Olivia Hussey e Leonard Whiting eram apenas adolescentes quando estrelaram a clássica versão de “Romeu e Julieta”, dirigida por Franco Zeffirelli, em 1968. O filme foi um sucesso de público e crítica, sendo, inclusive, indicado a quatro Oscars. Contudo, o longa também gerou polêmica por conter uma cena na qual ambos os atores aparecem nus. Por isso, recentemente, os dois resolveram processar o estúdio responsável pela produção.
De acordo com a Variety, Hussey e Whiting, agora com mais de 70 anos, entraram com uma ação no Tribunal Superior de Santa Monica, na Califórnia, na sexta-feira (30), acusando a Paramount de explorá-los sexualmente e distribuir imagens nuas de adolescentes. Na sequência em questão, os adolescentes vivem uma noite de amor – Whiting aparece sem roupa e Hussey fica com os seios à mostra.
O processo alega que Zeffirelli – morto em 2019, aos 96 anos – garantiu aos dois que não haveria nudez no filme e que eles usariam roupas íntimas da cor da pele durante a gravação. Contudo, nos últimos dias de filmagem, o diretor supostamente implorou que eles ficassem nus “ou o filme falharia”. Hussey tinha 15 anos na época e Whiting tinha 16. Segundo a denúncia, o cineasta mostrou a eles onde a câmera seria posicionada e garantiu que nenhuma nudez seria fotografada ou divulgada no corte final. Para os artistas, ele foi desonesto, já que ambos foram de fato filmados nus sem seu conhecimento.
“O que eles ouviram e o que aconteceu foram duas coisas diferentes”, disse Tony Marinozzi, gerente de negócios dos atores. “Eles confiavam em Franco. Aos 16, como atores, eles assumiram que ele não violaria a confiança que eles tinham. Franco era amigo deles e, honestamente, aos 16 anos, o que eles fazem? Não há opções. Não houve #MeToo”, esclareceu o empresário.
A denúncia afirma que Hussey e Whiting sofreram angústia mental e sofrimento emocional ao longo dos 55 anos desde o lançamento do filme, além de perderem oportunidades de emprego. Apesar de suas atuações de destaque, nenhum deles manteve uma carreira de sucesso depois de “Romeu e Julieta”. Eles estão buscando uma indenização “que se acredita ser superior a US$ 500 milhões” – cerca de R$2,8 bilhões, na cotação atual do dólar – para igualar a quantia de dinheiro que o clássico arrecadou desde sua estreia.
“Imagens nuas de menores são ilegais e não devem ser exibidas”, disse o advogado dos atores, Solomon Gresen, em entrevista. “Estas eram crianças muito jovens e ingênuas nos anos 60, que não entendiam o que estava prestes a atingi-las. De repente, eles ficaram famosos em um nível que nunca esperaram e, além disso, foram violados de uma forma que não sabiam como lidar”, acrescentou.
O processo baseia-se em parte em uma lei da Califórnia que suspendeu temporariamente o estatuto de limitações para reivindicações mais antigas de abuso sexual infantil. Com isso, os tribunais viram um fluxo de reclamações aumentar até o prazo final do decreto, em 31 de dezembro.
Apesar da reclamação, a revista pontua que Hussey defendeu a cena de nudez em uma entrevista de 2018. “Ninguém da minha idade tinha feito isso antes”, disse ela, acrescentando que Zeffirelli filmou a sequência com bons olhos: “Era necessário para o filme”.
Em outra declaração no mesmo ano, a atriz disse que a cena era “tabu” nos Estados Unidos, mas que a nudez já era comum nos filmes europeus da época. “Não foi grande coisa”, disse ela para a Fox News. “E Leonard não era nada tímido! No meio da filmagem, esqueci completamente que não estava de roupa”, concluiu.
O portal informou que a Paramount não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
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