Napoleão era ruim de cama? Entenda a história por trás das cenas de sexo estranhas do longa de Ridley Scott

Em conversa com o Irish Independent, Vanessa Kirby comentou a estranheza das cenas de sexo e como ela e Joaquin Phoenix escolheram interpretar a conexão conturbada do casal

“Napoleão”, estrelado por Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby, tem dado o que falar na web desde sua estreia nos cinemas. Além de abordar a ascensão e a derrocada do Imperador francês Napoleão Bonaporte, o longa também causou estranheza ao explorar a vida sexual da figura histórica com a imperatriz Joséphine.

O relacionamento dos dois era intrigante para a época, especialmente devido à diferença de idade de ambos. Quando se casaram, Joséphine – seis anos mais velha que Bonaparte – já era viúva e mãe de dois filhos. Na vida real, a paixão de Bonaparte por Joséphine foi marcada também por casos extraconjugais, a falta de herdeiros e o divórcio, mas a produção de Ridley Scott despertou dúvidas sobre o traquejo do Imperador entre quatro paredes.

Para além do sucesso de Bonaparte na carreira militar e seu gigantesco ego, Scott optou por trazer cenas de sexo não-convencionais, que retratam de forma gráfica o quão desapontada a Imperatriz era com a performance do marido na cama e o quão facilmente ela conseguia desarmar o francês. Nas sequências, o sexo dos dois se mostra mecânico, desajeitado e sem paixão. Joséphine, inclusive, chega a arrumar um amante, com quem a cena íntima se diferencia pela sensualidade.

Relação “estranha” do casal chamou a atenção dos espectadores. (Foto: Reprodução/Sony Pictures)

De acordo com Michael Broers – um dos principais especialistas em Napoleão da Universidade de Oxford e o responsável por auxiliar na produção do roteiro do épico de Scott – mesmo que alguns detalhes sejam exagerados, há certa veracidade na retratação da incompetência de Bonaparte na hora do sexo.

“Sabemos que ele era bastante inexperiente sexualmente quando conheceu Josefina, porque ele contou às pessoas e isso está em suas memórias. Ele estava inseguro com Josefina, mas não com qualquer outra coisa que eu possa imaginar”, afirmou Broers, em entrevista ao site Time Out.

Joaquin Phoenix como Napoleão Bonaparte e Vanessa Kirby como Joséphine. (Foto: Reprodução/Sony Pictures)

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A ideia de falta de habilidade de Napoleão auxiliou tanto o diretor, quanto Kirby e Phoenix, a criarem momentos íntimos que realçaram não só a intensidade da paixão do Imperador por Joséphine, como também as singularidades do casamento. Uma das cenas mais comentadas do longa é o momento em que o casal discute as “escapadas” da Imperatriz, enquanto a mesma provoca o marido mostrando suas partes íntimas.

Em uma entrevista ao Irish Independent, Kirby ressaltou que o humor nessas cenas foi intencional, pois ela e Phoenix acreditam que Bonaparte e Joséphine tinham um relacionamento “não convencional” e “estranho”. “Sim, acho que queríamos que eles fossem engraçados. Joaquin e eu estávamos dizendo desde o início: ‘Olha, isso não será convencional, é um relacionamento muito incomum e estranho, e por isso não queríamos que fosse o típico drama de época, ou qualquer coisa que refletisse o período histórico’. Porque não parecia assim”, confessou a estrela de “The Crown”. De fato, as cenas de sexo chegam a ser engraçadas.

Assim como os espectadores, os atores se divertiram com o resultado do “romance”. “Eu lembro que, a cada vez que íamos gravar, interpretamos de uma forma diferente e, em muitas dessas vezes, Joaquin e eu ríamos entre um take e outro”, detalhou a atriz.

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Críticas

As escolhas de Scott para retratar o casal e a ascensão de Napoleão não renderam somente risadas. O longa também foi alvo de críticas de historiadores e pesquisadores, que apontaram incorreções históricas do roteiro. Ridley Scott, por sua vez, não só respondeu os comentários, como apontou que eles “não têm fundamento”.

“Eu fiz muitos filmes históricos. Eu me vejo lendo um relatório do relatório de outra pessoa 100 anos após o evento. Então, eu me pergunto: ‘Quanto eles romantizam e explicam em detalhes? Quão preciso é isso?’. Sempre me diverte quando um crítico me diz: ‘Isso não aconteceu em Jerusalém.’ Eu digo: ‘Você estava lá? Essa é a p*rra da resposta'”, disse ao The New Yorker.

Estranheza das cenas de sexo foi proposital, afirmou Kirby. (Foto: Reprodução/Sony Pictures)
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