Na última sexta-feira (25), a animação “Soul” finalmente estreou na plataforma de streaming Disney Plus, e conquistou o público com uma história emocionante, que arrancou lágrimas de muita gente. Em entrevista ao Entertainment Tonight ontem (28), a produtora do longa, Dana Murray, e os diretores, Kemp Powers e Pete Docter, revelaram que o desfecho poderia ter sido outro.
[Alerta Spoiler! Este post contém spoilers sobre a história do filme “Soul”, caso não tenha assistido ainda, sugerimos que encerre a leitura por aqui]
A trama gira em torno de Joe Gardner (Jamie Foxx), um pianista que está frustrado com os rumos que sua vida tomou por ter se tornado professor de música para crianças. Quando ele pensa que alcançou a chance de ouro para se tornar um grande artista do jazz, ele morre acidentalmente. No “grande além”, enquanto tenta voltar para o seu corpo de todas as formas, ele conhece 22 (Tina Fey), uma alma que não quer encarnar de forma alguma. Após enfrentarem muitos obstáculos e confusões, os dois ganham seus finais felizes. Ele com uma segunda chance na Terra, e 22 nascendo pela primeira vez.
Com tantas questões existenciais profundas, a equipe de produção teve a difícil missão em decidir qual seria o melhor desfecho para as personagens. E aparentemente, poderia ter feito a gente chorar ainda mais… “Nós fomos e voltamos no final até a última exibição. Por muito tempo, Joe terminava no ‘grande além’. Houve muito debate, mas acho que quanto mais o víamos viver sua vida, e apenas de pensar em sua mãe, Libba, e todos esses fatores diferentes, parecia o final certo que ele precisava ser capaz de curtir a vida dele da maneira que queria, porque havia aprendido muito ao longo do filme”, explicou Dana.
“Tínhamos versões do final em que Joe não volta para seu corpo, onde na verdade permanece morto. Temos versões do final em que você vê Joe na Terra um ano depois. Cara, aquele final gerou mais debate do que qualquer outro elemento do filme”, completou Pete.
O diretor explicou que a ideia de mantê-lo no “grande além” era a mais lógica e quase foi a escolhida para entrar no longa, uma vez que eles entendiam que a segunda chance para Joe era quase uma trapaça. “Na época, eu estava pensando: ‘O ato mais altruísta que você poderia fazer é passar adiante — eu tive a chance. Já aproveitei a vida. Agora, você deve ter essa chance, 22, que não se atreveu a descer’. Isso parecia poético e bom, mas no final das contas, no filme, cada cena era Joe dizendo: ‘Espere um segundo, eu não vivi isso da maneira certa antes’. Portanto, no final não parecia certo dizer ‘Tudo bem, pode ir!'”, lembrou.
Kemp Powers contou que amenizaria a “bad vibe” da decisão de manter Joe no “grande além” com uma sequência mostrando ele como mentor das almas que iriam encarnar na Terra. “Ele ficou e acabou sendo, tipo, o melhor mentor de todos os tempos, e ele apresentou muitas ideias novas. Ele meio que revolucionou isso. Foi muito fofo e engraçado e irritou algumas pessoas, mas você aprende tentando. Não funcionou, mas foi uma exploração divertida”, recordou.
Outra opção que foi explorada seria mostrar a chegada do pianista no final daquela escada para uma outra dimensão, mas Pete Docter ficou receoso do resultado sobre algo tão delicado. “Percebemos que provavelmente estávamos brincando com fogo, embora fosse muito esotérico. Não acho que tenha sido muito explícito em termos de ‘Assim é a vida após a morte!’ Era mais abstrato. Mesmo assim, decidimos: ‘É provavelmente perigoso’. E, em última análise, não era o certo para o filme, o mais importante”.
E por que não tivemos nenhuma cena de 22 devidamente encarnada no corpo que era para ser seu? “Embarcamos em uma cena que mostrava apenas um momento dela e onde ela estava em sua vida. E então, no final das contas, isso não pareceu tão emocional no desfecho, também”, argumentou Dana. Foi mais ou menos a mesma tentativa e resultado que impediu a produção de uma cena com Joe encontrando 22 na Terra.
“O que eu estava pensando era que Joe é professor e ouve uma batida na porta e há um garoto que diz: ‘Eu realmente não gosto de piano’. A mãe fica tipo, ‘Vamos lá, o Sr. Garner vai te ensinar’, e ele faz essas coisas que Joe fica, ‘Espere um segundo. Eu sei quem é …’ E ainda assim, de alguma forma, não era satisfatório”, falou Pete. “Nós conversamos sobre tantas ideias diferentes, mas foi estranho que ela acabasse em Nova York. Tipo, existe o mundo inteiro e os dois acabarem lá. Então, acho que tivemos uma versão de que ela estava na Índia e você a vê em um momento como um bebê e você poderia dizer que é ela”, completou Dana Murray.