[ALERTA: O texto abaixo contém spoilers do filme ‘Barbie’] Após o sucesso de “Barbie“, a diretora Greta Gerwig abriu o jogo sobre a produção e a repercussão do longa. Em entrevista ao The New York Times, divulgada hoje (26), Greta comentou a reação do público, o envolvimento da Mattel nos bastidores e, ainda, o futuro da boneca das telonas.
Nas últimas semanas, relatos de que executivos da Mattel voaram para o set de filmagens, em Londres, para convencer Gerwig a excluir uma das cenas, repercutiram na web. Segundo a cineasta, os detalhes em torno da visita teriam sido exagerados: “Isso sempre soou tão dramático! Eles estavam vindo [visitar o set] de qualquer maneira, então não era como [se eles tivessem dito]: ‘Pare tudo, todos nós temos que ir para Londres!'”.
A cena em questão mostra Sasha (Ariana Greenblatt), uma adolescente do mundo real, chamando as bonecas Barbie de “sexistas” e “fascistas” e destacando o lado negativo do brinquedo. Gerwig apontou que sua própria experiência moldou o roteiro e que, por esse motivo, acreditava que o momento era essencial para a trama.
“Com aquela cena em particular, minha consciência da Barbie como uma coisa no mundo correspondia completamente com meu conhecimento dos argumentos contra a Barbie. Eu não achava que havia uma maneira de fazer [o filme] sem ter argumentos corretos e bem articulados de uma personagem realmente inteligente dados à Barbie contra Barbie. Além disso, eu cresci com uma mãe que era meio contra a Barbie, então foi assim que eu soube de tudo isso. Se você não der voz a isso, então você não está em lugar nenhum”, justificou.
A Mattel, por sua vez, nunca chegou a concordar 100% o diálogo entre Sasha e Barbie. “Não foi como se eu tivesse o selo de aprovação total da [Mattel], tipo, ‘Nós amamos isso!’. Eu tive uma tentativa: ‘Bem, OK. Vejo que você vai fazer isso, então vá em frente e veremos como será’. Mas isso é tudo que você precisa, e eu tive fé uma vez que estava lá e eles viram que iriam abraçar [o diálogo], não combatê-lo. Talvez, no final das contas, minha vontade de tê-lo dentro [do filme] fosse mais forte do que qualquer outra vontade de tirá-lo”, refletiu.
Repercussão
Apesar da popularidade inegável, “Barbie” foi alvo de muitas críticas. Desde o lançamento do filme, criadores de conteúdo de extrema direita têm apontado que a trama seria “anti-homem” e tachado-a como “propaganda feminista extrema”, levando pais e mães nos EUA a queimarem as Barbies dos filhos.
Em reposta aos haters, Gerwig admitiu ter sido pega de surpresa, mas reforçou o desejo de que o público aprenda com a produção. “Não, eu não [esperava isso]. Certamente, há muita paixão. Minha esperança para o filme é que seja um convite para que todos façam parte da festa e deixem de lado as coisas que não estão necessariamente nos servindo como mulheres ou homens. Espero que toda essa paixão, se eles a virem ou se envolverem com ela, possa dar a eles um pouco do alívio que deu a outras pessoas”, destacou.
Futuro nas telonas
Desde a estreia, no última quinta-feira (20), “Barbie” quebrou recordes e se consagrou como o filme de melhor estreia dirigido por uma mulher nos Estados Unidos. Além disso, no primeiro fim de semana em cartaz, o longa – que custou US$ 145 mihões para ser produzido – arrecadou US$ 155 milhões (aproximadamente R$740 milhões) só em território norte-americano, constatou a Variety. No Brasil, foram arrecadados R$76 milhões, confirmou a Folha de S. Paulo.
Mundialmente, o número é ainda mais impressionante: em menos de uma semana, a boneca arrecadou mais de US$380 milhões. Entretanto, o sucesso do projeto não foi o suficiente para convencer Gerwig de trabalhar numa sequência.
Ao The New York Times, ela afirmou: “Neste momento, é tudo o que tenho. Eu me sinto assim no final de cada filme, como se nunca mais fosse ter outra ideia e tudo o que sempre quis fazer, fiz. Eu não gostaria de acabar com o sonho de ninguém, mas para mim, neste momento, estou totalmente zerada”.
Por outro lado, se depender da Mattel, essa será a primeira de muitas aventuras na Barbieland. “A Barbie, como marca, tem muitas iterações diferentes. A linha de produtos da Barbie é uma marca muito ampla. Além da figura principal da Barbie, ela tem família, ela tem muitos elementos em seu universo”, disse o CEO Ynon Kreiz à Variety.
“É um universo muito rico… É uma marca muito ampla e muito elástica, em termos de oportunidades. No início, não estamos dizendo: ‘Ok, vamos pensar nos filmes dois e três’. Vamos acertar o primeiro e fazer disso um sucesso. E se você fizer isso, as oportunidades se abrirão muito rapidamente, uma vez que você estabelece o primeiro filme como uma representação bem-sucedida de uma franquia na tela grande. Filmes de sucesso geram mais filmes. Nossa ambição é criar franquias de filmes”, declarou.
Além da loira, os executivos pretendem explorar outros personagens no intitulado MCU, ou seja, o Mattel Cinematic Universe. O mundo cinematográfico conta com 14 propriedades intelectuais da marca já em desenvolvimento, incluindo: Barney, Hot Wheel, Bola Mágica 8, UNO, Thomas e seus amigos, as bonecas American Girl, entre outros.
Já o live-action da Polly Pocket, anunciado em junho de 2021, também é certo. Como revelado pela Variety, o filme será estrelado por Lily Collins, de “Emily em Paris”, além de ser dirigido e roteirizado por Lena Dunham.