Vixe! Apesar do sucesso, uma cena do filme “Oppenheimer” gerou controvérsia na Índia e foi descrita como um “ataque contundente ao Hinduísmo”. Em carta aberta ao diretor Christopher Nolan, publicada nas redes sociais, um membro do partido nacionalista solicitou que a cena seja removida da produção. Ele ainda alertou que, caso o cineasta ignore o pedido, será interpretado como “um ataque deliberado à civilização indiana”.
Na cena em questão, J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), lê para a amante Jean Tatlock (Florence Pugh), uma frase do livro religioso hindu “Bhagavad Gita”, durante uma relação sexual. A frase atribuída ao Deus Krishna foi usada pelo físico na vida real, após a explosão da primeira bomba atômica. “Eu me tornei a morte, destruidora de mundos”, traduz o personagem, enquanto ele e a amante estão nus na cama.
Publicada no final de semana, a carta assinada por Uday Mahurkar, comissário de informações da Índia, lamenta e critica o uso do livro sagrado. “De acordo com relatos da mídia social, uma cena no filme mostra uma mulher fazendo um homem ler o ‘Bhagavad Gita’ em voz alta enquanto faz sexo. Ela está segurando o livro em uma das mãos, e a outra parece estar ajustando a posição de seus órgãos reprodutivos”, descreveu.
Uday ainda questionou a necessidade da cena na produção cinematográfica. “Não sabemos a motivação e a lógica por trás dessa cena desnecessária na vida de um cientista. Mas este é um ataque direto às crenças religiosas de um bilhão de hindus tolerantes e equivale a travar uma guerra contra a comunidade hindu, além de quase parece ser parte de uma conspiração maior das forças anti-hindus”, prosseguiu.
No relato, ele afirmou que Nolan cruzou uma “linha vermelha” e acusou o cineasta de “islamofobia”. “Estamos vivendo em um mundo muito polarizado. As agências, a mídia, a política e até a indústria cinematográfica de Hollywood são muito sensíveis ao Alcorão e o Islã, que não são retratados de nenhuma maneira que possa ofender o sistema de valores de um muçulmano comum, mesmo que você faça algo baseado no terrorismo islâmico. Existe um termo que se tornou popular para aqueles que tentam cruzar essa linha vermelha – islamofobia”, explicou.
O comissário, que fundou o grupo nacionalista “Save Culture Save India Foundation”, reiterou a admiração dos indianos pelo diretor e pediu que a cena seja excluída do filme em todo o mundo. “Você tem grande admiração na Índia por sua arte cinematográfica. Acreditamos que se remover esta cena e fizer o necessário para conquistar os corações dos hindus, será um longo caminho para estabelecer suas credenciais como um ser humano sensibilizado e presenteá-lo com a amizade de bilhões de pessoas”, afirmou.
“Pedimos, em nome desse povo e da tradição atemporal de vidas sendo transformadas pelo reverenciado Gita, que façam tudo o que for necessário para manter a dignidade de seu livro e remover esta cena de seu filme em todo o mundo. Se você optar por ignorar este apelo, isso será considerado um ataque deliberado à civilização indiana”, concluiu. Até o momento, a publicação teve quase 5 mil compartilhamentos, além de 12 mil curtidas. Leia a íntegra:
. @OppenheimerATOM
To,
Mr Christopher Nolan
Director , Oppenheimer filmDate : July 22, 2023
Reg: Film Oppenheimer’s disturbing attack on Hinduism
Dear Mr Christopher Nolan,
Namaste from Save Culture Save India Foundation.
It has come to our notice that the movie…
— Uday Mahurkar (@UdayMahurkar) July 22, 2023
Segundo a Variety, o ministro da informação e transmissão, Anurag Thakur, também pediu que a cena fosse totalmente deletada. Ainda de acordo com a revista, alguns países, incluindo a Índia, estão exibindo uma cópia censurada do filme para esconder a nudez de Florence Pugh com um “vestido preto de CGI”. Nem Nolan ou a Universal se manifestaram sobre o assunto.
A Warner Bros Discovery, que lançou o filme na Índia, informou que a obra de Christopher Nolan arrecadou cerca de 600 milhões de rúpias (R$ 34,8 milhões na cotação atual) desde a estreia, e se estabeleceu como a maior bilheteria do ano de um filme de Hollywood no país.
Antes do lançamento, o diretor explicou que as cenas de sexo no longa são parte crucial da trama. “Sempre que você se desafiar a trabalhar em áreas nas quais nunca trabalhou antes, você deve estar adequadamente nervoso, cuidadoso, planejado e preparado. Quando você olha para a vida de Oppenheimer e olha para sua história, aquele aspecto de sua vida, o aspecto de sua sexualidade, seu jeito com as mulheres, o charme que ele exalava, é uma parte essencial”, disse, em entrevista ao Insider.
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