Eles não conhecem a potência do Brasil… Uma crítica ao filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, causou uma onda de polêmica. O crítico Jacques Mandelbaum, do jornal francês “Le Monde”, descreveu o longa como “tradicional” e criticou a atuação de Torres como “monocórdica”. O comentário, no entanto, gerou uma reação negativa nas redes sociais que surpreendeu o veículo.
De acordo com o correspondente do “Le Monde” em São Paulo, Bruno Meyerfeld, o jornal teve que lidar com um número extremamente alto de comentários ofensivos. “Em dois dias, o jornal teve que apagar cerca de 21.600 comentários de conteúdo ofensivo, principalmente no Instagram, em comparação com 700 por dia em tempos normais. Uma ‘invasão’ que a imprensa brasileira amplamente repercutiu”, afirmou. Alguns comentários, no entanto, não tinham relação ao filme, com alguns internautas acusando os franceses de serem “porcos que não tomam banho”, e ainda cravando “pão de queijo é melhor que croissaint”.
A crítica, que coincidiu com as nomeações de Torres para prêmios internacionais, incluindo a vitória no Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar, tocou em um ponto sensível para os admiradores do cinema nacional. “Diante desse entusiasmo oficial, os desapontados e os desconfiados se tornam cautelosos”, acrescentou o correspondente. Ele ainda mencionou um casal que não gostou do filme, mas preferiu não repercutir a opinião. “Não quero colocar a mão nesse vespeiro”, afirmaram.

Além disso, fãs apontaram que a crítica do “Le Monde” poderia ser parte de uma “conspiração” para favorecer outro filme no Oscar, “Emilia Pérez”. “Para eles [os brasileiros], é impossível não gostar deste filme melodramático e de estilo consensual, cuja temática ressoa num Brasil castigado pelo mandato de Jair Bolsonaro”, escreveu Meyerfeld, citando as tensões políticas como um pano de fundo para a paixão pelo filme.
A situação culminou com a publicação de uma carta aberta de um dos filhos de Rubens Paiva, que chamou a atenção para o papel do “Le Monde” na ditadura militar brasileira e como o jornal historicamente apoiou a resistência. “O filme tornou universal o destino de uma família. E nesse sentido, cumpriu uma função muito importante: a de unir o público contra o revisionismo dos saudosistas da ditadura”, conclui Meyerfeld.
Confira algumas reações à crítica francesa:
Tudo que mais prezamos é conselho de mendiga!!! O Jornal francês Le Monde, DETONOU o filme ‘Ainda Estou Aqui’ e chamou Fernanda Torres de “monótona”.
Vale lembra que ‘Emília Pérez’, filme francês, disputa diretamente com o filme brasileiro por prêmios nos festivais.
. pic.twitter.com/NP9r2WmG5P— POINT POP (@Point__Pop) January 14, 2025
Le Monde…
Jornal da França…
País da produção daquela bomba de Emília Perereca que concorre com Ainda Estou Aqui… https://t.co/Rn1mCpyi2d
— reclame aqui (@95sGuy) January 14, 2025
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaquesLê Monde é um jornal francês. O principal concorrente de Ainda Estou Aqui é um filme francês. https://t.co/KlYOCAAe2L
— Mateus Mundim (@MundimMateus) January 14, 2025