentou.
Segundo o artista, o comportamento do agressor mudou quando a médica Karina de Assis Carvalho, que divide o apartamento com Alexandre, chegou de um plantão, por volta das 7h30. “Ficou um clima completamente desconfortável. Ele ficou frio, completamente frio, distante. Eles começaram a se desentender entre eles, pois a porta estava destrancada e ele tinha aberto um vinho dela. Então eu comecei a me sentir nervoso, acuado, meio esquisito e comecei a quebrar o gelo porque eu sou assim, eu tenho essa personalidade”, explicou.
Uma conversa entre Yuri e Karina, exibida pela reportagem, mostra que o estudante de medicina avisou-a sobre a bebida que teria aberto, afirmando que havia um famoso em sua casa. A médica, então, demonstrou preocupação por se tratar de um vinho mais caro, mas foi tranquilizada por Alexandre. “A gay tem 1 milhão de seguidores”, escreveu ele.
Victor rebate depoimento de Karina
Em declaração à polícia, a médica alegou que o ator teria agido de forma debochada e invadiu sua privacidade diversas vezes, ao entrar em seu quarto sem bater na porta. A moça também afirmou que em uma destas ocasiões, o artista teria visto ela nua. Ao “Fantástico”, Meyniel rebateu as acusações.
“Jamais! Bati na porta, ofereci um prato de comida a ela, conversei com ela. Perguntei do signo dela, brincando”, esclareceu. No depoimento, Karina ainda disse às autoridades que a vítima teria ameaçado seu colega de apartamento. “Eu estava com raiva pela situação que eu passei e eu falei assim: ‘você não tem que agir assim'”, contestou Victor.
Desentendimento
Em certo momento, Yuri deixou o apartamento e foi para a academia. Entretanto, ele recebeu outras mensagens de Karina pedindo para voltar e mandar Victor embora. Segundo o ator, foi neste instante que as agressões começaram. “Quando ele subiu, ele já [estava] numa agressividade bizarra. Me colocou pra fora, me expulsou, me empurrou, eu caí no corredor. E eu comecei a ficar tentando entender na minha cabeça o porquê daquela situação, daquele ato agressivo”, apontou.
“Por ambas as partes, não rolou nenhum tipo de conversa comigo, de que eu estava sendo na visão deles inconveniente. Jamais. Tanto que quando ele me empurra, em vez de só pedir gentilmente e civilizadamente. Eu bato na porta desesperado, começo a chorar, e escuto ela de fundo falar assim: ‘Calma, não é pra tanto, não precisa desse ato, não é pra tanto'”, detalhou Victor.
Estopim
Os dois discutiram por cerca de um minuto, em frente ao elevador, antes de Meyniel descer para o térreo. Neste interim, o ator foi empurrado pelo agressor e bateu com a cabeça no espelho do equipamento. As câmeras do prédio mostram que Yuri vai atrás do artista, em um outro elevador. “Eu ia embora, estava na portaria para isto. Mas ele veio falar comigo. Tem uma hora que a gente está andando pelo hall e ele me empurra. Eu fico mais revoltado ainda pela agressão, mínima que seja”, disse.
O ator informou que o estopim foi quando ele perguntou para o estudante de medicina se era assumido quanto à sua sexualidade. “Eu falo, indignado, completamente frustrado e com raiva, pergunto por que ele tinha feito aquilo, se ele não era assumido”, apontou. Yuri começa a desferir diversos socos e a espancar Meyniel por 37 segundos. “Enquanto ele me batia, falava: ‘Viadinho é você! Eu não sou!'”, relembrou.
O porteiro do prédio, Gilmar José Agostini, ficou apenas assistindo a Victor sendo agredido e não o ajudou. Ele foi indiciado por omissão de socorro. “Não é sobre os porteiros. É sobre prestar socorro, é sobre ser empático, humano. Ele chamou o síndico depois de eu ter ligado para o 190”, afirmou.
Gilmar também prestou depoimento, dizendo que trabalha no prédio desde 1991. Ele destaca que Victor chegou a desmaiar e logo após as agressões, Yuri foi pra academia. Na declaração, o porteiro conta que chamou o síndico após alguns minutos, e afirmou que não gosta de se meter na vida dos outros.
Defesa se pronuncia
Yuri foi indiciado por lesão corporal, injúria por homofobia, além de falsidade ideológica por ter apresentado uma carteira da aeronáutica, como se fosse médico da instituição. Durante a audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. O caso agora segue para o Ministério Público. “A Polícia Civil encerrou as diligências e tudo que foi produzido desde o dia do flagrante foi encaminhado à Justiça. Enviamos ao MP que vai decidir se oferece denúncia pelas mesmas acusações”, declarou o delegado João Valetim Neto.
O advogado do agressor, Lucas Oliveira, se pronunciou sobre o caso, alegando que Yuri não seria homofóbico. “A gente afirma que não há homofobia porque o motivo que esta se falando de homofobia no processo, foi que as agressões teriam sido feitas a partir da revelação da identidade sexual do Yuri. Como essa identidade sexual, ela nunca foi ocultada, ele nunca teve problema que as pessoas soubessem que ele tem a identidade sexual homoafetiva. Isso não seria motivo para que ele viesse a agredir qualquer pessoa que fosse”, argumentou.
“Quanto à lesão corporal, não há dúvidas que ocorreu como vimos no vídeo. No entanto, nós precisamos que o Yuri seja ouvido pra que ele venha a dizer qual foi o motivo especifico”, encerrou a defesa. Assista à íntegra:
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques