A história de Betty Grafstein e José Castelo Branco não chamou a atenção apenas no TikTok, em que se consagram com milhões de visualizações em seus vários vídeos ‘românticos’ e luxuosos. Mas também da jornalista Alice Hines, que após um longo trabalho de investigação, expôs, nesta terça-feira (13) na Vanity Fair, o conturbado relacionamento do casal.
Durante meses, a herdeira de diamantes de 95 anos e a estrela de reality show de gênero fluido foram acompanhadas pela equipe da revista norte-americana, antes mesmo da denúncia de violência doméstica. Betty, uma idosa aristocrata britânica e esposa do português naturalizado por quase 30 anos, acusou José de abuso físico e psicológico.
Os dois se conheceram no início da década de 1990. Em Nova York, onde moravam num apartamento no Upper East Side, José e Betty nunca eram vistos sem seus conjuntos meticulosamente combinados e de grife. Ao longo dos anos, eles dividiram o closet, médicos especialistas em botox e diversos escândalos, como um processo trabalhista movido por uma ex-empregada, uma acusação de furto dentro de uma loja, problemas com a autoridade fiscal portuguesa e até uma fita de sexo, vazada em 2011, na qual Castelo Branco aparecia em uma orgia sem a esposa.
Após uma primeira abordagem, José convidou Hines para um chá na residência norte-americana. Nas semanas que se seguiram, a jornalista acompanhou o casal em diversas ocasiões, nos Estados Unidos e em Portugal. A aproximação se transformou em uma investigação, que revelou violência doméstica, fortuna inexistente e linhagem questionável.
Foi neste período, durante uma viagem ao país europeu em abril, que a joalheira acabou hospitalizada após uma queda. Segundo a revista, Grafstein, com um fêmur fraturado e um pulso machucado, declarou aos médicos que o marido havia a empurrado de forma intencional. O hospital fez uma queixa oficial às autoridades, que prenderam José naquele momento.
A jornalista chegou a estar com Castelo Branco em Lisboa em maio e contou que, em junho, foi Betty quem entrou em contato, a fim de acusar novamente o marido de violência. Após o caso vir à tona, Roger Basile, filho da joalheira, aceitou falar pela primeira vez sobre a relação da mãe com José, e também expôs mais casos de agressão desde o final dos anos 1990.
“Tenho estado calado porque isto acontece há anos“, declarou ele. Em um dos episódios revelados, Basile contou que, depois de receber uma chamada de amigos da mãe, voou para Portugal e a encontrou “toda pisoteada, desde as nádegas até o pescoço“. Betty, por sua vez, afirmou que sofria maus-tratos. À revista, Roger disse que tentou repetidamente ajudar a mãe a sair daquela relação abusiva. “Ela aceitava sempre o José de volta“, lamentou.
Ao longo da reportagem, Hines também narrou outros episódios de tensão entre Castelo Branco e Betty. Um deles aconteceu logo no primeiro encontro com o casal. Durante a conversa, no apartamento de Upper East Side, o português se deu conta de que eles estavam atrasados para uma consulta de cirurgia plástica e saiu, empurrando a cadeira de rodas da esposa pelo meio das ruas de Nova York, segundo a jornalista.
Hines contou que, no consultório, a joalheira disse que “preferia não ser arrastada a este ponto“. “Não é que ela quisesse ficar em casa sem fazer nada – ela gostava de ver pessoas. Mas José exigia demais dela. Por várias vezes, José tentou calçar um par de sapatos Chanel nos pés inchados de Betty. Betty fez uma careta e protestou com ar de dor no rosto. José insistiu“, escreveu.
Sem fortuna e linhagem questionável
A jornalista disse ter presenciados vários momentos “em que a ideia de beleza de José parecia mais do que Betty conseguia suportar“. A investigação da Vanity Fair também abordou a linhagem aristocrata da idosa, que, por muitas vezes, se apresentou com o título de ‘lady’. Ela também teria o título de Dama-Comendadora da Ordem do Império Britânico (DBE).
De acordo com o casal, a avó adotiva dela era dama de companhia da rainha Mary, esposa de George V, e os pais biológicos eram pessoas “de tal forma importantes que Betty manteria os seus nomes em segredo até o túmulo” para “não perturbar a Família Real“. Contudo, o filho de Grafstein garantiu que a “história da Lady Betty Grafstein é uma obra de ficção da autoria de José“.
“Os meus avós [maternos] eram pessoas simples“, contou Basile. Ainda segundo ele, o título de ‘lady’ teria sido atribuído pelo consultor diplomático irlândes Anthony Bailey, e não pela antiga rainha da Inglaterra. Roger negou, igualmente, que a mãe tenha acumulado uma fortuna por conta do negócio de diamantes herdado do terceiro marido, Albert Grafstein.
“A minha mãe não tem um tostão“, assegurou. Além da ajuda da Segurança Social Portuguesa, a idosa se limita a usar apenas as roupas e joias que lhe restam, segundo o filho. “A minha mãe nunca se fez passar por mais do que era. O José espalhou estas histórias e eles tornaram-se celebridades em Portugal. E ela aceitava isso porque gostava da atenção“, concluiu.
Na reportagem, Castelo Branco rebateu as declarações do enteado, o chamou de “transfóbico” e negou as acusações de violência doméstica. Para o tiktoker, que se disse vítima de uma “cabala”, Roger nunca gostou dele e tentou destruir o casamento com Betty durante 28 anos “para o próprio benefício financeiro“.
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