Coloquem os cintos e se preparem para acompanhar uma viagem intensa de quatro jornalistas em meio a uma guerra civil nos Estados Unidos. Dirigido por Alex Garland, “Guerra Civil” chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (17). A equipe do hugogloss.com conversou com os astros do filme, Wagner Moura e Cailee Spaeny, que revelaram detalhes dos bastidores da produção e ainda falaram sobre a importância de fazer um longa sobre jornalismo no atual cenário político mundial.
Para Cailee, o longa é uma verdadeira carta de amor a esses profissionais. “O jornalismo é algo muito vital para a democracia. Acho que foi uma perspectiva importante de se mostrar. E é algo que todos nós precisamos ver. Eu não gostaria de saber como é um mundo sem jornalistas. Foi uma alegria para mim aprender sobre suas vidas, e o que eles fazem, quais sacrifícios eles fazem por nós. Eu espero que as pessoas sintam o mesmo quando virem este filme”, disse ela.
Na produção, a atriz dá vida a Jesse, uma jovem aspirante a ser fotojornalista de guerra que decide embarcar no desafio de ir até Washington junto com Lee (Kirsten Dunst), Joe (Wagner Moura) e Sammy (Stephen Henderson), grandes nomes do jornalismo, em busca de uma entrevista com o presidente do país. De acordo com a estrela, o papel foi tão especial que ela, inclusive, desenvolveu uma paixão pela fotografia e o resultado pode ser visto no próprio filme.
“Comecei a aprender a como usar as câmeras analógicas, fui para o laboratório e aprendi a revelar meu próprio filme. Então, todas as vezes que você vê Jesse tirando uma foto, eu realmente estou tirando a foto”, contou ela. “Foi algo divertido para me aprofundar. Agora tenho as minhas próprias câmeras e lentes e eu realmente as uso. Então isso foi… Foi um verdadeiro deleite”, acrescentou.
Cailee também revelou que trabalhar com Wagner e Kirsten foi um grande aprendizado. “Eu era tipo uma esponja, meio que absorvendo todos esses talentos incríveis. Um pouco semelhante à forma como Jessie tenta acompanhar todos esses profissionais. Acho que eu, como Cailee, estava fazendo isso. Eu também estava tentando fazer a mesma coisa. Ele é único. Ele é um ser humano muito especial”, afirmou.
Falando no astro brasileiro, Moura explicou o que faz o filme ser tão único. “Quando eu li, eu me identifiquei muito. Eu nunca tinha lido uma coisa tão… Essa palavra… Sabe o Zeitgeist? Esse espírito do tempo, está falando de algo que está palpável. Ele conseguiu captar essa ansiedade política que todo mundo, todos nós vivemos em um país que é tão polarizado politicamente. Então, eu que gosto de cinema político, gosto de me meter em uma carreira que…Dirigi um filme super político, fiz outros tantos… Eu quis muito contar essa história”, disse ele.
Apesar disso, ele frisa que o longa não tem uma agenda ideológica. “Eu tenho uma posição política muito forte e esse filme não tem. Esse é um filme político, é um filme bem político, mas é um filme que não tem uma agenda ideológica. E é importante, porque é um filme que está dizendo assim: ‘A polarização é o maior inimigo da democracia hoje’. Então ele não poderia tomar um lado como o Marighella tomou”, analisou.
“E depois desse filme, eu tive muito claro que está na hora de, todos nós, a gente começar a criar mais pontes. E ouvir, escutar mais. Eu não consigo sentar para conversar com um nazista. Não vou conseguir fazer isso nunca. Mas se uma pessoa pensa que o Estado deve gerir a coisa pública de uma forma diferente da que eu penso, por que é que a gente não pode conversar?”, questionou ele.
Wagner ainda desabafou sobre uma cena muito difícil de fazer — que, inclusive, levou dois dias para ser gravada — por ser um retrato da xenofobia sofrida por imigrantes. “Eu tinha lido a cena, claro, e achado a cena muito forte. E aquela cena, todo filme tem uma cena que você fica assim… ‘Tá faltando uma semana para aquela cena chegar’. Eu ficava sempre pensando nisso. Mas eu não achei que eu fosse ficar tão mexido quanto eu fiquei. Quando eu filmei. Porque eu sou um imigrante, eu moro lá. Tenho vivido lá, nos Estados Unidos. E faço parte de uma comunidade enorme de imigrantes. Se existe um país no mundo que é construído a partir da imigração, são os Estados Unidos”, falou.
“Mas nesse momento de polarização, esse sentimento de xenofobia, de anti-imigração, de racismo mesmo, eles vêm com muita força. Eu nunca vivi uma situação dessa. Eu não sei como eu reagiria se alguém chegasse e… Eu falo com sotaque e tudo. Se alguém chegasse pra mim e dissesse: “O que você tá fazendo aqui? Vá embora. Volte para o seu país. Uma coisa horrorosa dessa…E o Jesse Plemons faz aquilo com tanta…Foi muito difícil para mim. Mexeu comigo num lugar profundo. De imigrante. É difícil”, adicionou.
Como a vida imita a arte, assim como Joe, a nossa equipe também teve a tarefa de pegar uma aspa bem especial do ator, de seu papel icônico como Olavo, em “Paraíso Tropical”, e a missão foi cumprida com sucesso! Wagner repetiu uma fala muito conhecida dos fãs da novela. Vem conferir e assistir à entrevista completa:
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques